Ao longo de 50 anos, o Sesc Interlagos se tornou, para muitas pessoas, sinônimo de quintal de casa, refúgio, rito de passagem, encontro semanal, primeiras memórias. E essa condição não está no passado, ela persiste.

Desde sua concepção, anterior mesmo a inauguração em 1975 às margens da Represa Billings, seu projeto arquitetônico e programático já semeavam um
compromisso vital: oferecer ao trabalhador e à comunidade descanso, movimento, contato com a natureza, alimentação saudável, lazer, socioeducação, esporte, cultura e um espaço para a família. Isso também persiste. Esta constância não se cristaliza apenas nas estruturas físicas ou na grade de programação. Ela se reconfigura na forma como as pessoas ocupam, habitam e dão sentido ao espaço.

Esta instalação não percorre os 50 anos do Sesc Interlagos em linha reta. Ela se apresenta em espirais: camadas de uso, afeto e permanência que moldam a
relação entre espaço e gente. Gira entre o ontem e o agora, entre lembranças e presenças, entre o que já foi e o que ainda pode ser, abrindo brechas para imaginar os amanhãs.

Buscamos os rastros presentes nos gestos e vínculos que transformaram o Sesc Interlagos em um espaço de memórias compartilhadas por milhares de
existências, sobretudo no território da zona sul de São Paulo. Esses rastros moldam a identidade própria da unidade.

A curadoria fundamenta-se em ampla pesquisa que inclui: relatos, acervo iconográfico e escuta de frequentadores, funcionários e artistas participantes dessa história.

A proposta coloca em diálogo 10 vídeos-depoimentos e a extroversão dos acervos fotográficos e gráficos do Sesc Memórias e do Acervo em vídeo do Centro de Produção Audiovisual. Integra ainda a cabine de coleta de depoimentos do Museu da Pessoa como dispositivo de participação coletiva, compondo uma narrativa que valoriza a presença, a memória e fabulações para o futuro.