
Além de registro documental, fotógrafo João Farkas reforça em novo livro um chamado à preservação do planeta
POR MARIA JÚLIA LLEDÓ
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“Nós, fotógrafos, lidamos com coisas que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, não há nenhum esforço sobre a Terra que possa fazê-las voltar”, escreveu Henri Cartier-Bresson (1908-2004). A frase do fotógrafo francês foi escolhida por João Farkas como epígrafe de seu novo livro, Costa norte, recém-lançado pelas Edições Sesc São Paulo, e explica uma preocupação que acompanha o fotógrafo brasileiro em mais de quatro décadas de trajetória: a relação entre humanidade e natureza.
Com mais de 40 exposições internacionais e obras no acervo de instituições como Museu de Arte de São Paulo (MASP), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e International Center of Photography, na cidade de Nova York (Estados Unidos), João Farkas é referência em fotografia documental e ambiental. Autor de diversos livros, após terminar e publicar Pantanal (Edições Sesc São Paulo, 2020), ele se debruçou sobre os mapas do litoral norte do país. Em 2021, deu início a expedições entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, uma faixa que se estende por mais de dois mil quilômetros. Em três anos, o fotógrafo documentou a riqueza de uma biodiversidade ainda pouco conhecida pelos próprios brasileiros, ameaçada por um processo acelerado e desordenado de ocupação.
Por terra, mar e sobrevoo, ele registrou um território único, incluindo o delta do rio Parnaíba, a foz do rio Amazonas, a ilha de Marajó, as Reentrâncias Maranhenses e os litorais cearense e potiguar. Um cenário de rios, praias, dunas e manguezais habitados de maneira esparsa por pescadores, comunidades ribeirinhas e povos indígenas. Um local onde avança a especulação imobiliária, com empreendimentos faraônicos à beira mar e dunas cercadas.
Ao todo, o fotógrafo registrou o litoral norte do país, que se estende por cerca de 2.200 quilômetros, onde retratou Belém e a região da foz do rio Amazonas, visitou ribeirinhos, praias e dunas, mostrou a produção do açaí, a pesca artesanal, comunidades e paisagens em páginas costuradas por descrições das expedições. A obra reúne imagens selecionadas entre mais de 20 mil fotografias, resultado de sete expedições realizadas durante três anos (2021-2023). Além das imagens, a publicação conta com textos de João Farkas, posfácio do jornalista Fernando Gabeira e artigos da pesquisadora Valdete Cecato sobre as características históricas da região e sua biodiversidade.
“Imaginei que meu trabalho poderia ser útil àqueles que, nos próximos séculos, se debruçarem sobre o estudo do passado ambiental. Não podia imaginar que o registro dessa região ganharia interesse imediato tão rapidamente. De Curimã (CE) ao arquipélago do Bailique (AP), todos os dias o cenário natural é modificado irremediavelmente. Os efeitos do Antropoceno são avassaladores. Esperamos que não sejam trágicos para a espécie humana”, conclui o fotógrafo.
Edições Sesc São Paulo
Costa norte
João Farkas
2025, 192 páginas.
sescsp.org.br/editorial/costa-norte










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