Vinil para ouvir e celebrar 

30/09/2025

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Conheça espaços na região central da capital paulista onde os discos convidam curiosos e colecionadores para apreciar lançamentos e raridades 

POR ADRIANA TERRA

Leia a edição de OUTUBRO/25 da Revista E na íntegra

O zum-zum-zum nas galerias do Centro de São Paulo é de gente atrás de discos de vinil. Inventado nos anos 1940 e vivendo seu auge de popularidade entre 1950 e 1990, o vinil segue como um objeto de interesse em pleno 2025, atraindo um público diverso em busca de raridades e lançamentos. Desde os anos 1970, essa região da cidade concentra o “ouro” que faz brilhar os olhos de quem ama música. 

Embora nunca tenha saído de circulação entre colecionadores e DJs, o disco de vinil consolidou seu lugar nos últimos anos em harmonia com o mercado digital, com novas lojas, feiras, bares de audição e fábricas. Sem contar o número de músicos lançando novidades no formato LP – segundo relatório produzido pela associação Pró-Música, o mercado nacional registrou um aumento de 45,6% nas vendas de vinis em 2024.  

Na capital paulista, são muitos os lugares em que o “bolachão” toca sua história. Além da comercialização, muitas lojas também recebem DJs aos finais de semana. Neste Almanaque, conheça espaços dedicados à cultura do vinil para ouvir e celebrar o lado B e o lado A. 

Selo Sesc  
A retomada do interesse pelo vinil também impulsionou o Sesc São Paulo a investir nesse formato. Focando no valor cultural dos projetos, já foram quatro os lançamentos desde então: o LP duplo Donato Elétrico, de João Donato, o LP triplo Relicário: João Gilberto (ao vivo no Sesc 1998), além dos LPs Língua Brasileira, de Tom Zé, e Nana Tom Vinicius, de Nana Caymmi. O Selo Sesc tem acompanhado a mudança de espectro no consumo de música em formato físico pelo público e considera que esses produtos abrem espaço para uma experiência mais tangível do que o streaming. As pessoas podem manuseá-los, ler o encarte, contemplar a arte gráfica, e no caso do LP, virar o disco para seguir ouvindo no rito que o momento de comunhão com a música merece. 

Selo Sesc. Mais informações em  sescsp.org.br/selosesc 

Desde 2016, o Selo Sesc já lançou quatro projetos em vinil. Entre eles, o LP triplo Relicário: João Gilberto (ao vivo no Sesc 1998), em 2023 (foto: Matheus José Maria).

Galeria do Rock  
Construída em 1962, e originalmente chamada de Shopping Center Grandes Galerias, a Galeria do Rock chegou a abrigar 84 lojas de discos nos anos 1980, quando era conhecida como Galeria 24 de Maio. Atualmente, ela tem cerca de 15 lojas e a mais antiga é a Baratos Afins, que aportou por ali em 1978. Luiz Calanca, seu fundador, conta que o cenário era bem diferente na época, com muitas lojas vazias, aluguel barato e outros serviços no local – de mágico a alfaiate. Poucos anos depois, a venda de vinil dominou. “Toda a adjacência aqui era de lojas – sem contar as Casas Bahia, Mesbla, Casas Manon – que vendiam discos”, recorda. Ao lado da Barato, está a London Calling, loja que antes funcionava na Galeria Presidente, na mesma rua. Hoje, embora a concentração de vinil na Galeria do Rock seja bem menor, a busca por discos se mantém e se renova, com clientes que há seis décadas frequentam o espaço e jovens curiosos atrás de discos.  

Galeria do Rock. Entrada pela rua 24 de Maio, 62, e avenida São João, 439, República. São Paulo – SP. 

Inaugurada em 1962, a Galeria do Rock se consolidou no bairro da República como um dos destinos favoritos de quem busca por vinis em São Paulo (foto: Nilton Fukuda).

Discoteca Oneyda Alvarenga  
A Discoteca Pública Municipal de São Paulo foi criada em 1935 pelo escritor e musicólogo Mário de Andrade (1893-1945), quando chefiava o Departamento de Cultura e Recreação da cidade. Esse é o maior acervo público de música do país, com 50 mil discos em 78 rpm (formato mais antigo, feito de goma-laca), 26 mil em 33 rpm (o vinil atual), livros, partituras e hemeroteca. Leva hoje o nome da musicóloga que a conduziu por mais de três décadas, Oneyda Alvarenga (1911-1984). “A discoteca começa embaixo do Theatro Municipal de São Paulo, vai para a avenida Brigadeiro Luís Antônio, depois Lapa e, em 1982, vem para o Centro Cultural São Paulo (CCSP). Oneyda foi aluna de Mário de Andrade e a vida dela todinha é na Discoteca”, conta Aloysio Nogueira, cuja trajetória profissional também está muito atrelada ao local, onde trabalha há mais de quarenta anos. Por ali, há vinis que podem ser manuseados nos toca-discos, outros colocados por técnicos – os de 78 rpm devem ter audição agendada. Ainda há, no acervo, versões digitalizadas que mantêm a sonoridade original.  

Discoteca Oneyda Alvarenga, Centro Cultural São Paulo (CCSP). Rua Vergueiro, 1000, Liberdade. São Paulo – SP. 

A Discoteca Pública Municipal de São Paulo leva o nome da musicóloga Oneyda Alvarenga  (foto: Nilton Fukuda).

Galeria Metrópole  
Quando começaram a comprar discos nos anos 1990, os DJs Marcio S e Mimi esbarraram no Centro da cidade com artistas que viam nos clubes. “Era o momento de criar um nível de abordagem com o cara que você viu tocar no fim de semana”, relembra DJ Marcio S. Essa frequência não mudou tanto graças à paixão de outros aficionados pelo LP. Neste ano, a dupla de DJs e o também DJ e colecionador Marcio Martinez criaram a loja Collectivinyl, no térreo da Galeria Metrópole. O espaço reúne os selos de cada um: Acerola Discos, Oca Records e Show Me Your Case. A junção não é só de acervos, mas também da bagagem de vida que trazem, seja do trabalho em outros locais (como a Patuá Discos), ou tocando e pesquisando. Aos sábados, a Collectivinyl costuma receber convidados. Inaugurada em 1960, a Galeria Metrópole também recebe, sazonalmente, a Feira de Discos de Vinil & CDs, organizada pela loja Locomotiva.  

Galeria Metrópole. Avenida São Luís, 187, República. São Paulo – SP. 

Na República, a Galeria Metrópole dispõe de loja e uma feira sazonal dedicada ao vinil (foto: Nilton Fukuda).

Galeria Nova Barão  
Inaugurada em 1964, a galeria é um dos principais lugares do vinil hoje em São Paulo, com mais de 30 lojas. A mais antiga é a Disco Sete, desde 2001. Na sequência, veio a Lado C  Discos. “Antes tinha muito cabeleireiro, depois as lojas de discos foram entrando. Atuo no ramo há 40 anos: comecei com vinil, aí veio o CD, LD, blu-ray. Trabalhei em todos esses segmentos e agora estou de novo no vinil”, conta o DJ Maurício Rocha, vendedor da Lado C Discos. Para Eduardo Brechó, fundador da Petróleo Music, aberta em 2023, essa concentração forma uma comunidade solidária. A Petróleo costuma fazer pequenos eventos com DJs, inspiração que veio da loja do produtor de house Joe Claussell, que conheceu quando trabalhou na Human Head Records, na cidade de Nova York (Estados Unidos). “Eu queria um espaço onde você pudesse dançar, e onde pudesse ficar bastante gente”, conta.  

Galeria Nova Barão. Entrada pelas ruas Barão de Itapetininga, 37 e Sete de Abril, 154, República. São Paulo – SP. 

O vendedor DJ Maurício Rocha, da Lado C Discos, uma das lojas mais antigas da Galeria Nova Barão (foto: Nilton Fukuda)

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