
A partir do dia 27 de novembro, o Sesc Campinas recebe O Mundo Através da IA / Le Monde selon l’IA, exposição inédita no Brasil que investiga as relações entre inteligência artificial e criação artística contemporânea. Vinda diretamente do centro de arte Jeu de Paume, em Paris, e com curadoria de Antonio Somaini, a mostra integra a Temporada França-Brasil 2025 e convida o público a refletir criticamente sobre os impactos sociais, éticos e ambientais da IA em nossa cultura visual.
Ao todo, 29 artistas, representando 15 países, apresentam mais de 40 obras compostas por técnicas variadas como instalações multimídia e mista, vídeos, impressão em papel, acrílico, digital e 3D, além de projeções, suscitando reflexões sobre como sentimos o mundo através da IA e de que forma ela tende a redefinir o lugar e a identidade do humano.
Dispostas em oito seções, as obras destacam questões como a dimensão extrativista e metabólica da IA e seu impacto ambiental; a compreensão dos assuntos epistemológicos e políticos dentro de uma nova cultura visual; como situamos a IA na história, levando em consideração o papel crucial que atualmente ela desempenha na formação e articulação de conhecimento, comunicação, trabalho e poder; como a era da IA está mudando a escrita e como as tecnologias de IA criaram um tipo de trabalho terceirizado e exploratório.
Outros questionamentos são levantados na mostra, como as possibilidades decoloniais de modelos de IA frente à dimensão colonial e dominante que as tecnologias carregam, e como elas são capazes de moldar uma forma de pensar e agir, introduzindo um novo tipo de hegemonia cultural. Dentro de uma intersecção com a história, algumas obras exploram os espaços latentes das memórias culturais propondo passados alternativos, utopias esquecidas e mídias imaginárias e possibilidades futuras que tangenciam questões como a própria existência humana.
“Uma das grandes questões é o que será de nós na relação com a IA — como essas tecnologias estão redefinindo o humano.” Antonio Somaini

Dentre os nomes nacionais, a artista Giselle Beiguelman (São Paulo – SP) apresenta duas obras. A primeira, Beleza Corrosiva (2025), que integra a seção “Materiais e Ambientes”, questiona os impactos ambientais das tecnologias digitais por meio de imagens distópicas de um futuro provável em que vários rios são tomados por equipamentos disfuncionais de todos os tipos. Sua segunda produção Botannica Tirannica (2022), que compõe a seção “Imaginação Colonial, Subversões Decoloniais”, examina os entrelaçamentos entre a ciência hegemônica, a botânica clássica e a imaginação colonial. A obra se concentra em práticas racistas, misóginas, preconceituosas e imperialistas de nomeação de plantas, levantando questões sobre o racismo científico e o apagamento de saberes indígenas e ancestrais.
Ainda, a artista Mayara Ferrão (Salvador – BA) propõe uma reimaginação do passado, a partir das ausências e lacunas deixadas pelos arquivos coloniais brasileiros, com a obra Álbum de Desesquecimentos (2024 – em curso), que ambienta a seção “Imaginação Colonial, Subversões Decoloniais”. A composição parte da inexistência de registros visuais sobre as experiências íntimas e afetivas de mulheres negras e originárias durante o período colonial, transformando essa ausência em ponto de partida para um exercício de reconstrução simbólica.
A seção “Imaginação Colonial, Subversões Decoloniais” traz também o projeto do artista Cesar Baio (Jundiaí – SP), fundador do coletivo Cesar & Lois com a obra interativa Culturas Degenerativas: Impacto Ambiental da Inteligência Artificial (2025), em que organismos vivos, redes sociais e Inteligência Artificial trabalham juntos para corromper o impulso humano de dominar a natureza. No projeto – honrado com o prêmio Lumen Prize in Artificial Intelligence 2018 – livros que tratam do desejo humano em controlar a natureza servem de alimento para uma colônia de microrganismos. A proposta insere a lógica de microrganismos em algoritmos de Inteligência Artificial, visando desafiar a divisão entre o ser humano, a tecnologia e a natureza.
Integrando a seção “Genealogias”, os artistas Bruno Moreschi (São Paulo – SP) e Pedro Gallego (São José dos Campos – SP) empregam metodologias relacionadas à pedagogia crítica para criar um filme imersivo e multicanal – Acapulco (2022–2024) – que especula sobre nova maneiras de compreender como as máquinas “enxergam”.

Entre os nomes internacionais temos os artistas: Agnieszka Kurant, Andrea Khôra, Bruno Moreschi, Cesar & Lois, Emmanuel Van der Auwera, Érik Bullot, Estampa, Giselle Beiguelman, Gwenola Wagon, Grégory Chatonsky, Hito Steyerl, Inès Sieulle, Joan Fontcuberta, Julian Charrière, Julien Prévieux, Kate Crawford, Linda Dounia Rebeiz, Marcela Magno, Mayara Ferrão, Meta Office – Lauritz Bohne, Lea Scherer, Edward Zammit, Nora Al-Badri, Nouf Aljowaysir, Pedro Gallego, Sasha Stiles, Trevor Paglen, Vladan Joler, Holly Herndon & Mat Dryhurst.
Abertura: Dia 26/11, quarta, às 19h.
Visitação: De 27/11/25 a 26/4/26. Terça a sexta, 9h30 às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h.
Local: Espaço Expositivo, Galpão 2 – Sesc Campinas.
Agendamento de grupos escolares: https://forms.office.com/r/xfHKgSsBMp
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