Contra o relógio

30/05/2021

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Leticia Valverde | Silverback

UM DOS MAIS PREMIADOS ESTUDIOSOS BRASILEIROS DO CLIMA ALERTA PARA AS CONSEQUÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL E APONTA SOLUÇÕES

As atividades agrícolas, o desmatamento das florestas tropicais e a intensa queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral) para o uso industrial, transporte urbano e geração de energia elétrica são os grandes responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global. “Hoje a temperatura média do planeta está cerca de um grau (Celsius) mais quente que 100 anos atrás. Alguém pode dizer: ‘Puxa, mas um grau é pouco. Afinal, quando entra uma frente fria, a temperatura cai cinco, seis, oito graus.’ No entanto, um grau significa muito porque estamos falando da temperatura de todo o planeta e não de um fenômeno meteorológico, como uma frente fria”, ressalta o cientista e pesquisador Carlos Nobre, atual copresidente do Painel de Ciência para a Amazônia, uma iniciativa da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (UN SDSN, na sigla em inglês), que reúne mais de 200 pesquisadores dos países amazônicos e de outras nações para estudar a região e estabelecer diretrizes de proteção, conservação e desenvolvimento sustentável. Reconhecido por artigos científicos que nos anos 1990 já alertavam para o processo de “savanização da Amazônia”, Carlos Nobre explica que esse 1 ºC a mais já está trazendo inúmeras modificações ao planeta. “Por exemplo, ele faz com que os extremos climáticos sejam mais intensos. Ou seja, temos chuvas e secas mais intensas porque o planeta está um grau mais quente.” Signatário do Acordo de Paris – tratado mundial firmado em 2015 com o objetivo de combater a mudança climática e suas trágicas consequências –, o Brasil ainda está longe de cumprir suas metas de redução da emissão dos gases de efeito estufa. No entanto, para o pesquisador, há medidas possíveis a serem adotadas pela economia brasileira nessa corrida contra o tempo pela preservação da vida no planeta.

Os jornais vêm destacando com mais frequência diversos dados e pesquisas sobre os impactos das mudanças climáticas, como o aquecimento do planeta. Quais os principais efeitos desse cenário hoje?

O aquecimento global está acontecendo há mais de um século e se acelerou nas últimas décadas, e é praticamente irreversível o que já está acontecendo. Hoje a temperatura média do planeta está um grau (Celsius) mais quente que 100 anos atrás. Alguém pode dizer: “Puxa, mas um grau é pouco. Afinal, quando entra uma frente fria, ela cai cinco, seis, oito graus.” No entanto, um grau significa muito, porque estamos falando da temperatura de todo o planeta, e não de um fenômeno meteorológico como uma frente fria. Esse “1 ºC” já está trazendo inúmeras modificações. Por exemplo, ele faz com que os extremos climáticos sejam mais intensos. Ou seja, temos chuvas e secas mais intensas porque o planeta está um grau mais quente. Esses extremos acontecem porque a atmosfera mais quente retém mais vapor d’água – chuvas intensas e tempestades têm tudo a ver com a quantidade de vapor d’água na atmosfera. Quando há mais vapor d’água, há chuvas mais intensas e concentradas. E o oposto disso são as secas, que estão se tornando mais intensas e frequentes em muitos lugares, pelas mudanças das circulações atmosféricas e das temperaturas da superfície do mar.

Por que seriam longos períodos de secas mais extremas?

Quando se tem uma chuva muito intensa, a água cai no solo e esse solo está 1,5 ºC mais quente, ou seja, ela evapora muito mais rápido. Assim, uma grande parte da água que cai sobre o solo evapora. Então, aumenta o extremo de seca. Tanto as chuvas mais concentradas quanto um maior período de secas são dois fatores visíveis. Outros fatores são mais lentos, mas estão acontecendo. Por exemplo, o nível médio do mar já aumentou 25 centímetros. De novo, alguém pode falar que isso é pouco, mas não é. Houve uma mudança da linha costeira em praticamente todo o mundo, a exemplo da costa brasileira. Além disso, ondas de calor estão mais frequentes e mais quentes, devido ao aquecimento global. O aquecimento global já está provocando modificações em todos os biomas: já estamos vendo partes da Floresta Amazônica se tornarem savanas degradadas. Parte disso tem a ver com o aquecimento global e outra parte, com o desmatamento. Essa combinação perversa do aquecimento global e do desmatamento faz a floresta reciclar muito menos água e diminui a absorção de carbono. A temperatura do planeta aumentou 1 ºC, mas a temperatura da Amazônia aumentou mais de 1,5 ºC. Se as pessoas prestarem um pouco de atenção, numa escala decadal (referente a décadas), não um mês ou um dia, já dá para perceber que o clima está mudando. Por exemplo, nos últimos 20 anos, nós tivemos os 19 anos mais quentes desde a segunda metade do século 19, que foi quando começou a haver termômetros e medidas de temperatura em todo o mundo. Esses 19 anos mais quentes foram de 2000 a 2020. No Brasil, nós tivemos o recorde de calor em muitas regiões em setembro e outubro de 2020, o ano mais quente em toda a América do Sul.

NÓS TEMOS UMA RESPONSABILIDADE, COMO HUMANIDADE,

DE COMBATER AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ZERAR AS EMISSÕES

POR QUEIMA DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS.

Outro impacto se dá sobre a produção de alimentos no Brasil. De que forma?

Uma boa parte do Brasil tropical está próxima do limite climático para a produção agropecuária e para a produção agrícola do que vem de fora, já que a soja, o trigo e o milho, entre outros grãos, não são espécies tropicais. São espécies que vieram de outros lugares e que foram desenvolvidas, aperfeiçoadas e domesticadas pela agricultura por séculos, principalmente no último século. A Embrapa tropicalizou várias dessas culturas para haver uma produção no Brasil, só que muitas delas, como soja, trigo, milho, arroz, têm um limite. E o clima do Brasil tropical está próximo desse limite. O clima do Cerrado e da Amazônia é muito quente para a maioria dessas espécies. E ondas de calor e secas, que já estão acontecendo com mais frequência, por exemplo, em partes da Amazônia e, principalmente, no Cerrado, estão causando queda de produção. Então, na região chamada Matopiba [denominação criada a partir das iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e que designa uma extensão geográfica que recobre parcialmente os territórios desses quatro estados], onde houve uma grande expansão da soja no Cerrado, tivemos ondas de calor que provocaram grande perda da produção. A origem dessas ondas são as secas na Amazônia, precisamente no leste e centro-leste da Amazônia, de onde o ar vem mais quente para a Matopiba. Como as secas estão aumentando tanto na Amazônia quanto no Cerrado e no Sul (do país), tivemos, no ano passado, um recorde histórico de seca no Sul e uma enorme perda de produtividade agrícola. Por mais que na Região Sul do Brasil as temperaturas sejam compatíveis com uma produção agrícola razoável, o aumento e a frequência das secas fizeram aumentar a perda agrícola. E o Cerrado e o Norte do Brasil, se não tivermos sucesso em manter o Acordo de Paris, não mais serão áreas agrícolas. Por isso, é preciso pensar em novos produtos, como produtos das árvores do Cerrado e da Amazônia, que já estão adaptadas, mas o agronegócio tradicional não teria mais produtividade nessas regiões, e o Brasil deixaria de ser uma potência do agronegócio.

Desde seu primeiro alerta sobre a possível savanização da Amazônia, como a situação se agravou?

Os primeiros alertas foram em artigos científicos publicados em 1990 e 1991. Naquela época, eu e meus coautores levantamos a hipótese de savanização. Quando o artigo foi publicado, o desmatamento era muito menor do que hoje, era 30% do que é hoje. E nós falamos: Se desmatam a Amazônia, o sul todo da região vira uma savana. Aquilo era uma hipótese. Estudos recentes, dos últimos cinco anos, mostram as características de que o processo de savanização está em curso: o sul da Amazônia está ficando mais quente; a estação seca está três a quatro semanas mais longa; e está reciclando menos água. Estudos deste ano mostram que nessa região da floresta já está ocorrendo perda de carbono, quando a floresta, como um todo, retira carbono da atmosfera. 70% da emissão brasileira de gases de efeito estufa vem do desmatamento da Amazônia e da agricultura, então nós temos que liderar muito da pesquisa de como transformar nossa agricultura numa agricultura de carbono zero. Também as árvores do sul da Amazônia estão apresentando um aumento da taxa de mortalidade: isso é uma resposta ao aquecimento e ao aumento da frequência das secas. Antes, acontecia uma megasseca, aumentava-se a mortalidade, mas, depois, as árvores nasciam e cresciam de novo, como acontece há milhões de anos na floresta. Mas, antes, tínhamos uma grande seca a cada 15 ou 20 anos, e agora estamos tendo uma seca intensa a cada cinco anos. Ou seja, a floresta não está conseguindo se recuperar. Todos esses aspectos em conjunto, em grande parte no sul da Amazônia, e também no sudoeste, no Amapá e na Guiana Francesa, apresentam esse efeito de savanização. Já não é mais aquela hipótese do meu artigo científico de 1990. A face da savanização da Amazônia se mostra a cada dia, e isso tem atraído a atenção da comunidade científica mundial. Nós temos visto praticamente um artigo científico de qualidade por mês mostrando várias facetas de que essa savanização já começou.

A FACE DA SAVANIZAÇÃO DA AMAZÔNIA SE MOSTRA A CADA DIA,

E ISSO TEM ATRAÍDO A ATENÇÃO DA COMUNIDADE CIENTÍFICA MUNDIAL

As regiões que apresentam esse efeito de savanização podem ser recuperadas?

Temos que zerar o desmatamento o mais rápido possível, além de restaurar e regenerar grandes áreas de floresta degradadas. Se nós fizermos isso, é possível que consigamos parar a savanização, se junto com isso tivermos sucesso com o Acordo de Paris e a temperatura média global não passar de 1,5 ºC. Nós estamos à beira do precipício da savanização. Se não tivermos ações para a contenção do aquecimento global e para a restauração da maior parte da área desmatada da Amazônia, nós vamos passar desse ponto de não retorno e 50%, 60%, talvez até 70% da floresta se tornará uma savana bem degradada.

Fala-se muito da necessidade de um projeto autossustentável de desenvolvimento da Amazônia; inclusive, usa-se o termo bioeconomia. O que seria?

Há vários estudos e vários casos práticos, portanto não é mais uma coisa teórica, que apontam: o valor de uma bioeconomia de floresta, o que a gente chama de Floresta em Pé, é muito maior que o de cortar a Amazônia para pastagens de pecuária e culturas agrícolas de grãos. Alguns sistemas agroflorestais, como o da cooperativa de Tomé-Açu, no Estado do Pará, produzem mais de 140 produtos, como castanha, cacau, açaí, andiroba, entre outros, de 70 espécies diferentes. Só que poucos desses sistemas atingiram escala de mercados globais, a exemplo do açaí, da castanha e do cacau. Mas esses sistemas agroflorestais já demonstram um potencial econômico maior que o da agropecuária. Sistemas agroflorestais muito bem cuidados e que produzem açaí, por exemplo, têm uma rentabilidade dez vezes maior que a pecuária da Amazônia. Você tem cerca de 1.000 dólares/hectare por ano num sistema agroflorestal bem cuidado, e isso só exportando açaí, sem industrializá-lo, contra 100 dólares/hectare por ano na pecuária mais rentável da Amazônia. Então, o potencial da bioeconomia da floresta em pé é muito maior que o da economia do agronegócio tradicional da Amazônia. Assim, de fato não há uma desculpa econômica para manter o modelo da agropecuária com desmatamentos dos últimos 50 anos. Então, nós temos todo o potencial para desenvolver a bioeconomia de floresta em pé. Ela tem um potencial econômico muito maior. Também existe o potencial de agregação de valor, de industrialização, para ter classe média, e no estado do Pará já há 150 mil pessoas envolvidas na cadeia do açaí, grande parte das pessoas no campo, em sistemas agroflorestais, mas a pré-industrialização já gerou quatro mil empregos que geram classe média.

Outros biomas do país também têm esse potencial?

Esse grande potencial não é só da Amazônia, mas de todo o Brasil, um país rico em biodiversidade, mas nós, culturalmente, nunca valorizamos nossa biodiversidade. Todos os biomas brasileiros juntos produzem mais de cinco mil frutas comestíveis. Quantas frutas da nossa biodiversidade encontramos no supermercado? Pouquíssimas. Isso que estou falando é apenas em relação a frutas. Temos todo o potencial de desenvolver uma bioeconomia de floresta em pé em todos os biomas. O açaí é uma indústria de mais de 15 bilhões de dólares no mundo, um bilhão retorna para a Amazônia e já melhorou a vida de 150 mil pessoas, que eram, em grande parte, empregados de fazendas, paupérrimos, e muitos já chegaram à classe C. Eu participei de uma reunião virtual chamada Conferência Brasil do MIT e Harvard, neste ano, com o presidente do BNDES, Gustavo Montesano, e ele falou que temos que desenvolver essa nova economia e o BNDES está voltado para a bioeconomia da floresta em pé. Isso tem que ser uma meta de política pública, um desafio para o setor privado e para a comunidade de ciência, tecnologia e inovação. Um desafio para criar comunidades que façam a industrialização na Amazônia, todos desafios perfeitamente possíveis de serem vencidos com as modernas tecnologias, com a indústria 4.0, e aí entra um projeto que criei há alguns anos que chamamos de “Amazônia 4.0”, que é exatamente a industrialização dos produtos da floresta mantendo a floresta em pé.

TEMOS TODO O POTENCIAL DE DESENVOLVER UMA BIOECONOMIA

DE FLORESTA EM PÉ EM TODOS OS BIOMAS

Nesse projeto, há a questão da biodiversidade aplicada aos medicamentos?

O conceito de Amazônia 4.0 trata de todos os aspectos. Estamos começando a implementar alguns projetos na Amazônia, entre eles o nosso projeto em si, que ainda é inicial e pequeno. O conceito de Amazônia 4.0 coloca um autovalor dos biofármacos, e já há, sim, em Belém, uma organização social, nosso parceiro chamado BIOTEC Amazônia, que tem parceria com universidades e empresas, desenvolvendo o potencial de biomoléculas para muitos usos, inclusive muitos usos industriais. Qual é o desafio dos biofármacos? É a complexidade de você desenvolver um novo fármaco. Em média, a indústria farmacêutica leva de cinco a dez anos para desenvolver um novo fármaco porque tem toda essa fase de testes, teste pré-clínico, teste em seres humanos etc. Você precisa ter certeza de que aquele fármaco não tem nenhum efeito colateral, tem que identificar todos os efeitos. Esse é um processo lento. Com a Covid-19 deu para ver que houve uma superacelerada. Dez vacinas foram desenvolvidas. Quem sabe possa-se também abreviar o tempo do desenvolvimento dos biofármacos. Há esse potencial.

Quanto às energias renováveis, ainda há um grande atraso brasileiro nesse setor?

Nós só vamos ter sucesso no Acordo de Paris se nós zerarmos a queima de combustíveis fósseis globalmente até meados do século 21. Aí, alguém pode falar que a energia fóssil é muito barata. Não existe mais isso. O Brasil tem a energia eólica mais barata do mundo. O Nordeste produz uma grande quantidade de energia eólica e nós vamos chegar a 20 gigawatts. O Brasil tem 130 gigawatts de energia elétrica, sendo que 16% desse total é de eólica; e a solar, que estava muito lenta, chegou a dar uma acelerada, e deve chegar a 4 gigawatts no final deste ano. Então, entre eólica e solar chegaremos perto de 25 gigawatts, quer dizer, um valor de 20% do total de produção de energia no Brasil. Eu diria que essa soma é muito significativa. Por quê? No país, ambas já são as energias mais baratas, então é puramente uma questão de escala. E, mesmo que fosse um pouco mais cara, nós temos uma responsabilidade, como humanidade, de combater as mudanças climáticas e zerar as emissões por queima de combustíveis fósseis.

SE OS ESTADOS UNIDOS TIVEREM SUCESSO EM ZERAR

A ENERGIA ELÉTRICA GERADA POR COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS,

A CHINA, A ÍNDIA E A MAIORIA DOS PAÍSES DO MUNDO VÃO TER QUE CORRER ATRÁS

Com a pandemia, as grandes cidades apresentaram um fenômeno de “desocupação”, levando as pessoas para cidades menores, em busca de uma área melhor de convivência. Isso pode gerar impactos ao meio ambiente?

A desurbanização pode ter tanto efeitos positivos quanto não positivos. Se ao desurbanizar você diminui o consumo de energia, você tem aí um efeito positivo, agora se a desurbanização aumentar o desmatamento e aumentar a exploração de biomas, como se fosse uma expansão suburbana, você tem um efeito negativo. Então, se a desurbanização significar pessoas voltando para ambientes que já foram cidades, para áreas rurais onde vão reflorestar e aumentar a vegetação, acho que esse pode ser um efeito positivo. O que temos visto um pouco na Europa e nos Estados Unidos é o efeito positivo. A desurbanização não tem levado ao aumento do consumo de energia ou ao desmatamento. Em muitos desses lugares, as pessoas já chegam com a energia solar, e a pegada de carbono dessas pessoas nessas áreas rurais é positiva.

Na Cúpula do Clima, em abril, os Estados Unidos anunciaram a meta de reduzir pela metade a emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global até 2030. A questão climática vai passar a ser uma oportunidade econômica também?

Sem dúvida. O presidente Joe Biden tem um plano muito ambicioso, que é zerar a geração de energia elétrica por combustíveis fósseis, termelétricas, petróleo, carvão e gás natural em 14 anos. Essa meta é tão desafiadora quanto zerar o desmatamento da Amazônia até 2030. Se os Estados Unidos conseguirem sucesso nisso, será um grande feito, porque é o segundo país que mais emite gases de efeito estufa e grande parte vem da queima desses combustíveis fósseis nas termelétricas. Então, se você passa tudo para geração elétrica solar e eólica e gera energia elétrica para a movimentação dos veículos, ou seja, se até 2035 toda energia elétrica do país vier de fontes renováveis, você zera as emissões. Não é um desafio fácil de vencer, mas é muito bom que o presidente dos Estados Unidos tenha colocado esse desafio. A China, primeiro país responsável pelas emissões de gases de efeito estufa, não está tão atrasada, mas tem um desafio enorme. O país é o que mais usa energia solar no mundo e já passou a Alemanha. A China tem 600 mil ônibus que funcionam a energia elétrica, 180 milhões de motocicletas e bicicletas elétricas. Também é o país que mais produz painéis solares, mas ainda é o que mais emite e teria que cancelar a geração termelétrica com carvão, petróleo e gás natural, só que a velocidade com que ela faz isso não é suficiente, por isso ela colocou esse desafio para 2060, mas ela precisa ser mais ambiciosa. Se os Estados Unidos tiverem sucesso em zerar a energia elétrica gerada por combustíveis fósseis, a China a Índia e a maioria dos países do mundo vão ter que correr atrás.

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