A Floresta é Nossa

21/12/2023

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“A Floresta é Nossa” exibe como jovens de comunidades vizinhas à áreas protegidas compreendem questões socioambientais em seus territórios.

Não é de hoje que a Equipe de Agentes de Educação Ambiental no Sesc Bertioga acompanham jovens na produção de conteúdos de comunicação. Ações programáticas como “Falou e Disse” e “Rádio Reserva” oportunizaram vivências, oficinas e visitas técnicas que se refletiram em diversos formatos audiovisuais de comunicação. Nestes projetos, utilizamos como referência a Educomunicação que pode ser definida como as relações entre comunicação e educação, em que a utilização de recursos tecnológicos e técnicas de comunicação contribuem na aprendizagem através do uso de mídias.

“Nestes encontros entre educação e comunicação, os jovens criaram conteúdos coletivos de rádio, permitindo-lhes apropriar-se de novas formas de expressão fornecidas pela mídia e usá-las para debater ideias. Formando cidadãos capazes de atuar nas esferas da vida pública e política de modo a favorecer processos de transformação social”. (Educomunicação socioambiental: comunicação popular e educação. Brasília: MMA, 2008). Em 2021, por exemplo, ainda no período de protocolos devido a COVID-19, jovens produziram podcasts que evidenciaram a voz e as opiniões sobre diversos aspectos socioambientais.

Com a volta das ações presencias e a possibilidade de realizar atividades no recém-construído Centro Comunitário Vila da Mata, concebemos o projeto “A Floresta é Nossa” buscando, além de produzir conteúdos de comunicação, refletir sobre o território e o indivíduo; estabelecer relações entre os espaços vividos e as áreas protegidas; e nos apropriar de argumentos na defesa de formas saudáveis de interação de seres humanos com as áreas protegidas.

No processo, o formato do projeto ganhou nova roupagem. Antes trabalhávamos o rádio, agora, optamos pela produção audiovisual, permitindo ao grupo envolvido diferentes modos de interação com essa linguagem, exibindo os contextos e os rostos de quem mora, vive e pensa sobre o meio ambiente e os impactos provocados pelas nossas interações.

“Uma câmera na mão e
uma ideia na cabeça”

Glauber Rocha, ao defender a utilização dos meios de produção artística para a transformação social.

As comunidades participantes e representadas pelo projeto Chácaras Mogiana, em Boracéia, e Vila da Mata, em Guaratuba, são caracterizadas como Áreas de Ocupação Humana inseridas dentro do Parque Estadual da Restinga de Bertioga, considerada área protegida e que contribui diretamente para a conservação da natureza; para o uso público e educação ambiental, assim como fortalece práticas de lazer e turismo e promoção de pesquisa cientifica.

É importante ressaltar que o Parque está inserido em um importante corredor ecológico, entre o litoral da Cidade e a Serra do Mar, reunindo áreas de manguezal, restinga e floresta, abrigando 98% dos remanescentes de Mata de Restinga da Baixada Santista; 44 espécies ameaçadas de extinção; 53 espécies de bromélias, 1/3 das espécies de todo o Estado; 117 espécies de aves, sendo 37 endêmicas e nove ameaçadas de extinção; 93 espécies de répteis e anfíbios, com 14 espécies ameaçadas e 14 raras; 117 espécies de mamíferos, sendo 25 de médio e grande porte (como a onça-parda, veado, anta, jaguatirica, mono-carvoeiro, bugio, cateto e queixada, todos ameaçados) e 69 quirópteros (morcegos), com seis espécies ameaçadas de extinção constantes na listagem do Estado de São Paulo, uma na listagem brasileira e outra na internacional. E juntamente com outras áreas, incluindo a Reserva Natural Sesc Bertioga, compõe o chamado Mosaico Buriquioca.

Em 2023, a proposta contou com três momentos com duração de 6 encontros de 2 horas cada. Inicialmente evidenciamos características individuais e coletivas do grupo, buscando a sintonia e criação de identidade coletiva (para que se compreendessem como grupo), ao mesmo passo elucidamos conceitos ligados ao meio ambiente e à sustentabilidade, em especial sobre Parques e demais Áreas Protegidas. Também exercitamos conceitos e práticas audiovisuais que serviram como aprendizado e registro das experiências vividas.

Na sequência, realizamos visitas técnicas monitoradas na Comunidade Vila da Mata, em Guaratuba, e na Reserva Natural Sesc Bertioga, onde evidenciamos as possibilidades de intenções do ser humano na natureza e com estas vivências, somadas aos conceitos debatidos na etapa anterior, criamos a sinopse, o argumento e o roteiro. Por fim, com o roteiro em mãos, escolhidas as locações, foram realizadas as filmagens.

A opção pelo formato curta metragem possibilitou ao grupo expor reflexões sobre causa e consequência, sobre como os seres que compõe as florestas podem estar relacionados conosco, sobre como ainda temos muito o que apreender no tocante a natureza, a importância do descarte correto de resíduos e refletirmos se, de fato, somente a informação é o suficiente para mudarmos nossas atitudes.

Curta-metragem elaborado e filmado pelos jovens participantes do curso “A Floresta é Nossa!

No processo, além do grupo atendido, também orientamos uma jovem mediadora, também moradora nas comunidades e que já havia participado, enquanto público de projetos anteriores com o Sesc Bertioga. Esta figura de mediação teve papel ativo no acolhimento do grupo, no fortalecimento de vínculos, na partilha de informações e no estímulo à participação, sendo notável a integração desta com o grupo e no suporte prestado a boa realização do projeto.

“A Floresta é Nossa” compõe as linhas de ação do Programa de Educação para a Sustentabilidade do SescSP. Realizado pelo Sesc Bertioga, integra os Programas estabelecidos pelo Plano de Manejo da Reserva Natural Sesc Bertioga, atendendo jovens, moradores e moradoras da Comunidades Vila da Mata e Chácaras Mogiana que se avizinham ao Parque Estadual da Restinga de Bertioga (PERB).

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