
A leitura de mundo e de palavras, como ensinou Paulo Freire em A importância do ato de ler (1982), é essencial para a constituição de sujeitos críticos e conscientes. No Brasil, o direito de acesso à literatura tem sido defendido por pensadores como Antonio Candido, que, em seu ensaio O direito à literatura (1988), afirma que a fruição da arte — e, especialmente, da literatura — é uma necessidade humana fundamental.
Para Candido, negar esse acesso equivale a uma mutilação simbólica: “a literatura humaniza em profundidade, na medida em que torna o homem mais completo”. Ele ressalta ainda que a produção artística, mesmo quando não material, possui valor inegável na construção do sujeito. Nesse contexto, a leitura não é apenas entretenimento; é também condição para o exercício pleno da cidadania.
Essa compreensão da leitura como direito social está na base do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), criado em 2006. Estruturado em quatro eixos — democratização do acesso; fomento à leitura e à formação de mediadores; valorização institucional da leitura; e incremento do valor simbólico do livro —, o PNLL busca consolidar políticas públicas capazes de garantir o acesso democrático à leitura em todo o território nacional. Entre suas ações mais relevantes estão o fortalecimento de bibliotecas públicas e escolares, a formação continuada de professores e mediadores de leitura, e o apoio a iniciativas comunitárias voltadas para o livro.
Nesse cenário, bibliotecas públicas e comunitárias surgem como espaços estratégicos. Elas não apenas democratizam o acesso aos acervos literários, mas também funcionam como centros culturais, lugares de encontro, escuta e criação coletiva. Iniciativas como o Programa de Implantação de Espaços de Leitura — realizado em parceria com estados e municípios — e o apoio a bibliotecas comunitárias integrantes da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) têm sido fundamentais para levar o livro a territórios populares e periféricos, combatendo desigualdades históricas de acesso ao conhecimento.
A recente revisão do PNLL, conduzida por meio de processos participativos em 2023, 2024 e agora em 2025, representa um avanço significativo: o reconhecimento da leitura como um direito garantido pelo Estado. A nova proposta amplia o diálogo com movimentos sociais, redes de bibliotecas comunitárias, coletivos de juventude e povos indígenas, reconhecendo a pluralidade dos leitores brasileiros e suas diferentes formas de acesso e fruição do livro. Essa perspectiva reforça a importância de políticas de base territorial, inclusivas e sustentáveis.
Apesar desses avanços, os desafios persistem. Segundo a 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2024), 53% da população brasileira não é considerada leitora — uma queda de 8 milhões de leitores em relação à pesquisa anterior, publicada em 2019. Entre os fatores apontados, destacam-se o uso intensivo da internet e das redes sociais, além da ausência de bibliotecas públicas e comunitárias em muitas regiões. Por isso, garantir políticas de fomento à leitura e valorização da literatura — em suas múltiplas linguagens, suportes e vozes — é essencial para a construção de uma cidadania plena e de uma cultura verdadeiramente democrática.
Mais do que decodificar palavras, ler é imaginar, refletir e resistir. É construir mundos possíveis e disputar narrativas. Durante os meses de setembro e outubro, série “Em Debate”, do o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc realizará uma série de encontros sobre a importância da leitura, literatura e o universo dos livros em diferentes contextos.
Confira a programação abaixo e não fique de fora!
Literatura juvenil: histórias que transformam
10/9 a 19/9
Quartas e Sextas, 19h
R$60, R$30 e R$18
Lobos na Sala de Leitura
12/9 a 3/10
Sextas, 15h
R$60, R$30 e R$18
Livros e infâncias: a bibliodiversidade em diálogo com as identidades plurais
16/9 a 18/9
Terça a Quinta,15h
R$50, R$25 e R$15
A transformação de espaços de leitura em ambientes que educam
17/9
Quarta, 19h
Grátis
Educação Afrocentrada: Caminhos para a Emancipação – Online
22/9 a 25/9
Segunda a quinta,14h
R$50, R$25 e R$15
Mediação de leitura de textos literários
24/9 a 8/10
Quartas, 19h
R$50, R$25 e R$15
Marcos Rey: 100 anos
25/9
Quinta, 19h
Grátis
Atividades de Outubro
(Inscrições A partir do dia 25/9, às 14h)
Fazer livros: processos de criação como travessia
7/10 a 28/10
Terças, 14h
R$60, R$30 e R$18
Lendo cartas ancestrais
7/10 a 15/10
Terças e Quartas, 15h
R$50, R$25 e R$15
A literatura, segundo a paixão
9/10
Quarta, 19h
Grátis
Diversidade na literatura infantil: as representações étnico-raciais e de gênero
9/10 a 16/10
Terça e Quintas, 19h
R$50, R$25 e R$15
Investigando a Trilogia Involuntária de Aline Bei
10/10 a 31/10
Sextas, 15h
R$50, R$25 e R$15
Seminário L.E.R: leitura, espaços e relações
14/10 e 15/10
Terça e Quarta, 16h
R$50, R$25 e R$15
De Infâncias e Nuvens: a escuta da infância, do imaginário e da oralidade
16/10 a 6/11
Quintas, 15h
R$60, R$30 e R$18
Inventaças: Literatura Infantil e Representatividade em Foco
21/10
Terça, 17h
Grátis
Laboratório de escritas dissidentes: módulo 1
21/10 a 9/12
Quintas, 19h
R$60, R$30 e R$18
Slam como prática de letramento literário
22/10 a 29/10
Quartas, 19h
R$50, R$25 e R$15
Coletivo Feminino Infinito: oito anos
24/10
Sexta, 17h
Grátis
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