Da capital potiguar para o mundo, os três shows favoritos da Far From Alaska
Nascida no nordeste, a FFA já excursionou pelo Brasil, pelo exterior com participações no festival SXSW e na edição comemorativa de 50 anos do Midem e possuem aquele combo almejado por muitas bandas de rock formadas na última década: fãs, sucesso e bons dígitos no streaming. Nesta edição do “Na Plateia”, Emilly Barreto (vocal) e Cris Botarelli (synths, vocal) representam a banda para falar sobre seus três shows inesquecíveis.
“Bora falar de show? Quem começa?” Emilly Barreto e Cris Botarelli, bandleaders do Far From Alaska abriram o papo pro Na Plateia com esse entusiasmo, já indicando pra gente que a viagem seria tão longa quanto a quantidade de kilômetros que banda percorreu nos últimos anos.
A FFA excursionou pelo Brasil, pelo exterior com participações no festival SXSW e na edição comemorativa de 50 anos do Midem; e também já possuem aquele combo almejado por muitas bandas de rock formadas na última década: fãs, sucesso e bons dígitos no streaming. Nesta edição, as minas representam a banda para falar sobre os três shows inesquecíveis que assistiram na vida. Assista ao vídeo abaixo e a íntegra da prosa na sequência.
Cris — Eu começo. Não, primeiro a gente pode falar do show que a gente viu juntas.
E mmily— Tá. Foi quando? Eu não lembro que ano foi aquele. 2011 provavelmente.
C — 2011, na Feira da Música em Fortaleza.
E — Sim.
C — Show do…
E — Felipe Cordeiro.
C — Felipe Cordeiro. A gente não tinha a menor ideia de quem era, do que era, do que… Nada!
E — A gente nem ia assistir o show. A gente tava fazendo show aquele ano, com outra banda que a gente tinha, Talma & Gadelha, e a gente tava passando, só passando mesmo, pela plateia assim. E a gente passou, “Meu Deus, o que é isso?”. A gente ficou lá até o final do show, e foi surreal. A gente ficou o show inteiro. A gente olhava uma para a outra “O que é isso, pô? O que é isso?”. A gente só ficava…
C — E é massa, porque tipo, aqui no Sudeste a galera acha que… Que é perto, porque a gente tem contato, mas a gente não conhecia de nada, nada do Pará. A gente não conhecia…
E — Pois é, foi a primeira vez que eu vi.
C — A gente não conhecia guitarrada, essas coisas, a gente nunca tinha visto e a gente achou muito irado. Do meio para o fim do show a gente ficou dançando até o chão junto com ele. E a partir daí a gente começou a acompanhar, e começou a conhecer outras coisas também do Pará, que a gente passou a curtir. Ai foi na época que a Gaby Amarantos também começou a aparecer, e a gente ficou super fanzoca da música, de tudo que a gente conhecia que vinha do Pará a gente curtia. Marcou muito.
E — Até hoje também. Pois é, é isso.
C — É isso.
C — Tava com o pai dele.
E — Nossa, foi incrível.
C — Ainda tinha… Acho que hoje ele não toca mais, mas tinha duas backing vocals com ele.
E — Tinha duas meninas que ficavam cantando e dançando
C — Elas tinham as coreos delas.
E — Nossa, era incrível. Tudo era incrível, não tinha nada errado no palco, tudo certo.
C — É massa esse tipo de festival assim, né, tipo esse “Feira da Música”, sei lá, exatamente por isso, porque a gente cai de paraquedas no show que não tinha a menor ideia do que fosse, e ai você passa… Você vira fã, você passa a curtir, você conhece um negócio novo. Aquilo vai te influenciar de alguma forma na sua vida, você não sabe quando, mas vai te influenciar, e é massa.
E — Foi show! Aquele show foi show.
C — Aquele show foi show.
C — O meu show marcante… Como a gente vê muito show de muita banda hoje em dia, em festival e tudo mais, a gente sempre tá viajando e vendo show. Eu acho que… Eu vou falar de um que eu vi antes de tudo isso, que ainda quando eu… Acho que eu não tinha banda… É, eu não tinha banda ainda, e ai eu vi um show da banda do Rafa, que é o guitarrista do Far From Alaska, ele tinha outra banda que se chamava Calistoga, que é uma banda de post hardcore, sei lá, não sei nem como se classifica.
E — Sei lá, nem eu.
C — É, não sei como se classifica. Mas tipo, foi muito novo pra mim, foi muito marcante. Eu não conhecia, eu não vivi essa coisa do hardcore e tudo mais, eu não conhecia nenhuma banda, ainda hoje eu conheço muito pouco. Eles tinham essa coisa muito forte, aquilo pra mim, explodiu minha cabeça, eu fiquei “O que tá acontecendo? O que eles estão tocando? Quem são essas pessoas?”, e era da minha cidade, enfim, num bar de rock que tinha lá. Eu posso dizer que foi daí que a sementinha do rock mesmo começou a… Eu conhecia os clássicos já, aquela coisa que todo mundo conhece, sei lá, na época eu escutava Oasis, escutava Placebo, essas bandas aí dos anos 2000, 90, final dos 90, 2000, todo mundo escutou. Mas foi a primeira vez que eu vi um rock muito louco assim na minha frente e… Tanto que o Far From Alaska é uma banda que tem coisas doidas, e acho que é uma chama viva do coração de todo mundo, que todo mundo viu esse show dessa banda que ele tinha e tudo mais. E é muito massa, porque lá em Natal tem isso. Tipo, lá em Natal como não tem tanta gente assim, tanto rockeiro… Tem muito rockeiro, a cena é grande, hoje em dia tem muitas bandas e tudo mais, mas todo mundo é acostumado a ir em todo tipo de rolê lá em Natal. Então você é rockeiro, mas você vai rebolar a sua raba numa festa de funk, você vai, você vai pra um samba na quinta-feira, você vai pra um show de rock, vai pra uma balada, ai você acaba caindo num show de hardcore, sem saber nem que diabo é, e aí acaba que isso… A cena lá é muito diversa, todo mundo lá é fruto dessa diversidade, dessa coisa de você estar em todo rolê.
E — Você vai encontrar todo mundo em todos esse rolês. Os rockeiros vão estar no rolê de samba e…
C — Todo mundo vai para todo canto. E é por isso que lá é tão massa né, também de banda, lá em Natal tem muitas bandas legais e são diferentes, assim, são bandas que tem uma coisa original mesmo, por isso, por que todo mundo é influenciado por tudo, todo mundo vai pra tudo, todo mundo gosta de tudo.
E — Não tem frescura.
C — Não é tão um nicho.
C — Em Natal tem um bar de rock que depois… que há dez anos, já é, tem um festival também. Na verdade é um combo cultural, que se chama Do Sol, eles fazem festival, tem o bar deles de rock, tem um estúdio também, que é acessível pra galera, pra gravar e tudo mais. Lá em Natal foi o Do Sol que começou, porque, tinha rolê, ficava tendo rolê de banda, então tinha dia que tocava Calistoga, que era a banda do Rafa, e aí tocava a minha banda que era meio britrock assim, nada a ver, mas tocava no mesmo rolê, e as pessoas estavam lá para assistir, e isso movimentava…
E — Até hoje. Agora tem ao lado do Do Sol, tem o Ateliê agora, que é assim, a galera vai pra um rock no Do Sol e quando sai de lá entra no Ateliê, que é a casa ao lado, que tá rolando um samba, e depois vai ser Luísa e os Alquimistas que é um dub. É tipo isso, você vai pro centro histórico lá, Ribeira, e são várias casas rolando e a mesma galera entrando em um e saindo do outro.
C — O povo é rolezeiro, em resumo, em Natal a galera é rolezeira. A galera quer o rolê. E a gente é muito dessa onda aí, tipo, fim de semana era normal a gente ver show de rock de banda que a gente não, tipo, não que não conhecia… Conhecia, mas às vezes nem era muito a nossa, mas você ia pro rolê, porque tava tendo, era o que tinha, a pessoa vai.
E — Menina, falou muito.
E — Um show que marcou a minha vida… Tá, a minha banda favorita chama-se… Tem gente que fala Paramore, aquelas, tem gente que fala “Peramor”, do jeito que você quiser pronunciar. Essa é minha banda favorita.
E — E eu já vi milhares, acho que eu já vi 8 shows, 9, sei lá, do Paramore. Mas teve um especial. Eles fizeram, eles anunciaram um cruzeiro. Imagina você num navio com sua banda favorita, saindo de Miami para as Bahamas, e eles estão lá e ai você… É, bem rolê Natal. Saindo de Natal para as Bahamas. Nossa, incrível, incrível, incrível você ver sua banda favorita tocando com aquela visão, mar, só aquela galera ali que tá no navio, e aí você anda nos corredores e encontra com eles. Não sei, foi lindo. Eu chorei bastante nesse show, bastante.
E — Eu tinha… Foi 4 anos atrás. Eu tinha… Aquelas “Supletivo, supletivo, supletivo”
C — Eu sou de humanas né.
E — Eu tinha 22… 22 ou 23, por aí. E aí rolou isso, ai rolou outro, ai eu fui de novo, e ai vai rolar outro agora em abril e eu estarei lá de novo. Eu vou em todos, mas enfim. É porque é banda favorita né. O Calistoga, inclusive eu tenho tatuado aqui uma música deles, era minha banda favorita, mas o Rafa teve que sair por causa do Far From Alaska…
Zumbido: Vocês mataram a banda, mano!
E — Não, não foi a gente não!
C — Volta Calistoga!
E — O Rafa teve que sair. Todo mundo tinha projetos…
C — A banda que deu uma… Não foi culpa nossa não! Não fale isso!
E — Não foi, não foi. Até tatuei aqui… Mas todo mundo da banda tinha outras bandas. Eu tinha uma banda com a Cris, o Rafa tinha outra banda, o Dudu tinha outra banda.
C — Todo mundo tinha outras bandas. Inclusive a gente tinha outras bandas… Tem que parar?
E — Então, o show acontecia no deck da piscina. No Deck da piscina? Tá certo isso?
C — Tá… No deck da piscina do navio.
E — Imagina o navio e tal, e aquela parte onde fica a piscina, tinha duas grandes piscinas gigantes, dai eles cobriram uma das piscinas com chão, entendeu? Colocaram tipo uma tábua lá, durinha e tal.
C — Uma “tauba”.
E — É, uma “tauba”… E ai eles montaram o palco em cima disso, então a galera ficava… Tinha espaço pra ficar em pé e atrás tinha gente assistindo da piscina. E cara, quantas pessoas será que tinham ali? Um navio comporta umas 2000 pessoas, será? Só que era todo mundo, era tipo eu e você aqui, entendeu? Tipo, ela ai, eu aqui emocionada dizendo “Oi, querida, eu existo”.
E — Não, então, eles são quatro. O cruzeiro eram quatro dias, do Paramore rolava duas vezes, no primeiro dia assim que o navio tava saindo e dava aquela (imita o som do navio partindo), ai o show começa (cantarola a introdução de uma música).
C — Nem tinha essa música ainda.
E — Nem tinha essa música, essa música é nova.
C — Cantou a música errada.
E — E ai, no último dia também. Na noite anterior, porque quando o navio acaba, quando a viagem acaba é tipo, muito cedo, 8h da manhã, então nessa noite anterior é o segundo show e último.
C — Ai tem o café da manhã com o Paramore.
E — É, querida, com ovo e tudo. E ai, tem outras bandas também…
C — Com ovo?
E — Ovo, comida, ovos. Mas não é só eles, é tipo, eles fazem tipo um festival, daí eles convidam… Toda edição eles convidam várias bandas, tem eles e mais cinco bandas. E aí já rolou… Já vi show do, que era uma das minhas bandas favoritas também, que era o Chvrches, que eles tocaram lá. Esse ano vai ser eles e mais bandas que eu não conheço muito bem, mas é bom, é aquela coisa de conhecer né. Conhecer novas bandas.
C — Afinal você não vai ter pra onde ir né, você vai tá presa no navio, você vai ser obrigada a assistir o show.
E — Exatamente. E aí espero que numa próxima edição o Far From Alaska esteja lá né, tocando com eles, e ai vai ser maravilhoso.
C — É porque…
E — É, então vamos explicar.
C — Explica.
E — Eu cresci numa igreja evangélica, então eu nunca fui em show na minha vida.
C — Mas foi em show de banda gospel né.
E — Quer dizer, na verdade eu fui, gente. Meu pai e meu irmão inclusive fizeram alguns shows. Até por que, é outro rolê né. Mas funciona, é palcão do mesmo jeito.
C — Funciona também?
E — Eu lembro que o meu irmão levou pra Natal Oficina G3, que é incrível, incrível, incrível, né? Você gosta? É maravilhoso, né? E ai, rolou Oficina… Eu acho que o meu primeiro show na verdade não foi Oficina G3, acho que o primeiro foi Kleber Lucas. Você lembra de Kleber Lucas?
C — Lembro!
E — É um cantor gospel gigante (cantarola uma música). Eu devia ter uns sete anos eu acho. Foi lá no Machadinho, que nem existe mais, que a galera destruiu agora pra fazer o estádio da Copa, existia antes. Acho que foi Kleber Lucas, cara, um cantor gospel ai, show de bola. E o seu, você lembra? Foi gospel também, com certeza.
C — Foi gospel, mas assim, era…
E — Ela também cresceu em igreja evangélica.
C — Eu também cresci em ingreja evangélica. Ingreja.
E — Ingreja.
C — Um dos primeiros shows que eu me lembro foi da banda do seu irmão, inclusive. O irmão dela tem bandas gospel.
E — Qual? Banda Canal?
C — Banda Canal. E o primeiro show que não era da igreja, assim, não me orgulho disso. Hoje em dia o que? Já fiz as pazes com esse passado. Mas era show de quem? P.O. Box e Calcinha Preta, que era banda de forró lá de Natal. P.O. Box é daquela (cantarola uma música).
E — Essa banda é de Natal?
C — Não, essa banda é nacional, meu amigo. Este homem fez sucesso nacional. E o que aconteceu no dia do show? Ele não foi.
E — Oxi? E quem cantou no lugar dele?
C — Calcinha Preta durante três horas. (Cantarola uma música).
E — Eu gosto de Calcinha Preta.
C — Tu gosta o quê?
E — Eu gosto.
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