OJU – Roda Sesc de Cinemas Negros celebra os olhares que reiventam o país a partir da potência da negritude

De 3 a 11 de setembro, o Sesc São Paulo realiza a 4ª edição da OJU – Roda Sesc de Cinemas Negros. Com uma programação diversa, a mostra acontece em unidades do Sesc da capital e da Grande São Paulo – Cinesesc, 24 de Maio, Belenzinho, Campo Limpo, CPF, Pompéia, Vila Mariana e Osasco –, unidades do interior e litoral – Araraquara, Bauru, Birigui, Campinas, Franca, Registro, Ribeirão Preto, Rio Preto, Santos, São Carlos e São José dos Campos – e no campus da Universidade Zumbi dos Palmares, na capital paulista.

A abertura será no Cinesesc, no dia 3/9, quarta-feira, às 20h, com a pré-estreia do filme Suçuarana (BRA/MG, 2024, 83’), de Clarissa Campolina e Sérgio Borges. No enredo, uma mulher de espírito nômade busca seu espaço no mundo. Dora, a protagonista, vive há mais de 10 anos pelas estradas brasileiras em busca de Suçuarana, uma terra desconhecida e aparentemente misteriosa que sua falecida mãe mencionava. Por uma região mineradora, Dora vaga na procura desse espaço e de trabalho. Sua jornada se complica quando, após um acidente, a mulher reencontra um cachorro que havia abandonado. Entre as dificuldades e os riscos desse movimento constante, ele a guia até uma aldeia afastada de trabalhadores fabris onde Dora encontra abrigo e consolo temporário.

A Roda Sesc de Cinemas Negros valoriza a diversidade e a força política do audiovisual negro. Com uma programação que reúne filmes, debates, oficinas, rodas de conversa e shows, a mostra multicultural é dedicada a evidenciar a diversidade de criadoras e criadores negros e a potência histórica do audiovisual brasileiro. A maior parte das atividades é gratuita e aberta a todos os públicos, ampliando o acesso e o diálogo com diferentes comunidades.

No Sesc Rio Preto, serão exibidos 8 dos 25 filmes selecionados, entre longas e curtas, além de 2 shows musicais. A abertura da programação acontece no dia 4/9, às 20h, com a exibição do documentário “Luiz Melodia – No Coração do Brasil”, que retrata a vida e a obra do cantor Luiz Melodia. Na sequência, tem Baile do Kayque, celebrando diferentes eras da black music e propagando, por meio da música, a mesma valorização do projeto: um espaço onde corpos e histórias negras ganham protagonismo e movimento.

Luiz Melodia – No Coração do Brasil (foto divulgação)

Confira nossa programação completa a seguir!

SERVIÇO:

A partir de imagens raras e registros inéditos, o filme conduz o público por uma viagem sonora e visual guiada pela voz inconfundível de Luiz Melodia. Entre memórias e músicas, revisita sua trajetória artística e pessoal, mostrando como o cantor desafiou as convenções do mercado fonográfico ao afirmar sua liberdade, originalidade e identidade dentro da cultura brasileira. A obra celebra a força da sua arte e sua influência duradoura, destacando sua capacidade única de traduzir a complexidade do Brasil em sua música. Um retrato valioso de um ícone que marcou gerações.

Dia 4/9. Quinta, 20h

Grátis. Livre.

Show | BAILE DO KAYQUE

Comandado pelo DJ e produtor Kayque Gambirasi, o Baile do Kayque é uma celebração sonora das muitas eras da black music. Inspirado nos lendários bailes paulistanos como Chic Show, Chocolate, e em movimentos contemporâneos como Discopédia e Sintonia, o show propõe uma verdadeira viagem no tempo – dos grooves dançantes dos anos 1970 ao R&B, rap e trap que embalam as pistas hoje. Em clima de festa e resistência, Kayque traça uma linha do tempo musical que valoriza a ancestralidade, a cultura urbana e os ritmos que atravessam gerações.

Dia 4/9. Quinta, 21h

Grátis. Livre.

Na volta do trabalho, Agnus vê sua rotina interrompida por um assalto no ônibus. Em meio ao tumulto, uma misteriosa heroína mascarada aparece e lhe entrega um objeto inesperado: o Manual do Herói. A partir desse momento, sua vida ganha novos contornos, abrindo espaço para uma transformação inesperada. O filme se destaca por sua abordagem criativa, que mistura elementos do cotidiano urbano com toques de fantasia e simbolismo. Com uma narrativa envolvente, “Manual do Herói” convida o espectador a refletir sobre coragem, mudança e o poder das pequenas escolhas em situações extraordinárias.

Dia 7/9. Domingo, 16h.

Grátis. Livre.

Show | JUNIOR BARROS – VIVA MELODIA! Tributo a Luiz Melodia

Com longa trajetória dedicada ao samba, o cantor Junior Barros interpreta obras marcantes do repertório de Luiz Melodia, em um espetáculo que une lirismo, balanço e memória afetiva. O show reúne canções que Melodia gravou ao longo de sua carreira e que expressam diferentes nuances do samba – do tradicional ao samba-canção, como “Tive Sim”, “Diz Que Fui Por Ai”, “Disritmia”, “Gente Humilde”, “A Voz do Morro”, “Rei d Samba”, “Dama Ideal”, “Logo Agora”, “Fada”, “Estácio” e “Eu Agora Sou Feliz”.

Dia 7/9. Domingo, 17h.

Grátis. Livre.

Exibição | TIJOLO POR TIJOLO

(Dir.: Victória Álvares e Quentin Delaroche | Brasil | Documentário | 2024 | 103′)

No Ibura, periferia do Recife, Cris enfrenta a perda do lar e do sustento durante a pandemia. Grávida do quarto filho, ela tenta conseguir uma laqueadura ao mesmo tempo em que busca se reinventar como micro influenciadora digital. Entre fraldas, vídeos e filas do SUS, o filme acompanha sua luta por autonomia diante de um sistema que naturaliza a precariedade da vida de mulheres como ela. Tijolo por Tijolo revela, com sensibilidade e crítica social, as brechas por onde brotam resistência, afeto e reinvenção no cotidiano periférico.

Dia 9/9. Terça, 20h.

Grátis. Livre.

Exibição | O CÉU NÃO SABE MEU NOME (20′) + KASA BRANCA (95′)

Exibição em sequência

Nesta exibição sequencial de “O Céu Não Sabe Meu Nome” e “Kasa Branca”, o público é apresentado às narrativas marcadas pela força da memória e do afeto diante da perda. Em contextos distintos, os filmes revelam vínculos familiares profundos e silenciamentos históricos, celebrando a escuta, o cuidado e a resistência. As exibições integram o projeto OJU: Roda Sesc de Cinemas Negros.

O CÉU NÃO SABE MEU NOME

Uma neta encara a partida da avó e mergulha em lembranças antes silenciadas, ressignificando a ausência por meio da escuta e do afeto. No reencontro com gestos e memórias esquecidas, emergem ecos de experiências femininas apagadas ao longo do tempo. Entre o íntimo e o coletivo, o filme revela como certos vínculos e narrativas atravessam gerações, mesmo quando relegados ao silêncio como se o que não se diz também moldasse quem somos.

KASA BRANCA

Na Chatuba, bairro periférico do Rio de Janeiro, o jovem Dé enfrenta a dura notícia do estágio terminal da avó Almerinda, acometida pelo Alzheimer. Com o apoio dos amigos Adrianim e Martins, ele navega pelos desafios do cotidiano para permanecer ao lado dela. Kasa Branca é uma obra sensível que destaca o poder do afeto e da memória em meio à dor da despedida, revelando a força dos laços familiares nas periferias. O filme equilibra emoção e realismo, trazendo uma narrativa humana e necessária, que resgata a dignidade e a resistência das relações afetivas.

Dia 10/9. Quarta, 20h.

Grátis. 12 anos.

Exibição | A COLMEIA DE AZIZA (12′) + A MENSAGEN DE JEQUI (72′)

Exibição em sequência.

A Mensagem de Jequi e A Colmeia da Aziza revelam a potência da natureza e a urgência de protegê-la. As produções, que destacam o protagonismo negro em frente e por trás das telas, celebram memórias ancestrais, infância e pertencimento, mostrando que coragem e imaginação são forças de transformação. As exibições fazem parte do projeto OJU: Roda Sesc de Cinemas Negros.

A COLMEIA DE AZIZA

Após um ataque que abala sua colmeia, Aziza, uma abelha Mandaçaia sem ferrão, enfrenta a sensação de inadequação diante das outras. Em meio ao caos ambiental, ela descobre sua força e papel vital na reconstrução do equilíbrio. A Colmeia da Aziza propõe uma fábula sensível sobre coragem e pertencimento, mas também provoca reflexões sobre modelos de valor baseados em força e exclusão.

A MENSAGEM DE JEQUI

Jequi, menino quilombola, cresce brincando nas águas do seu território ancestral e aprende a protegê-las diante de uma grave ameaça ambiental. Com sensibilidade e coragem, ele envia mensagens que navegam pelos rios do mundo e pela sua própria imaginação, conectando culturas e despertando consciência. O filme destaca a importância da preservação dos territórios tradicionais e celebra a força da infância como agente de transformação, em uma narrativa poética que une história, cultura e meio ambiente com delicadeza e impacto.

Dia 11/9. Quinta, 15h.

Grátis. Livre.

David retorna a Fortaleza, sua cidade natal, para apresentar um filme em um festival, mas a pandemia de Covid-19 interrompe seus planos: o evento é suspenso, o lockdown começa e seu voo é cancelado. Forçado a ficar, ele busca o pai excêntrico, ausente há mais de uma década. Esse reencontro dá início a uma série de acontecimentos estranhos que revelam memórias, silêncios e fantasmas do passado.

Dia 11/9. Quinta, 20h.

Grátis. Livre.