Ponto Final, Ponto Seguido | Bienal Sesc de Dança

02/09/2025

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Foto: Matheus Jose Maria

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Entrevista com Uýra | Performer

Como se deu a construção simbólica e coreográfica de Ponto Final, Ponto Seguido? Quais elementos e inquietações conduziram esse processo?
A performance nasceu em setembro de 2021, em residência na cidade de Innsbruck, na Áustria. Ali, isolada durante a pandemia, tive acesso à geografia histórica da cidade e à maneira como a riqueza de toda sua arquitetura vinha de territórios indígenas, como o meu, Amazônias – e em como a violência da participação do país no Holocausto está encoberta por uma arquitetura, com monumentos que negam essa história. Tudo cimento cobrindo as violências coloniais e a Terra, e criando o movimento oposto: o do orgulho por estas histórias. Por isso, decidi apresentar esta performance sempre em locais públicos e associados a monumentos das cidades.

Lembrar do que foi enterrado, curar os imaginários já acostumados a ver somente o cimento que mascara e distorce a história

Foto: Vivian Gradela
Foto: Vivian Gradela

A performance é dividida em dois atos: “Pra lembrar” e “Pra curar”. Como esses dois verbos conduzem a ação e qual o papel da interação com o público no processo?
Lembrar do que foi enterrado, as verdades, as violências e a própria Terra como avó. Curar os imaginários já acostumados a ver somente o cimento que mascara e distorce a história.

Foto: Matheus Jose Maria
Foto: Matheus Jose Maria

Sinopse

Ponto Final, Ponto Seguido

Neste rito de cura e rememoração, a artista Uýra propõe despertar a terra coberta por asfaltos e monumentos no cenário urbano – uma terra que não estaria morta, apenas adormecida. Em meio ao espaço público, ela constrói um sistema radicular em grande escala, desenhado com terra preta sobre o chão. Seu plantio é como uma dança que faz recordar a natureza dentro dos imaginários da humanidade concretada. Ela pensa e ativa ressurgimentos de vida revestidos pelas materialidades e imaginários coloniais: as terras, memórias, águas e florestas que dormem debaixo dos asfaltos. Parte de uma pesquisa da artista intitulada Ressurgências, o trabalho questiona como a vida tem a capacidade de ressurgir em lugares onde foi extinta. Fazendo aflorar esse solo dormente, Uýra abre espaço para um respiro, um novo fôlego para a Terra e os seres que nela vivem.


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Interview with Uýra | Performer

How was the symbolic and choreographic construction of Ponto Final, Ponto Seguido [Full Stop, New Sentence]? Which elements and concerns shaped this process?
The performance was created in September 2021 during an artistic residency in Innsbruck, Austria. Isolated during the pandemic, I explored the city’s historical geography and came to realize that much of its architectural wealth came from Indigenous territories like my own, Amazônias — and that the country’s violent role in the Holocaust is obscured by architecture and monuments that deny this history. Everything is concrete, covering colonial violence and the Earth itself, fostering the opposite movement: pride in these histories. That is why I decided to present this performance exclusively in public spaces, always near city monuments.

To remember what was buried, to heal imaginaries accustomed to seeing only the concrete that masks and distorts history

Foto: Matheus Jose Maria
Foto: Matheus Jose Maria

The performance is divided into two acts: Pra lembrar [To remember] and Pra curar [To heal]. How do these verbs guide the action, and what role does audience interaction play in the process?
To remember what has been buried — the truths, the violences, and the Earth itself as grandmother. To heal the imaginaries accustomed to seeing only the concrete that masks and distorts history.

Synopsis

Full Stop, New Sentence

In this ritual of healing and remembrance, the artist Uýra invites audiences to awaken the earth buried beneath asphalt and monuments in urban spaces — an earth that is not dead, only asleep. In public areas, Uýra creates a large-scale root system drawn with black earth on the ground. Her planting becomes a dance that revives nature in our collective imagination, buried under concrete. She rethinks and activates resurgences of life hidden under colonial materialities and imaginaries — lands, memories, waters, and forests that lie beneath the asphalt. Part of the research project Ressurgências, the work asks how life can re-emerge in places where it has been erased. By bringing this dormant soil to light, Uýra opens room for a breath of life — a renewed vitality for Earth and its beings.

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