Textos reunidos em Mutações: a outra margem da política expõem dilemas da democracia e permitem vislumbrar caminhos para enfrentar as diferentes formas de desigualdade

A exacerbada polarização política no Brasil contemporâneo, ou as recentes manifestações populares que acontecem em diversos lugares do mundo (como em Santiago, Barcelona, Quito, Londres e Bagdad – algumas delas em cenário de extrema violência), demonstram claramente como o cenário político atual é por demais instável e carente de um profundo revisionismo.

Para refletir sobre questões que, de inúmeras maneiras, estão relacionadas a esse conturbado panorama, as Edições Sesc lançam Mutações: a outra margem da política, livro organizado pelo filósofo, jornalista e professor Adauto Novaes. A obra reúne ensaios de dezoito intelectuais do Brasil e do exterior que participaram da edição 2018 do ciclo Mutações, série de conferências realizadas por Novaes desde 1986. A fragmentação do corpo social e político, a emergência de um individualismo radical e da apatia, a crise da representação política, a crescente violência e o aumento da desigualdade estão entre as caraterísticas identificadas pelos autores.

:: trecho do livro

“Há uma evidente decomposição do sistema de representação política e do corpo político como um todo, o que expõe a diferença abissal entre ‘governo democrático’ e vida democrática – isto é, o povo criando de forma permanente e vivendo em democracia”, escreve o organizador no artigo que abre o livro.  Segundo Adauto Novaes, vivemos um momento de incerteza e desordem, caracterizado por sérios problemas que vão desde conflitos criados pela ocupação das instituições do Estado por entidades religiosas até o advento das redes digitais que surgem como novos mediadores entre sociedade e governo.

Entre os que escrevem em Mutações: a outra margem da política estão nomes como Eugênio Bucci, Franklin Leopoldo e Silva, Frédéric Gros,  Jean-Luc Nancy, Lilia Moritz Schwarcz e Marilena Chaui. Por meio de seus textos é possível discernir e dimensionar os percalços enfrentados pelas estruturas democráticas na atualidade, assim como vislumbrar caminhos para a política e para o respectivo enfrentamento das diferentes formas de desigualdade.

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