
*Por Amanda Costa, do Instituto Perifa Sustentável.
Falar de territórios é reverenciar nossa origem, honrar o chão que pisamos, valorizar todas as formas de existência que brotam das vielas, dos quintais e das favelas, onde o afeto, a amizade e o companheirismo se tornam práticas políticas de cuidado e transformação.
Entre os dias 4 a 15 de junho, mais de 30 unidades do Sesc São Paulo realizaram ações do projeto Territórios do Comum, que reuniu coletivos, organizações e lideranças comunitárias numa grande rede de trocas. Com o tema “Resiliência e Regeneração para Cidades e Comunidades Sustentáveis”, a programação dialogou com o ODS 11 da Agenda 2030 da ONU, reafirmando o compromisso de construir cidades mais humanas, inclusivas e ambientalmente responsáveis.
Mutirões, feiras, rodas de conversa, oficinas e vivências ocuparam os territórios com práticas concretas de educação para sustentabilidade, acessibilidade e justiça climática. Foram dias potentes, de escuta ativa, ações locais e articulações que partem da base, periferias, favelas e comunidades tradicionais que, há muito tempo, já praticam a sustentabilidade de forma coletiva, autônoma e inventiva.

“A luta contra o racismo ambiental se baseia na preservação de memórias, na construção de identidades e no fortalecimento dos territórios periféricos.”
– Vera, Movimento Saracura Vai-Vai
Para o Instituto Perifa Sustentável, estar presente nessa jornada foi mais do que fazer uma cobertura: foi construir pontes. Segundo Gabriela Alves, diretora de territórios da organização e responsável pela liderança da cobertura educomunicativa do evento, “foi um marco para fortalecer as conexões entre líderes comunitários das diversas quebradas de São Paulo, todos comprometidos em cocriar um mundo mais justo e sustentável.”
Na abertura, rolou a roda de conversa Encontros do Território, mediada pela ativista Erica Malunguinho e com a participação de Alessandra Ribeiro, Fábio Miranda e Kaleb Fernandes, vozes que apresentaram experiências de transformação urbana, políticas de reparação e práticas de cuidado coletivo. E, para encerrar o dia, o som dos tambores do grupo Jongo do Coreto trouxe a força da ancestralidade em forma de música, dança e celebração. Um encerramento leve, potente e cheio de esperança.
Territórios do Comum não é só uma programação — é um chamado à ação. Um lembrete de que regenerar o mundo começa por regenerar as relações. E que quando a quebrada se junta, é possível reinventar o futuro.
*Amanda Costa é mestranda na London School of Economics and Political Science (UK), fundadora do Instituto Perifa Sustentável e em 2021 entrou na lista #Under30 da revista Forbes
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