
No Sesc Vila Mariana, exposição convida o público a passear entre 21 esculturas que compõem o acervo do Jardim do Museu de Arte Moderna, no Parque Ibirapuera
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POR RACHEL SCIRÉ
FOTOS NILTON FUKUDA
Entre a distração e o encantamento, os passos de quem caminha por um jardim são um convite para descobertas. A experiência se expande quando, neste território, obras de arte provocam a contemplação. No Jardim de Esculturas do Museu de Arte Moderna, localizado no Parque Ibirapuera, em São Paulo, o público que passeia, se exercita, frequenta ou brinca no parque mais visitado do país é surpreendido por encontros que aproximam a vida da arte. Essa também é a vocação das unidades do Sesc São Paulo, que criam oportunidades de experimentação e fruição artística no cotidiano dos seus frequentadores. É natural, portanto, que essas propostas germinassem na exposição Jardim do MAM no Sesc, inaugurada em 14 de maio, no Sesc Vila Mariana, uma correalização do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Sesc São Paulo.
A história do Jardim de Esculturas do MAM remonta à presença do Museu de Arte Moderna no Ibirapuera. Desde a inauguração de sua sede no parque, em 1969, o museu se empenhou na constituição de um “Jardim de Esculturas”. Na década de 1980, uma reforma instaurou a fachada de vidro característica do local, propiciando que os espaços do museu se comunicassem com as áreas externas. A inauguração oficial do Jardim do MAM se deu em 1993, quando a organização curatorial se consolidou, obras foram reposicionadas e o espaço entre a Oca, o pavilhão da Bienal e o MAM recebeu paisagismo assinado por Roberto Burle Marx (1909-1994), em parceria com Haruyoshi Ono (1943-2017).
Na Praça Externa do Sesc Vila Mariana, a ideia de jardim foi recriada por meio das estruturas que apresentam as obras, conforme conta Cauê Alves, que assina a curadoria junto a Gabriela Gotoda. “A expografia tem uma beleza própria, que atrai o público. Não é uma exposição que simplesmente dispõe esculturas no chão”, explica Alves, ao destacar os painéis horizontais, inspirados em formas orgânicas, e as plataformas coloridas, que remetem ao modernismo do paisagista. “Sem trazer plantas, tentamos apresentar um pouco do pensamento de Burle Marx para o Jardim do MAM no Sesc. A proposta é uma reencenação do Jardim do MAM por meio de uma representação arquitetônica”, complementa o curador.
Em “ilhas”, de diferentes alturas, a expografia evoca a topografia do Parque Ibirapuera e os caminhos trilhados por britas, pedriscos e gramados, que conduzem os visitantes até as obras. Já as cores e as formas das bases onde as peças foram sobreposicionadas são inspiradas em desenhos e pinturas de Burle Marx presentes em um estudo de 1938 para o jardim do Palácio Gustavo Capanema, que projeta uma área delimitada por contornos sinuosos e representa diferentes espécies vegetais com uma variedade de manchas coloridas, também sinuosas.
A seleção de 21 trabalhos, dos 19 artistas que compõem a exposição, inclui obras que integram, ou já integraram, o conjunto em exposição no Jardim de Esculturas do Parque Ibirapuera e obras da coleção do MAM. A curadoria buscou a diversidade de suportes, como ferro, madeira, bronze, além de materiais não usuais na escultura. Também contemplou a variedade de artistas, técnicas e procedimentos. Há desde escultores que partem de blocos de pedra e retiram o excesso de matéria, como na obra Sem título (1977) de Haroldo Barroso (1935-1989), até aqueles que moldam uma matéria abstrata, por exemplo, Escultura (1973), de Felícia Leiner (1904-1996).
Os diferentes modos de entender a escultura foram pautados pela curadoria. Entre os artistas que buscaram outros procedimentos escultóricos, está Amilcar de Castro (1920-2002), presente com a Sem título (1971), em que o autor parte de uma chapa de ferro plana e realiza uma operação de corte e dobra, encontrando um equilíbrio. Mais do que isso, tira a escultura de um pedestal, isolada. “O artista coloca a sua peça no espaço de um modo que a relação com o público seja mais direta. O público está no mesmo nível da obra e vice-versa. A obra se abre para essa relação”, explica o curador.
De acordo com Alves, há obras que sequer podem ser chamadas de esculturas, como O telhado (1998), de Marepe, instalação de madeira com telhas de barro, que provoca o público a reparar nos procedimentos e técnicas, como a origem da própria arquitetura e a produção artesanal. “O critério foi tentar oferecer um panorama geral, porque o Jardim do MAM é assim, ele nunca foi construído em torno de um tema, mas buscando a diversidade”, ressalta.
Atualmente, apesar da reforma na marquise do Parque Ibirapuera, o Jardim do MAM continua aberto para visitação. Como explica o curador, a coleção presente no jardim está sempre em transformação a partir do acervo e de novas obras. “Essa ligação entre o Parque Ibirapuera e o Sesc Vila Mariana, pela proximidade, é muito positiva porque o público pode, de algum modo, visitar ambos. Não é uma caminhada tão distante”, convida o curador.
VILA MARIANA
Jardim do MAM no Sesc
Até 31/8. Terça a sexta, das 10h às 20h. Sábado, das 10h às 20h30. Domingo e feriados, das 10h às 18h. Grátis.
Mais informações em sescsp.org.br/o-jardim-do-mam-no-sesc









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