O que a equipe do Selo Sesc recomenda sobre o tema da edição #6 da Zumbido

• Narrativas musicais contemporâneas entre o local e o global: os casos do funk brasileiro e do kuduro angolano | Debora Costa de Faria | Caderno de Arte e Antropologia
  O artigo de Debora Costa de Faria analisa as trajetórias musicais do funk brasileiro e do kuduro angolano, destacando como ambos os gêneros emergem de contextos urbanos periféricos e se consolidam como expressões culturais significativas que articulam elementos locais e globais. Ambos os gêneros exemplificam como jovens periféricos moradores de zonas marginalizadas de grandes cidades criam novas geografias de produção e consumo musical, desafiando normas culturais e sociais, e projetando suas vozes do local para o mundo. 

• Onze pistas para conhecer o jazz sul-africano: Do apartheid à liberdade — a trilha sonora de uma revolução | Rogério de Campos | Blog da Editora Veneta
  Rogério de Campos elenca onze artistas sul-africanos que demonstram o florescimento do jazz da África do Sul após o fim do Apartheid e sua terrível repressão contra a música negra no país. O jazz se tornou uma expressão poderosa da luta negra, articulando autoestima, comunidade e consciência política. A repressão ao gênero foi intensa, com perseguições, exílios e censura. Ainda assim, artistas como Abdullah Ibrahim, Hugh Masekela, Miriam Makeba e os Malombo Jazz Makers mantiveram viva a chama da resistência. 

• Trilha sonora para um golpe de estado (Soundtrack to a Coup d’Etat) | Dir: Johan Grimonprez | 2024
  O documentário conta o episódio da Guerra Fria que levou os músicos americanos Abbey Lincoln e Max Roach a invadir o Conselho de Segurança das Nações Unidas em protesto contra o assassinato do líder congolês Patrice Lumumba. Ao som de muito jazz, um ensaio sobre um período histórico em que as antigas colônias buscavam superar um passado recente e doloroso e as artimanhas políticas por trás dessa luta.

• Procurando Sugar Man (Searching for Sugar Man) | Dir: Malik Bendjelloul | 2012
  No final dos anos 1960, um músico foi descoberto em um bar de Detroit por dois produtores renomados, impressionados por suas melodias com alma e letras proféticas. Eles gravaram um álbum que acreditavam que o tornaria um dos maiores artistas de sua geração. No entanto, o disco fracassou e o cantor desapareceu, cercado por rumores de um suicídio horrível durante uma apresentação. Mas uma gravação pirata chegou à África do Sul durante o apartheid e, ao longo de duas décadas, tornou-se um fenômeno. Dois fãs sul-africanos decidiram investigar o que realmente aconteceu com seu ídolo, e a busca os levou a uma história ainda mais extraordinária do que os mitos que cercavam o artista conhecido como Rodriguez.

• Checkpoint Rock: Canções da Palestina (Checkpoint Rock: Songs from Palestine) | Dir: Fermin Muguruza | 2009
  O documentário explora a cena musical palestina por meio de apresentações de diversos artistas. O filme também deu origem a um álbum compilado com nomes como DAM, Amal Murkus e Manu Chao, e foi gravado em várias localidades, incluindo cidades em Israel, Gaza e na Cisjordânia.

• Cenas de cenas – do rock de inverno aos índios eletrônicos | Asaph Eleutério | 2024 
  Livro, audiolivro, websérie e um site que descreve a cena musical de Curitiba desde os anos 90 até seus reflexos na contemporaneidade, dando ênfase aos momentos e movimentos vividos no início dos anos 2000. O projeto compõe um vasto mosaico de nomes, canções, festivais e casas de show que se conectam na — ou ao menos coabitam a — cidade, onde amizades, parentescos, aproximações culturais e a vontade juvenil de se viver a música se sobrepõem. 

• O livro vermelho do Hip-Hop | Spensy Pimentel | 2025
  Escrito em 1997 por Spensy Pimentel, O livro vermelho do Hip-Hop buscava integrar o “quinto elemento” — o conhecimento — à cultura Hip-Hop, ao lado do breaking, MC, DJ e graffiti. Inicialmente distribuído em fotocópias, tornou-se referência no movimento antes de ganhar espaço na mídia e na internet. Em 1998, inspirou um especial da revista Caros Amigos, e em 1999 teve uma versão parcial publicada pelo portal Bocada Forte, sendo amplamente citado em pesquisas acadêmicas. A nova edição, 1997 Remasterizado 2025, atualiza o conteúdo original, incorpora reflexões acumuladas e conecta o passado e o presente do Hip-Hop, reafirmando seu papel como força crítica, criativa e de resistência frente à exclusão e aos desafios contemporâneos. 

• Wind of Change | Podcast
  Em 1990, após a queda do Muro de Berlim e com o fim da Guerra Fria se aproximando, a banda alemã Scorpions lançou a música “Wind of Change”. Décadas depois, o jornalista Patrick Radden Keefe é confrontado com o boato de que a canção teria sido escrita, na verdade, pela CIA como parte de uma operação de propaganda. Sua investigação, que entrevista de ex-agentes espiões a astros do rock, é contada nesse podcast em 8 episódios.

• Vincent Moon | Site
  Vincent Moon é um cineasta independente e explorador sonoro francês. Há mais de vinte anos, ele viaja pelo mundo em busca de sons — desde o rock de estádio até rituais xamânicos raros, passando por experimentações eletrônicas e cantos tradicionais a capela. Toda sua produção é estritamente não comercial e distribuída gratuitamente na internet sob licença Creative Commons. Atualmente, conta com o apoio da produtora suíça Julie Henoch e do editor e cineasta americano Daniel Oxenhandler. 

• Marimba Nicaraguense | Alejandro Vega | Site
  Site que recria uma marimba nicaraguense para ser experimentada online. Alguns acreditam que as raízes do instrumento remontam aos tempos pré-colombianos, criada por artesãos indígenas mesoamericanos que moldaram a madeira em algo atemporal. Outros defendem que ela veio do outro lado do oceano Atlântico, trazida por africanos escravizados que carregaram consigo seus ritmos, dores e espírito para o coração das Américas. À primeira vista, a marimba nicaraguense se assemelha às suas primas guatemalteca e colombiana, mas seu som é distinto. Esse traço vem dos ressonadores feitos com cabaças, texturizados por membranas de intestino de porco, que conferem à marimba sua assinatura sonora.