Em sua segunda edição, a Mostra de Cinema Israelense traz uma seleção de 10 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens de ficção e documentários, com um recorte curatorial específico: todos eles são dirigidos por mulheres, apresentando ao público um olhar feminino e subjetivo sobre uma temática contemporânea, a partir da perspectiva israelense, abarcando questões políticas, críticas sociais, utopias, vivências LGBTQIAP+, memória, tempo e família.  

Durante muitos anos, as mulheres desempenharam um papel secundário no cinema israelense, com pouca voz própria e limitadas principalmente a um olhar masculino, tendencioso e sexista. Somente recentemente o cinema israelense começou a criar novas formas de representação feminina, centradas em narrativas subjetivas complexas que se concentram na vida das mulheres israelenses e no que as torna tão distintas. 

O espaço em postos de destaque e direção no mundo cinematográfico vem sendo cada vez mais ocupado por mulheres no mundo inteiro. Não é diferente em Israel.  

Com o surgimento de cineastas mulheres, surgem também novas maneiras de usar o cinema como uma ferramenta de empoderamento. 

Dentro da programação, que tem curadoria de  Bruno Szlak, a Mostra de Cinema Israelense também terá um espaço especial de retrospectiva homenageando a atriz e diretora Ronit Elkabetz, precocemente falecida em 2016.  

Durante duas décadas e meia, Ronit Elkabetz foi a primeira-dama do cinema israelense. 

O sucesso internacional de Elkabetz a incentivou a buscar sua verdadeira vocação, desenvolvida durante sua carreira como atriz: dirigir sua própria história. Ela e seu irmão Shlomi criaram uma trilogia semiautobiográfica, baseada nas experiências matrimoniais de sua mãe. 

A trilogia, que estará disponível durante a segunda edição da Mostra de Cinema Israelense, discute a opressão social vivida por mulheres em comunidades judaicas de origem marroquina, culminando com a vontade da personagem em se separar e o tribunal rabínico não concedendo o divórcio. 

A trilogia teve um imenso impacto nas representações das mulheres no cinema israelense e contribuiu com o surgimento de um novo tipo de sensibilidade.  

Novos filmes feitos por mulheres estão constantemente sendo lançados, com base em uma imagem mais complexa da subjetividade feminina. São representações que evitam conscientemente o voyeurismo, condenando-o, e parecem inspirar a constituição de uma nação melhor.