“Cinematografias Trans: Redes de Amparo e Coletividades Estratégicas” é uma oficina de 4 aulas presenciais, acerca da travestilidade e da transgeneridade no cinema através de um estudo sobre as narrativas, as personagens e a cinematografia trans e travesti. Partiremos de um debate acerca da redistribuição de acessos e políticas afirmativas radicais como estratégia de reparação histórica das ausências de pessoas trans e travestis na cinematografia brasileira e no mercado de trabalho audiovisual.

O dispositivo hegemônico de criação em cinema tem como ponto de partida, na maioria das vezes, o corpo do homem branco cisgênero de classe alta. Para além da contratação de atores e atrizes trans e travestis na interpretação, precisamos ampliar esse pensamento para a equipe e para o cerne da criação, o que envolve políticas culturais estratégicas de captação de recursos, práticas de negociação e a consciência do inegociável. Em seguida, conversaremos sobre o exercício da pesquisa e da consultoria como elemento possível de aliança com uma cisgeneridade aliada, implicada no processo urgente de reelaboração de mundos na guerra planetária em curso.

AULA 1: – COMO CRIAR PERSONAGENS TRANS INTERESSANTES?
Na primeira aula iremos abordar personagens trans, realizando tanto um apanhado histórico com o mapeamento das repetições e dos estereótipos, propondo um debate acerca da criação de personagens trans interessantes.

AULA 2: – COMO ELABORAR ESTRATÉGIAS DE INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO?
Na segunda aula vamos debater questões trabalhistas, propondo revisões no mercado de trabalho e elaborando estratégias para uma ocupação trans e travesti dentro dos espaços hegemônicos, assim como maneiras de construir espaços mais seguros para nossos corpos e até mesmo oportunidades de gerência dos espaços de poder no audiovisual.

AULA 3: – DEBATES A PARTIR DO FILME DISCLOSURE
Na terceira aula iremos conversar sobre o filme Disclosure, tentando entender como os debates levantados pelo filme pode gerar discussões importantes para o audiovisual brasileiro.

AULA 4: – AUDIOVISUAL BRASILEIRO: O QUE É PRECISO REESTRUTURAR?
Na quarta e última aula, aprofundaremos o conceito de cinematografia trans, refletindo sobre o que constitui uma cinematografia trans e quais as estratégias que podem ser aprofundadas para a formação de um mercado audiovisual implicado na reestruturação necessária para que corpos trans possam existir e permanecer.

MINI BIO
Noá Bonoba é atriz, roteirista, cineasta, preparadora de elenco, encenadora, dramaturga, pesquisadora doutoranda no PPGCOM- UFC onde pesquisa Transgeneridade e Cinema, Mestra em Artes pelo PPGARTES-UFC, professora formada pelo curso de Licenciatura em Teatro do Instituto Federal do Ceará, curadora da Tomada LBT, formada pela V Turma da Escola de Audiovisual da Vila das Artes e atuante em políticas publicas de redistribuição de acesso para pessoas trans e travestis. Dirigiu os filmes O mundo sem nós, Terra Ausente, Nebulosa e Lalabis.

CINEMAS CONTRA HEGEMÔNICOS
Esta programação faz parte do projeto de formativas “Cinemas Contra Hegemônicos”, que têm como temas cinematografias contrastantes ao mainstream e que tensionam padrões de produção cultural, estética e imagética hegemônicas. Cinemas marginais, narrativas queer e feministas, produção cinematográfica tensionando as estruturas que consagram o capitalismo globalizado, correntes cinematográficas de regiões inteiras: este projeto é um espaço formativo para conhecer cinemas contra hegemônicos, destinado a todos os públicos interessados.