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O perigo das commodities

Embora seja evidente o bom momento da economia brasileira, as projeções do desempenho do país a longo prazo fizeram acender um sinal de alerta. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, na última década a participação de matérias-primas como soja, minério de ferro e petróleo na pauta nacional de exportações praticamente dobrou, enquanto a de produtos com alto valor agregado, como aviões, equipamentos agrícolas e veículos automotores, apresentou significativo recuo. À primeira vista poderíamos pensar que a principal responsável por tal situação é a China, que tem enorme necessidade dessas commodities e as compra no mercado mundial em quantidades colossais.

Essa conclusão, no entanto, é apenas parcialmente verdadeira, uma vez que o Brasil deixa de exportar itens de maior conteúdo tecnológico porque investe pouco em pesquisa e desenvolvimento de produtos. O problema, como nos mostra a reportagem de capa, é que o aumento das vendas externas de matérias-primas tem o efeito não só de fragilizar a economia do país, devido às oscilações de preços, que literalmente despencam quando há crises de superprodução, como de desestimular os investimentos na modernização do parque industrial.

Ao lado dessa perspectiva preocupante, porém, o encarte desta edição nos traz uma boa notícia: nunca em sua história o Brasil teve condições demográficas tão favoráveis ao crescimento econômico e à redução da pobreza e da desigualdade. É preciso, entretanto, aproveitar o que vem sendo chamado de bônus demográfico, porque se trata de uma circunstância transitória e que jamais se repetirá.

Em outra matéria, fazemos um breve apanhado dos avanços decorrentes do Estatuto da Criança e do Adolescente, que completou 20 anos em julho passado. Durante esse período, ocorreram sensíveis transformações na forma como a sociedade encara a questão do jovem e da criança, que passaram a ter também um tratamento diferenciado por parte da imprensa.

No campo da arte, focamos o escritor Casimiro de Abreu, um expoente do romantismo. Vítima da tuberculose, ele morreu muito jovem, aos 21 anos, mas sua obra, apesar de pouco volumosa, ainda hoje faz dele um dos autores mais lembrados da literatura brasileira.

Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac