
O cineasta Patricio Guzmán apresenta suas experiências desenvolvidas na produção de documentários, apoiando-se no cinema de autor e discorrendo sobre os parâmetros que orientaram os seus trabalhos
O diretor de cinema chileno Patricio Guzmán notabilizou-se por seus documentários e concepções cinematográficas bastante elaboradas sobre os métodos de criação e produção nesse gênero. Sua obra abrange cinco décadas, tendo começado em 1972 com El primer año, sobre o primeiro ano do governo de Salvador Allende, e já conta 22 filmes. Nestes, o tema recorrente é a política, em especial sua atuação na promoção e na defesa dos direitos humanos.
Em Filmar o que não se vê, Guzmán compartilha sua teoria de produção de documentários, baseada em sua prática profissional, apoiando-se no cinema de autor e discorrendo sobre os parâmetros que orientaram seus trabalhos, tais como os conceitos de ponto de vista (opinião do diretor), distanciamento (viabilizado a partir da criação de territórios de criação e pesquisa), subjetividade (reafirmando a parcialidade das produções audiovisuais) e escrita de roteiros (técnicas de criação).
Entre seus longas mais conhecidos, destacam-se A batalha do Chile (1975-8) e Nostalgia da luz (2010). Vencedor de diversos prêmios, este último mostra o deserto do Atacama como base para a realização de pesquisas astronômicas e, simultaneamente, como campo de buscas por desaparecidos políticos. O longa faz parte da lista dos melhores documentários de todos os tempos da prestigiada revista britânica Sight & Sound, em décimo segundo lugar.
Identificado com a luta contra regimes políticos opressivos, especialmente a ditatura militar chilena, Guzmán produziu outros filmes que abordam o tema, como O Botão de pérola (2015), pelo qual ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Berlim. A esse reconhecimento somam-se ainda prêmios em diversos festivais – Grenoble, Miami, Havana, Los Angeles, São Paulo.
Em 2012, o Instituto Vladimir Herzog organizou, com o Sesc São Paulo e a Cinemateca Brasileira, a mostra de cinema Memória e transformação: o documentário político na América Latina ontem e hoje, que apresentou 49 filmes documentários sobre o cenário sociopolítico latino-americano, com a realização de palestras e cursos e ministrados por Patricio Guzmán.
Em 2017, mais uma vez o Sesc apoiou a iniciativa do Instituto Vladimir Herzog de realizar exibições de filmes e palestras do cineasta no CineSesc. Nessa ocasião, as Edições Sesc São Paulo publicaram Filmar o que não se vê, que era então o livro mais recente do diretor, dedicado aos amantes de cinema. Guzmán explica que não se trata de um livro teórico: “É um texto sobre o coração artístico de um filme, especialmente sobre os tijolos, a matéria, os átomos; os elementos de criação que dão vida a uma obra cinematográfica.”
Veja também:
:: Vídeo
:: Trecho do livro
—
Produtos relacionados
Utilizamos cookies essenciais para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando você concorda com estas condições, detalhadas na nossa Política de Cookies de acordo com a nossa Política de Privacidade.