
Falecido há mais de 15 anos, os ideais do designer de móveis continuam pulsantes e necessários
O designer de móveis francês Michel Arnoult faleceu há 15 anos, quando somava 83. Sobre sua vida e obra, as Edições Sesc lançaram, em 2016, o livro Michel Arnoult, design e utopia: móveis em série para todos. Mas não é apenas a efeméride o motivo deste texto, nem somente a importância da publicação a respeito dele. Em tempos delicados como os atuais, suspensos pela covid-19, em que muitas coisas necessitam ser repensadas, Arnoult vem à tona pelo desejo que pautou sua existência: alterar o formato de comercialização e facilitar o acesso de todos a móveis elaborados com estilo, deixando-os a preços amigáveis e aptos a serem montados por cada um em sua própria casa – o famoso pega e faça, seguindo um manual de instruções.
A poltrona Pelicano é o trabalho de maior destaque da carreira do francês que, em 1948, aos 26 anos, escolheu o Brasil para viver. Por ele foi contemplado com o Prêmio Design Museu da Casa Brasileira. “Feita em eucalipto, tem fabricação simples e é fácil de montar, cabendo em uma caixa”, destaca Annick Arnoult, filha do designer, lembrando que esse projeto condensa tudo o que seu pai acreditava. “Era apaixonado pelo que fazia, acordava de madrugada para trabalhar, lutou para viver de seu trabalho, perseguiu seu ideal e conseguiu realizar muitos projetos – outros, não”, afirma ela em outra parte do texto-memória que ela dedica ao pai logo na abertura do livro.

Poltrona Pelicano (à esq.) e poltrona Ouro Preto, dois símbolos do design de Arnault
Além do texto de Annick, Michel Arnoult, design e utopia está reunido em oito capítulos assinados por Mina W. Hugerth, Marcello Montore, Yvonne Mautner e pela organizadora Ethel Leon, que realizou parte de sua pesquisa no Musée des Arts Décoratifs do Louvre, no Musée du Patrimoine e na École Camondo, todos na França, e em Londres, no Geffrye Museum, no Victoria and Albert Museum e no Imperial War Museum. Aos capítulos, somam-se ainda o prefácio de Gui Bonsiepe, a reflexão de Annick Arnoult no texto “Meu pai, Michel Arnoult”, a análise de Helena Ayoub Silva intitulada “Dois projetos do estudante Michel Arnoult”, além da introdução e conclusão de Ethel Leon, textos do próprio Michel Arnoult e a valiosa “Linha do tempo de Michel Arnoult (1922-2005)”.
Além do seu valor imperecível, o livro é fundamental para se aprofundar na historiografia do design de móveis e adentrar discussões que circulam tanto o quesito de promoção do bem-estar quanto da ampliação de desigualdades entre seres, assim como a capacidade de o ser humano formatar novas condições de existência.
Veja também:
:: trecho do livro
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