Quando pensar o futuro exige romper com o presente

10/10/2025

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Como enfrentar a crise climática sem cair nas armadilhas do mercado?

Essa é a pergunta que atravessa “Ecossocialismo: um projeto de civilização“, de Michael Löwy, primeiro título da Coleção Reexistências, lançado pelas Edições Sesc São Paulo. A obra propõe uma reflexão urgente sobre os limites do capitalismo diante da emergência ecológica e social que marca nosso tempo, apresentando o ecossocialismo como alternativa política, econômica e cultural para enfrentar os desafios do século 21.

Mais do que um diagnóstico, o livro é um chamado à ação. Löwy, sociólogo e filósofo marxista franco-brasileiro, articula teoria crítica, história das ideias e experiências concretas de luta para apresentar o ecossocialismo como alternativa civilizacional — uma proposta que não se limita à economia, mas que repensa os valores, os modos de vida e as formas de organização da sociedade.

Crise climática: o sintoma de um sistema esgotado

A destruição da natureza, segundo Löwy, não é um efeito colateral, mas uma consequência direta da lógica de lucro e crescimento ilimitado que rege o sistema capitalista. O autor desmonta com precisão analítica as promessas do chamado “capitalismo verde”, mostrando que soluções como compensações de carbono e metas de neutralidade de emissões são paliativos que ignoram a raiz do problema.

Não se pode prever o futuro, exceto em termos condicionais: na ausência de uma transformação ecossocialista, de uma mudança radical do paradigma civilizacional, a lógica do capitalismo conduzirá o planeta a catástrofes ecológicas dramáticas.
Michael Löwy

Reorganizar a vida em outras bases

A proposta ecossocialista envolve uma reorganização profunda da economia com base em critérios sociais e ecológicos, substituindo o mercado como regulador central por mecanismos coletivos e democráticos. Isso inclui:

  • Planificação participativa: decisões sobre o que produzir, como e para quem, feitas com envolvimento popular.
  • Decrescimento seletivo: redução ou eliminação de setores nocivos como o agronegócio predatório, a indústria armamentista e a publicidade invasiva.
  • Fortalecimento de áreas essenciais: saúde, educação, transporte público e agricultura orgânica.
  • Mudança cultural: desacelerar o ritmo da vida, valorizar o tempo livre, a cooperação e o vínculo com a natureza.

Mais do que um modelo econômico, o ecossocialismo é uma alternativa civilizacional que busca reconstruir a relação entre sociedade e meio ambiente.

O livro se insere, portanto, em um contexto de ação global, em que jovens, mulheres, populações marginalizadas e movimentos sociais protagonizam enfrentamentos ao colapso climático e ao colonialismo. Löwy dialoga com autores como Karl Marx, Walter Benjamin e William Morris, e homenageia figuras como Greta Thunberg, o Papa Francisco e ativistas que tornaram-se mártires da luta, como Chico Mendes, Dorothy Stang e Berta Cáceres.

Sobre a Coleção Reexistências

A Coleção Reexistências reúne pensadores e militantes que propõem respostas à crise global provocada pelo modo de produção e consumo capitalista. Os livros da coleção se apresentam como faróis para a reflexão e orientação diante de um desafio complexo: resistir à autodestruição e existir em outras bases.

Veja também: 

:: trecho do livro 

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