Sesc Carmo celebra 80 anos do Teatro Experimental do Negro de São Paulo com leituras, debates e formação

28/11/2025

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Entre os dias 8 e 11 de dezembro de 2025, o Sesc Carmo realiza uma ampla programação para celebrar os 80 anos do Teatro Experimental do Negro de São Paulo (TENSP), companhia fundada em 1945 e ativa até 1966. Marco fundamental da história do teatro brasileiro, o TENSP foi um movimento artístico e político importante da população negra no país, embora sua trajetória ainda seja pouco conhecida pelo grande público.

A programação reúne leituras dramáticas, leituras coletivas, mesa de bate-papo e uma oficina intensiva sobre dramaturgia negra. No centro estão quatro peças encenadas pela companhia em diferentes momentos de sua atuação, além de diálogos com artistas, pesquisadoras e pesquisadores que hoje dão continuidade ao legado do teatro negro na cidade. A curadoria é do pesquisador William Santana Santos em parceria com a equipe do Sesc Carmo.

Um panorama histórico e artístico do TENSP

Criado por Abdias Nascimento, o Teatro Experimental do Negro de São Paulo surgiu para enfrentar o racismo estrutural no meio teatral e dar visibilidade a artistas negros, propondo novas representações para personagens e histórias afro-brasileiras. Entre as décadas de 1940 e 1960, a companhia encenou dramaturgias brasileiras e internacionais, criou espaços de formação artística, promoveu debates e abriu caminhos para gerações de atores, atrizes, técnicos e intelectuais.

O projeto apresentado pelo Sesc Carmo revisita esse repertório e destaca peças raras, muitas delas nunca republicadas ou inéditas no Brasil, permitindo ao público contato direto com obras que marcaram a presença negra no teatro moderno.

DIA 1 – 8/12 (segunda-feira)

Leitura dramática Vigília de Pai João, de Lino Guedes (1945)
15h às 17h | Com Grupo Clariô de Teatro



A abertura apresenta a peça escolhida para a estreia do TENSP em 1945, ressignificando a figura de Pai João como líder de uma fuga para o Quilombo do Jabaquara. A obra, escrita em versos, é considerada um marco do teatro negro paulista.

Mesa de abertura – Teatro Experimental do Negro de São Paulo – 80 anos
18h às 20h | Com Oswaldo de Camargo e Mário Medeiros | Mediação de William Santana Santos


Oswaldo de Camargo e Mário Medeiros – Fotos: Divulgação

A mesa reúne pesquisadoras e pesquisadores que analisam a trajetória e o impacto do TENSP, com destaque para a presença de Oswaldo de Camargo, que conviveu com artistas do grupo e teve poemas recitados em suas atividades.

DIA 2 – 9/12 (terça-feira)

Oficina Dramas Negros
14h às 18h | Com Leda Maria Martins e Guilherme Diniz


Leda Martins e Guilherme Diniz – Foto: Divulgação

A imersão discute o repertório dramatúrgico do TENSP e de outras experiências do teatro negro no Brasil e nos EUA, articulando análise literária, história e estética em perspectiva transnacional.

Leitura dramática O mulato, de Langston Hughes (1956)
18h30 às 20h30 | Com Coletivo Legítima Defesa


Foto: Perola Dutra

A peça, inédita no Brasil, foi encenada pelo TENSP em 1956 e aborda conflitos raciais no sul dos Estados Unidos. O grupo Legítima Defesa, referência na cena negra contemporânea, conduz a leitura.

DIA 3 – 10/12 (quarta-feira)

Leitura coletiva Blues para Mister Charlie, de James Baldwin (1966)
15h às 17h | Condução de Otacílio Alacran


Foto: Heloisa Bortz

Encenada no Brasil pelo Grupo Teatral do Negro, herdeiro direto do TENSP, a obra de Baldwin retrata o assassinato de um jovem negro e as tensões raciais em torno do julgamento. A atividade envolve artistas convidados e participação do público.

DIA 4 – 11/12 (quinta-feira)

Leitura coletiva Sucata, de Milton Gonçalves (1961)
15h às 17h | Condução de Otacílio Alacran


Foto: Andre Grejio

Única peça escrita por um dramaturgo negro brasileiro especialmente para o TENSP, Sucata retrata a vida de uma família negra em São Paulo e seus desafios frente à precarização e à desigualdade social.

Mesa de encerramento – Teatro Negro na cidade de São Paulo: 80 anos depois
18h às 20h | Com Dirce Thomaz, Lucelia Sergio e Gabriel Cândido | Mediação de Lívia Lima


Dirce Thomas, Lucelia Sergio e Gabriel Cândido – Foto: Julio Ararack

A conversa reúne artistas e pesquisadores para discutir o impacto do TENSP na formação da cena negra paulistana e seus desdobramentos ao longo de oito décadas.

Legado vivo

A programação destaca a força do teatro negro como ferramenta de afirmação estética, política e histórica. Ao revisitar dramaturgias pouco conhecidas e promover encontros com coletivos contemporâneos — como o Grupo Clariô, o Coletivo Legítima Defesa e artistas ligados ao estudo e prática da cena negra — o Sesc Carmo reafirma a importância de preservarmos e atualizarmos o legado do TENSP.

Os quatro dias de atividades convidam o público a reconhecer as contribuições do grupo para o teatro brasileiro e a refletir sobre as continuidades e rupturas que moldam a produção artística negra no país hoje.

Acesse a programação completa no Portal Sesc SP e acompanhe as atividades nas redes sociais do Sesc Carmo.

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