1968 é tema de livros

02/10/2018

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Três títulos analisam os impactos políticos e sociais causados pelas manifestações populares que eclodiram em diversos países do mundo há mais de cinquenta anos 

No ano em que se completou meio século do chamado “Maio de 68”, as Edições Sesc São Paulo lançou três obras que contribuem para uma melhor compreensão dos fatos e desdobramentos desse acontecimento histórico que, no Brasil, coincide ainda com o recrudescimento do autoritarismo e da violência de Estado praticados pelo regime civil-militar instaurado em 1964. Os títulos Anos de chumbo: o teatro brasileiro na cena de 19681968: reflexos e reflexões Maio de 68 e suas repercussões analisam os impactos políticos e sociais causados pelas manifestações populares que eclodiram em diversos países do mundo há cinquenta anos.

No livro Anos de chumbo: o teatro brasileiro na cena de 1968, o jornalista A. P. Quartim de Moraes costura os fatos sociopolíticos ocorridos naquele ano ao movimento dos grupos e profissionais de teatro, sobretudo do eixo Rio-São Paulo, que precisaram encarar com inteligência e coragem o aumento da violência de Estado. O autor traz o panorama da fervilhante cena teatral brasileira às vésperas da assinatura do Ato Institucional n° 5 (decretado em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do general Arthur da Costa e Silva). Naquele momento, as bases do teatro contemporâneo brasileiro eram fincadas nos palcos e nas ruas por artistas de peso: Ruth Escobar, Cacilda Becker, José Celso Martinez Corrêa, Augusto Boal e Plínio Marcos, entre outros talentos. 

Resultado do encontro de professores, pesquisadores e jornalistas para uma reflexão sobre o histórico ano de 1968, realizado pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo em maio deste ano, 1968: reflexos e reflexões é uma coletânea de textos que analisam diversos acontecimentos que culminaram em manifestações de estudantes, trabalhadores e intelectuais em diversos países, entre eles o Brasil, a França, o México, a Argentina e os Estados Unidos da América. A oposição à Guerra do Vietnã, a repressão do regime comunista em países que compunham o bloco soviético, as ditaduras militares financiadas e apoiadas pelos Estados Unidos, o assassinato de Martin Luther King, o massacre de estudantes em Tlatelolco e outros fatos que indicavam que o mundo conformado após as duas grandes guerras ainda carecia de justiça e respeito aos direitos humanos são alguns dos ingredientes desse caldeirão.  Escrevem na obra Osvaldo Coggiola, Olgária Matos, Ismail Xavier, Fernanda Barbara, Daniel Aarão Reis, Marcos Napolitano, Larissa Riberti, Rosangela Patriota, Fernanda Pequeno, Walnice Nogueira Galvão e Zuenir Ventura.

Em Maio de 68 e suas repercussões, a historiadora norte-americana Kristin Ross desenvolve uma investigação rigorosa sobre os eventos ocorridos em Paris em maio de 1968 e propõe que o discurso historiográfico oficial tende a minimizar as determinações políticas do movimento, obscurecendo elementos importantes como o internacionalismo, o anti-imperialismo e o anticapitalismo, em favor de aspectos mais ligados à uma revolução dos costumes. O evento “Maio de 68” teria sofrido, assim, um apagamento de sua importância como o maior movimento de massa da história francesa. Para a autora, “a história oficial estabelece que o mundo de hoje seria fruto da realização dos desejos dos que tomaram parte nos protestos, e não justamente o fracasso de suas principais reivindicações.”

Veja também:

:: Trecho dos livros

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