
Cinco livros enriquecem as discussões em torno do ócio e do lazer na sociedade contemporânea
Na sociedade moderna do consumo e do trabalho, a necessidade e o direito ao lazer nem sempre são bem interpretados, resultando em olhares diversos sobre o assunto, ainda mais quando se associa a ele palavras como ócio e distração, por exemplo.
Acerca de um tema cada vez mais debatido em todo o mundo, as Edições Sesc lançam cinco títulos que discutem o lazer na nossa sociedade: Lazer de perto e de dentro: uma abordagem antropológica; Lazer no Brasil: grupos de pesquisa e associações temáticas; Lazer: perspectivas internacionais; Ócio estético valioso; e Ócio valioso para envelhecer bem.
Os livros nascem no mesmo contexto do 15º Congresso Mundial de Lazer, que, sob o tema Lazer sem Restrições e com organização do Sesc São Paulo, será realizado de 28 de agosto a 1º de setembro de 2018 no Sesc Pinheiros, na capital paulista.
“São muitos os desafios para aqueles interessados em compreender a complexidade do lazer na sociedade contemporânea, pois é um fenômeno que carrega diversos significados. O principal desafio dos estudiosos do lazer é entender como os habitantes e frequentadores se apropriam dos espaços urbanos e transformam essas cidades que abrigam uma pluralidade de experiências, expressões, sentidos e formas singulares da vida social“, conta o antropólogo Enrico Spaggiari, que divide com o também antropólogo, José Guilherme Cantor Magnani, a organização do livro Lazer de perto e de dentro: uma abordagem antropológica.
SÃO PAULO-BELÉM
No livro, diferentes textos trazem olhares em torno do tema pegando como exemplos fatos das cidades de São Paulo e de Belém do Pará. Justamente por serem culturalmente bem diferentes, ambas as cidades permitem uma abordagem antropológica mais vasta, ao se valer de práticas, hábitos e relações cotidianas dos habitantes. Para o autor, estudar essas cidades múltiplas apontam a importância de se “identificar e compreender os sentidos conferidos pelos diferentes atores sociais à multiplicidade de práticas e discursos situados nas passagens, tensões e fronteiras entre lazer e trabalho”.
TECNOLOGIA
Com tão grande parcela da sociedade conectada em rede todos os dias e com tantas formas de relação estabelecida por meio de inúmeros aplicativos, fica difícil em pleno século XXI desassociar lazer e tecnologia. Afinal, um é complementar do outro? Ou a tecnologia em excesso pode ser um entrave à experiência do lazer? Ou mais: estar on-line pode ser considerado um lazer se for para fazer algo não relacionado ao trabalho?
“A tecnologia é uma dimensão importante para pensar o lazer nas sociedades contemporâneas e sua centralidade das sociedades contemporâneas aponta para a urgência de ampliar o olhar sobre as pessoas, suas práticas e sobre os diversos modos de viver”, aponta Spaggiari. Para ele, é necessário que se analisem corretamente as múltiplas formas de fazer e vivenciar o lazer frente às inovações tecnológicas, as quais “influenciam os criativos arranjos cotidianos dos atores sociais em seus contextos e práticas”.
OUTROS TÍTULOS
Os demais quatro títulos dessa coleção em torno do lazer favorecem a discussão de modo bem heterogêneo. Em Lazer no Brasil: grupos de pesquisa e associações temáticas, organizado por Ricardo Ricci Uvinha, o leitor pode conferir vinte artigos acadêmicos que apresentam pesquisas de associações e grupos temáticos voltados aos estudos do lazer, adentrando questões como políticas públicas, educação, cultura, esportes e saúde, por exemplo.
Organizado por Karla A. Henderson e Atara Sivan, Lazer: perspectivas internacionais apresenta um panorama dos estudos sobre o lazer ao redor do mundo, trazendo experiências dos seis continentes, tanto explorando a esfera individual quanto a comunitária. Já em Ócio estético valioso, organizado por María Luisa Amigo Fernández de Arroyabe, o que está em pauta é a discussão em torno das relações entre a teoria do ócio e a estética, tendo em vista o impacto do desfrute da arte durante os momentos de ócio para o desenvolvimento humano, valendo-se da perspectiva do indivíduo e da sociedade que o cerca.
Por fim, em Ócio valioso para envelhecer bem, de Manuel Cuenca Cabeza, o pesquisador tenta responder a seguinte questão: é possível se aposentar de maneira ativa e satisfatória? Acreditando que sim e vendo no envelhecimento ativo uma grande oportunidade para isso, o leitor é conduzido a pensar o ócio, o prazer e como isso se relaciona à vontade de viver.
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