Diversidade: cinema LGBTQIA+ de diferentes países chega ao Sesc Digital 

21/06/2023

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Por Bruno Carmelo 

A oitava edição do Festival Internacional de Cinema LGBTQIA+ acaba de chegar ao Sesc Digital. Após uma passagem bem-sucedida pelo Cine Brasília, em versão presencial, uma seleção de curtas e longas-metragens pode ser acessada por espectadores de todo o Brasil, gratuitamente, através da plataforma online do Sesc. Essas exibições integram a programação do Mês da Diversidade, quando a instituição promove olhares distintos a questões de orientação sexual e identidade de gênero. Os filmes ficam disponíveis de 22 a 28 de junho ou até o esgotamento de visualizações – confira a programação completa e os títulos que possuem limite de visualizações aqui

Deste modo, o público pode descobrir obras raras ou inéditas no Brasil, além de resgatar títulos representativos das lutas LGBTQIA+ por direitos. A programação inclui obras de diferentes linguagens e gêneros, incluindo documentários e ficções. Entre histórias reais e séries de ficção, há histórias para diferentes públicos, desde a alegre conversa entre um neto gay e sua avó progressista até o relato de um crime homofóbico verídico. 

Quatro longas-metragens estão disponíveis. O documentário suíço Madame (2019), de Stéphane Riethauser, combina uma biografia e uma autobiografia. O cineasta narra a descoberta de sua homossexualidade, enquanto entrevista a avó e descobre que ela também enfrentou suas próprias barreiras sociais enquanto mulher questionadora numa sociedade patriarcal. O filme confronta diferentes gêneros, gerações e pontos de vista sobre a sexualidade, misturando imagens de arquivo com conversas bem-humoradas. O filme fica disponível até 28 de junho. 

Até 28 de junho, também é possível assistir  o neozelandês 100 Homens (2017), de Paul Oremland. O cineasta parte de uma proposta curiosa: reencontrar dezenas de homens – muitos deles, seus amantes e ex-namorados nas últimas quatro décadas – para discutir transformações sociais, envelhecimento e aceitação gay. Como tantos filmes LGBTQIA+ privilegiam os laços entre homens pelo prisma do amor romântico, o olhar despojado a esta ciranda de afetos desperta comentários e percepções raros no cinema. 

Para os aficionados de histórias reais, ficam à disposição duas biografias em ficção. O lesbianismo está representado no finlandês Tove (2020), de Zaida Bergoth. O filme acompanha a vida pessoal da escritora Tove Jansson, criadora dos personagens infantis Moonins. Ela se relacionava com mulheres na época em que o termo lésbica nem sequer era popularizado nos países nórdicos. Hoje, com certo distanciamento, os estudos culturais permitem analisar os próprios Moomins enquanto símbolos de uma cultura queer, no sentido mais amplo de uma experiência social não-normativa. A obra fica disponível a partir de 22 de junho, até o limite máximo de visualizações. 

Em oposição ao olhar leve de Tove, o belga Animals (2021), de Nabil Ben Yadir traz uma história sombria, porém igualmente importante para representar a opressão social contra indivíduos gays. A história é baseada num assassinato homofóbico real, que vitimizou um homem de 32 anos e marcou a cidade de Liège, na Bélgica. Por este filme, o diretor foi indicado a cinco prêmios Magritte – a mais importante premiação do cinema belga -, vencendo o troféu de melhor som. Animals também fica à disposição no Sesc Digital a partir de 22 de junho, até atingir o número limite de acessos. 

Em paralelo aos longas-metragens, diversos curtas oferecem linguagens arriscadas e visões plurais da sexualidade. Há narrativas a respeito da infância de pessoas gays, através da trama de um garotinho que sonha em se vestir de mulher (no britânico Just Johnny, de Terry Loane), paixões impossíveis por homens heterossexuais (no luxemburguês Nuclear, de Roxanne Peguet), obras queer experimentais chilenas (O Sonho da Hora Mais Escura e Homens Mortos de Amor e o Bando de Mulheres, ambos de Germán Bobe) e mesmo relatos do curioso intercâmbio LGBTQIA+ entre Brasil e Noruega através da cultura ballroom (presente em Diáspora Queer, de Flip Couto). Aos interessados em séries, os seis episódios de Anne+, criados por Valerie Bisscheroux, mergulham na vida amorosa e profissional de uma jovem lésbica. Os curtas-metragens e episódios de séries estão disponíveis até 28 de junho. 

No final, este conjunto de filmes permite descobrir a variedade da cinematografia LGBTQIA+ para além dos países cujas obras chegam com mais frequência ao Brasil (a exemplo de Estados Unidos e França). As biografias finlandesas, olhares luxemburgueses, amores holandeses e experimentações chilenas nos aproximam de uma noção intercultural de gênero e de sexualidade. Para uma comunidade que cresce apartada de referências de seus afetos e identidades na televisão e no cinema, por pressão social e censura, este contato gratuito e online cumpre um verdadeiro papel social, além de cultural. Pronto para a sua maratona da diversidade com o Sesc Digital

Assista em sescsp.org.br/cinemalgbtqia

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