Abdias Nascimento

27/10/2025

Compartilhe:

Professor emérito da Universidade do Estado de Nova York, teve uma longa folha de serviços à causa do negro no Brasil. Nascido em 1914, em Franca, São Paulo, faleceu no Rio de Janeiro, em maio de 2011.
Na década de 1930, participou da Frente Negra Brasileira e, em 1942, criou o Teatro do Sentenciado na Penitenciária do Carandiru, onde cumpria pena em decorrência de sua resistência contra o racismo. No Rio de Janeiro, fundou, em 1944, o Teatro Experimental do Negro – TEN, entidade que rompeu a barreira racial no teatro brasileiro, e publicou o jornal Quilombo, além de organizar eventos seminais como o I Congresso do Negro Brasileiro (1950), o concurso de arte sobre o tema do Cristo Negro (1955), e a Convenção Nacional do Negro (1945-1946), que propôs à Assembleia Nacional Constituinte de 1946 um elenco de políticas públicas voltadas às necessidades dos afrodescendentes.
Após inaugurar, em 1968, o Museu de Arte Negra, lecionou nas universidades Yale, Wesleyan, Temple e do Estado de Nova York (EUA) e na Universidade de Ifé (Nigéria). Participou de importantes congressos e encontros do mundo africano, levando ao âmbito internacional a, então inédita, denúncia do racismo no Brasil. Desenvolveu extensa obra artística sobre temas da cultura de tradição africana no Brasil e no mundo e realizou exposições em museus, galerias e universidades estadunidenses. De volta ao Brasil, criou, com Elisa Larkin Nascimento, em 1981, o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), que realizou o III Congresso de Cultura Negra das Américas (1982). Participou da fundação do Movimento Negro Unificado (1978) e do Memorial Zumbi (1980).
Como deputado federal (PDT-RJ,1983-1986), apresentou os primeiros projetos de lei propondo políticas públicas de ação antirracista voltadas para a população afrodescendente. Foi senador da República (PDT-RJ, 1991, 1997-1999) e titular fundador de duas secretarias de governo do Estado do Rio de Janeiro: a Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras (Seafro; 1991-1994) e a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania (1999).
Artista visual de destaque, realizou exposições individuais de sua obra no Palácio de Cultura Gustavo Capanema (1988), no Salão Negro do Congresso Nacional (1997) e na Galeria Debret (Paris, 1998), Itaú Cultural (2016), Museu de Arte Contemporânea de Niterói (2019), Museu de Arte de São Paulo – Masp (2022), Instituto Inhotim (2021-2024).
Escreveu, entre outros títulos, Sortilégio (1959/1979; reedição Perspectiva, 2022), Dramas Para Negros e Prólogo Para Brancos (1961), O Negro Revoltado (1968/1982), O Genocídio do Negro Brasileiro (1978; reedição Perspectiva, 2016), Sitiado em Lagos (1981, reedição Perspectiva, 2024), Axés do Sangue e da Esperança (1983), Orixás: Os Deuses Vivos da África (1995), O Brasil na Mira do Pan-Africanismo (2002) e O Quilombismo: Documentos de Uma Militância PanAfricanista (2002, reedição Perspectiva, 2019).

Conteúdo relacionado

Utilizamos cookies essenciais para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando você concorda com estas condições, detalhadas na nossa Política de Cookies de acordo com a nossa Política de Privacidade.