Cinema como arqueologia das mídias

06/08/2018

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O historiador Thomas Elsaesser põe em discussão cinema e tecnologias digitais, criando novas perspectivas para a história da sétima arte

As Edições Sesc São Paulo lançam Cinema como arqueologia das mídias, de Thomas Elsaesser, uma compilação de dez artigos publicados pelo autor em torno de seu estudo “The New Film History as Media Archaeology”. Esse e os demais ensaios dedicados ao tema avaliam o impacto das tecnologias digitais no entendimento da história do cinema, discutem as mudanças nas tecnologias de mídia como um desafio a ela mesma e reconhecem a onipresença da imagem em movimento no ambiente urbano. Elsaesser entende que os efeitos da sétima arte, os elementos-chave criados em sua trajetória e seus aparelhos, suas tecnologias e seus silêncios fazem parte do nosso modo de ver, mesmo quando não estamos no cinema.

Apesar de seu renome internacional, essa é a primeira vez que o autor é publicado no Brasil. Organizado por Adilson Mendes e traduzido por Carlos Szlak, o livro refaz a história do cinema por meio do impacto das novas mídias, oferecendo para os estudiosos do tema novos conceitos e significações.

A ilha do sol

Na Alemanha da década de 1920, Liesel Elsaesser está dividida entre dois homens: casada com Martin Elsaesser e amada por Leberecht Migge. Ambos são arquitetos. Thomas Elsaesser, neto de Martin Elsaesser e um dos mais renomados estudiosos do cinema do mundo narra no documentário A ilha do sol esse amor e a história de sua família usando imagens de filmes privados e documentos de seu arquivo. Martin Elsaesser cunhou a paisagem urbana da metrópole financeira de Frankfurt (1925-1935) como diretor de planejamento urbano. O interesse de Leberecht Migges, no entanto, era principalmente na arquitetura de jardins e no paisagismo. Na “ilha do sol”, perto de Berlim, o “ancestral” do movimento verde tentou implementar sua ideia de saída social e autossuficiência com o apoio de Liesel.

Thomas Elsaesser conecta o amor e a história de família com a reflexão dos conceitos arquitetônicos contrários de Elsaesser e Migge: o primeiro, almejando construir no espírito do pensamento capitalista de crescimento, o outro refletindo o planejamento urbano, comprometido com o bem comum, remontando a ideias que sobrevivem até hoje no movimento verde.

Veja também:

:: trecho do livro

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