
Com a experiência de quem criou muitos tipos e começou histórias diversas tantas vezes ao longo da vida, o ator Othon Bastos repete o gesto com frescor e sobe ao palco realizando algo absolutamente novo. Aos 92 anos de vida e contabilizando mais de 70 anos de carreira, Othon estreou no Teatro Vannucci o inédito “Não me entrego, não!”, seu primeiro monólogo com texto escrito e dirigido por Flávio Marinho. Desenvolvido a partir de trocas entre os dois e de um calhamaço de escritos que Othon deixou sob a diligência de Flávio, seu amigo de décadas, o solo foi elaborado sob minuciosa pesquisa, levando em conta os principais acontecimentos da existência de Othon. O espetáculo, que fez sua estreia no dia 14 de junho de 2024, no Rio de Janeiro, já percorreu 20 cidades pelo Brasil e agora fará uma apresentação no Teatro Municipal Paulo Machado de Carvalho, no dia 19 de setembro, às 20h, dentro do projeto “Sesc no Paulo Machado”, que é fruto da parceria entre o Sesc São Caetano e a Secretaria Municipal de São Caetano do Sul.
Considerado o maior ator brasileiro vivo, Othon possui uma carreira de títulos marcantes no cinema e no teatro que são relembrados em cena, propondo uma reflexão sobre cada momento da sua trajetória. É o mural de uma vida dividido em blocos temáticos – trabalho, amor, teatro, cinema, política, etc – cujas reflexões envolvem citações e referências de alguns dos autores mais importantes do mundo. A peça é uma lição de vida e de resiliência, de como enfrentar os duros obstáculos que se apresentam em nossa existência – e como superá-los.
O desejo de voltar à ribalta partiu do próprio Othon que, após assistir a montagem “Judy: o arco-íris é aqui”, ficou com a ideia de estar em cena relembrando suas histórias. “Eu pensei como é maravilhoso contar a vida de alguém no palco. E aí falei com o Flávio que eu queria fazer um espetáculo com ele sobre a minha vida – e entreguei umas 600 páginas de pensamentos escritos sobre coisas que eu gosto, autores, anotações… Ali tinha um resumo bom sobre mim. E fomos fazendo: ele leu, entendeu e foi montando o espetáculo. E é mais difícil me lembrar do texto, embora seja uma peça sobre a minha própria memória, porque ela chega editada, diferente das lembranças espontâneas”, confidencia Othon Bastos.
Com a missão de converter tantas lembranças e histórias, Flávio Marinho precisou condensar tantos anos de vivência em alguns minutos de espetáculo teatral. “À primeira vista, o que temos é o próprio Othon Bastos quem estará em cena contando histórias divertidas e dramáticas da sua vida pessoal e profissional. Isto seria, digamos, o esqueleto dramático da peça. Só que este esqueleto é recheado de diversas reflexões, frutos imediatos do tema abordado por Othon. Por exemplo, depois que ele encontra o amor da vida, com quem está casado há 57 anos, o texto passa a refletir o sentimento do amor através de diversas referências e citações”, adianta o autor e diretor.
O mesmo se dá após Othon mencionar um fato político: a peça envereda por historietas e pequenas pensatas políticas – e assim por diante. “O Flávio escreveu maravilhosamente bem. Começa nos meus 11, 12 anos e vem até hoje. Nada foi fácil para mim, muitos dos meus principais papéis eu entrei substituindo outro ator. Se alguém me perguntar como comecei minha carreira, eu digo que comecei substituindo o Walter Clark, que era meu colega de turma de teatro, e depois muitas outras coisas aconteceram. O Chico Xavier já dizia que se uma coisa é sua, ela te encontra, não é preciso se preocupar”, pondera o homenageado, que tem a companhia de um “ponto” em cena, a atriz Marta Paret trazendo observações às suas falas. “A ideia de ter a minha memória em cena foi minha, achei que seria interessante ter uma espécie de ‘Alexa’ em cena. Ela entra para fazer descrições”, diverte-se Othon, numa alusão pra lá de contemporânea à assistente virtual desenvolvida pela Amazon.
“É um momento único, mesmo: meu primeiro monólogo e sobre a minha própria vida. É uma experiência muito forte eu ter que ser o meu próprio centro em cena. Mas não trazemos nenhuma lembrança amarga, apenas as alegres e divertidas, para levar curiosidades que vivi ao longo desses anos todos ao público, que saberá o que se passa com um ator – que é uma pessoa comum. Mas, quando se recebe um dom como esse, você tem a capacidade de doar o que recebeu. Então é isso que eu quero, me doar – e que as pessoas me leiam. Quero que elas vejam quem eu sou e como sou”, finaliza Othon Bastos.

Ficha Técnica
Elenco: Othon Bastos
Texto e Direção: Flávio Marinho
Participação Especial: Marta Paret / Diretora Assistente: Juliana Medella / Direção de Arte: Ronald Teixeira / Trilha: Liliane Secco / Iluminação: Paulo Cesar Medeiros / Programação Visual: Gamba Júnior / Fotos: Beti Niemeyer / Consultoria Artística: José Dias / Assessoria Jurídica: Roberto Silva / Coordenador de Redes Sociais e Diretor de Cena: Marcus Vinicius de Moraes / Assistentes de Produção: Gabriela Newlands e Calu Tornaghi / Administração: Fábio Oliveira / Desenho de Som e Operador: Vitor Granete / Operador de Luz: Valdeci Correia / Direção de Produção: Bianca De Felippes / Idealização: Marinho d’Oliveira Produções Artísticas / Produção Nacional: Gávea Filmes / Realização: Othon Bastos Produções Artísticas
Serviço
Não me entrego, Não!
Data: 19 de setembro
Local: Teatro Paulo Machado de Carvalho| R. Conde de Porto Alegre, 840 – Bairro Santa Maria – São Caetano do Sul/SP
Duração: 100 minutos
Classificação etária: A12
Realização: Sesc São Caetano
Apoio: Secretaria Municipal de Cultura/Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul
Mais informações e ingressos
Utilizamos cookies essenciais para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando você concorda com estas condições, detalhadas na nossa Política de Cookies de acordo com a nossa Política de Privacidade.