Memória, resistência e futuro

04/11/2025

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Léa Garcia e Abdias Nascimento em recitativo Castro Alves, cena de Rapsódia Negra,
de Abdias Nascimento. Teatro Recreio, Rio de Janeiro, 1952.

Teatro Experimental do Negro: Testemunhos e Ressonâncias celebra os 80 anos do Teatro Experimental do Negro na cena artística e política brasileira 

Em 2025, celebramos os 80 anos do Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado por Abdias Nascimento em 1944 como um movimento político, artístico e educacional que transformou profundamente o teatro e a luta antirracista no Brasil. Para marcar essa trajetória histórica, as Edições Sesc São Paulo, em parceria com a Editora Perspectiva e com apoio cultural e pesquisa do IPEAFRO – Instituto de Pesquisa e Estudos Afrobrasileiros, lançam a edição comemorativa do livro Teatro Experimental do Negro: Testemunhos e Ressonâncias, organizada por Elisa Larkin Nascimento e Jessé Oliveira. 

Originalmente publicado em 1966, Teatro Experimental do Negro: Testemunhos reuniu crônicas, críticas teatrais, matérias da imprensa e comentários da época sobre o TEN. Esta edição comemorativa recupera integralmente aquele conteúdo histórico e acrescenta ensaios, entrevistas e depoimentos de realizadores contemporâneos, apresentando o legado do TEN na atualidade do teatro nacional. A obra, com 328 páginas, é dividida em três partes: os testemunhos históricos (com textos de nomes como Florestan Fernandes, Nelson Rodrigues, Augusto Boal e do próprio Abdias), um ensaio fotográfico de José Medeiros com imagens raras do acervo do Ipeafro, e as ressonâncias contemporâneas, com reflexões de artistas e intelectuais negros que atualizam o legado do TEN. 

Benedito Macedo, elenco e orquestra em Rapsódia Negra, de Abdias Nascimento.
Teatro Recreio, Rio de Janeiro, 1952

Desde sua estreia em 1945 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a peça O Imperador Jones, o TEN rompeu com estereótipos raciais e promoveu o protagonismo negro nas artes cênicas. Mais do que um grupo teatral, foi um projeto de emancipação cultural e política, que articulou teatro, educação, imprensa negra, congressos e ações afirmativas. 

A nova edição do livro reafirma a centralidade do TEN na história do teatro brasileiro e da luta negra, destacando sua influência em diversos coletivos contemporâneos. A publicação também denuncia o apagamento histórico do TEN pela historiografia oficial do teatro moderno brasileiro e propõe uma reparação simbólica e política. Ao reunir testemunhos, imagens e reflexões, o livro reafirma o TEN como espaço de formação, resistência e criação estética negra — um verdadeiro quilombo cênico. 

Veja também: 

:: trecho do livro 

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