De Chaplin a Spike Lee: filmes, curso com Ruy Braga e performance circense debatem o trabalho hoje

No Dia Mundial do Trabalhador, o Sesc Consolação traz uma programação que discute questões urgentes do mundo do trabalho. A Mostra Perspectivas do Trabalho, em cartaz de 1º a 28 de maio, reúne filmes, performances e atividades formativas que provocam uma reflexão sobre as transformações nas relações de trabalho e seus impactos na sociedade.  

Segundo Juan Gonçalves, técnico de programação do Sesc Consolação, o projeto foi concebido com a proposta de reunir filmes cujos personagens se veem profundamente enredados por questões do ambiente laboral. “Falar de trabalho também é falar de memória”, destaca Juan. Para ele, embora programações culturais não tenham o poder de “salvar o mundo”, o tema do trabalho atravessa todas as pessoas, independentemente de raça, gênero, sexualidade ou situação empregatícia. “É importante conhecermos e nos voltarmos para o passado a fim de não repeti-lo”, complementa. Este diálogo entre passado e presente é justamente o que a mostra busca promover, construindo um espaço de reconhecimento e reflexão crítica.

O cinema foi eleito a linguagem principal da programação por sua capacidade de retratar diferentes contextos trabalhistas. A abertura, em 1º de maio, exibe o clássico “Tempos Modernos” (1936), de Charlie Chaplin, sátira icônica sobre a alienação no sistema industrial. Entre os filmes brasileiros históricos, destacam-se “Eles Não Usam Black-Tie” (1981), de Leon Hirszman, que aborda conflitos operários durante uma greve, e “São Paulo, Sociedade Anônima” (1965), de Luís Sérgio Person, obra essencial sobre industrialização e seus impactos no trabalhador urbano.  

Já na produção contemporânea, a mostra exibe “Que Horas Ela Volta?” (2015), de Anna Muylaert, que discute as relações entre empregada doméstica e patrões, e “Arábia” (2017), de João Dumans e Affonso Uchoa, retrato poético da vida de um trabalhador itinerante em Minas Gerais.  

Um dos destaques é o cine-concerto com “Faça a Coisa Certa” (1989), de Spike Lee, marcado para 18 de maio. A exibição terá trilha ao vivo da Banda Mental Abstrato, prometendo uma experiência imersiva no filme que explora tensões raciais e sociais no Brooklyn, em Nova York.  

Além das sessões, a mostra oferece o curso “Trabalho e Política no Cinema: do fordismo ao precariado”, ministrado pelo sociólogo Ruy Braga, especialista em relações trabalhistas. Com encontros entre 8 de maio e 5 de junho, a atividade analisa as mudanças no mundo do trabalho a partir de representações cinematográficas.  

A programação ainda inclui a performance “Herolino, o Faxineiro”, com Erickson Almeida, que usa a linguagem circense para debater o cotidiano laboral, no dia da abertura.  

Em um momento de profundas mudanças nas relações de trabalho — com discussões sobre escala 6×1, pejotização, home-office e outras formas de precarização —, eventos como esse ganham relevância no cenário cultural.  

A Mostra Perspectivas do Trabalho se apresenta é uma oportunidade para o público refletir sobre como o trabalho molda identidades, relações sociais e projetos de vida. A arte, neste contexto, torna-se  ferramenta para estimular o debate público sobre direitos trabalhistas e condições dignas — pautas cada vez mais urgentes no Brasil.  

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Serviço

Mostra Perspectivas do Trabalho
Sesc Consolação – Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque
De 1 a 28 de maio de 2025

Confira a programação completa em: sescsp.org.br/projetos/mostra-perspectivas-do-trabalho