Foi dada a largada na mostra Mulheres no Cinema do Leste Europeu, que traz para o CineSesc até o dia 02 de julho, 23 filmes, entre clássicos e contemporâneos, dirigidos por 16 cineastas, da Polônia, Ucrânia, Geórgia, Estônia, Rússia, Hungria, Bósnia e Herzegovina, Armênia e Romênia. Com curadoria de Maria Vragova e Luiz Gustavo Carvalho, a programação traz filmes que refletem sobre a história da Europa do Leste na segunda metade do século XX, a partir do olhar de diretoras como Eva Neymann, Ildikó Enyedi, Jasmila Zbanic, Kira Muratova, Lana Gogo Beridze, Larisa Shepitko, Leida Laius, Maria Saakian, Margarita Barskaia, Márta Mészáros, Natália Meshanínova, Ruxandra Zenide, Věra Chytilová e Wanda Jakubowska.
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O filme de abertura “Meu século XX” (1989), da diretora húngara Ildikó Enyedi, acompanha irmãs gêmeas separadas na infância, cujos caminhos se cruzam anos depois a bordo do Expresso do Oriente. Uma, tornou-se amante de um homem abastado; a outra, uma feminista anarquista. O filme traça uma narrativa alegórica sobre o papel da mulher na era moderna.
A programação traz duas produções inéditas: “Quando o relâmpago brilha sobre o mar” (2025), da cineasta ucraniana Eva Neymann. Estreado no Festival de Berlim, o documentário transforma, por meio de cenas cotidianas, sonhos e memórias, a cidade portuária de Odessa em um território marcado pela resiliência humana em meio aos conflitos na Ucrânia, e Um pequeno segredo noturno (2023), da diretora russa Natália Meshanínova que conduz o espectador aos limites da adolescência e da intimidade, explorando os abismos que podem se ocultar mesmo nas famílias que parecem inteiras.
A cineasta húngara Márta Mészáros, em atividade até os dias atuais com uma carreira que ultrapassa sete décadas e uma obra marcada pelo diálogo entre ficção e documentário, está na programação com 5 filmes que abordam histórias de mulheres em busca de realizações pessoais, muitas vezes lutando contra o patriarcado presente tanto dentro de casa quanto na própria sociedade.
Sua celebrada obra de 1975, “Adoção”, ganhou o Urso de Ouro na Berlinale, atribuído pela primeira vez tanto a uma mulher quanto a uma pessoa húngara. Em “Nove meses” (1976), vencedor do prêmio Fipresci do Festival de Cannes, assistimos, pela primeira vez na história do cinema europeu, um parto verdadeiro sendo integrado a um filme. A programação inclui também sua trilogia autobiográfica composta por “Diário para os meus filhos” (1982), “Diário para os meus amores” (1987), “Diário para meu pai e minha mãe” (1990), que traça a jornada da jovem órfã Juli (álter ego da diretora húngara) durante o conturbado período de pós-guerra na Hungria. Por meio de filmagens de filmes, associações autobiográficas e registros audiovisuais históricos, Márta Mészáros traça aspectos de uma abordagem da história que corroboram sua relevância como diretora e cronista de seu tempo.
A curadoria selecionou títulos que abrangem um período de 8 décadas da cinematografia de diversos países do Leste Europeu. Muitos deles refletem os períodos em que foram realizados, constituindo hoje documentos audiovisuais de grande relevância histórica. É o caso da cineasta Wanda Jakubowska diretora de A última etapa (1948), primeiro filme realizado dentro de um campo de concentração (Auschwitz), filmado em 1948. Tendo como base as experiências pessoais da própria cineasta, que passou anos de sua vida como prisioneira naquele local, é uma das primeiras iniciativas cinematográficas para descrever o Holocausto.
A programação apresenta também obras que contemplam o olhar feminino diante de determinados fatos históricos da região, marcada durante o século XX por conflitos armados e tensões políticas, através dos filmes: “Asas” (1966), de Larissa Shepitko, no enredo a vida cotidiana de uma ex-piloto de caças que sonha em voltar a voar, “Em segredo”, (2006) de Jasmila Zbanic, narra a trajetória uma mãe solteira de Sarajevo que criou a filha com uma história fantasiosa sobre o marido, até ser confrontada a contar à filha sobre a real identidade dele, e “O Farol” (2006), de Maria Saakian, mostra uma jovem que regressa à sua cidade natal, no norte da Armênia, para tentar resgatar seus avós, mas percebe que essa não é uma saída em razão do conflito bélico que acaba de eclodir e aprende a conviver com a guerra.
Para completar a imersão à produção cinematográfica do Leste Europeu e com o intuito de democratizar o acesso a filmes ainda pouco conhecidos do público brasileiro, a plataforma Sesc Digital integrará em sua programação três filmes que fazem parte da mostra: o clássico da Estônia, “Um encontro roubado” (1989), de Leida Laius, e dois documentários da cineasta polonesa Hanna Polak, “As crianças de Leningradski” (2005) e “Algo está por vir” (2014).
Confira a programação:
QUINTA, 26/6
15h: Algo Diferente
17h: O dia é mais longo que a noite
20h: Diário para os meus filhos
SEXTA, 27/6
15h: A Despedida
17h30: Nove Meses
20h30: Duas Mulheres
SÁBADO, 28/6
15h: Um Pequeno Segredo Noturno
17h: Diário para os meus Amores
20h: Sem Amor
DOMINGO, 29/6
15h: Como Treinar Seu Dragão
17h30: Diário para Meu Pai e Minha Mãe
20h: Síndrome Astênica
SEGUNDA, 30/6
14h30: Essa não sou eu
16h30: Em Segredo
18h30: Sapatos Rasgados
20h30: Ryna
TERÇA, 1/7
14h30: Asas
16h30: Um Encontro Roubado
18h30: As Crianças de Leningradski e Algo Melhor por Vir
QUARTA, 2/7
14h30: A Última Etapa
16h30: Farol
20h: Quando o Relâmpago Brilha sobre o Mar
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