O guitarrista brasileiro do Megadeth lista seus três shows inesquecíveis
Tem show que bate um arrependimento de ter ido, tem show que vira orgulho e estampa camiseta, souvenir e um saldo negativo na conta por causa da quantidade de merchandising adquirido, tem show caro, show barato, show sem graça que você ficou até o final para ouvir a única música que conhece da banda, show pra guardar na memória e para apagar sem dó tal qual o laser do Matrix.
E quando a possibilidade é de, como adolescente, estar ali na plateia vislumbrando seus ídolos e, anos depois, com os cabelos já grisalhos, estar no mesmíssimo palco arrancando choro dos mais novos? É possível?
Pra Kiko Loureiro sim, o guitarrista que com dezenove anos já figurava no Angra, agora completa três anos na posição no Megadeth, uma das maiores banda de heavy metal do mundo. Aproveitamos a passagem de som do seu último show no Sesc Belenzinho, para colocar o cara “Na Plateia” e perguntar qual é o seu top 3. O vídeo vem abaixo e o relato na íntegra, na sequência (com direito a bonus track).
“Um que eu tenho comentado bastante ultimamente, foi o Rock in Rio de 91, que eu estava lá na plateia e eu assisti o Megadeth. Então é um show que eu tenho comentado bastante ultimamente, porque eu entrei no Megadeth. Então eu lembro bastante desse show, não só de ter visto o Megadeth numa formação fantástica que eu era fã, sou fã né, do Marty Friedman, mas também teve o Judas Priest, teve o Guns’n’Roses lá também, teve o Queensrÿche. Não sei se foi no mesmo dia agora, porque eu fui em dois dias. Teve Queensrÿche, teve… Bom, basicamente Judas Priest, Megadeth, Queensrÿche. Teve Sepultura também. Teve o Lobão que foi vaiado também, que foi uma cena histórica na época também. Eu estava curtindo o show, eu gosto do Lobão. Ele entrou com a mangueira, não sei o que, e tal. Então foi um show inesquecível e cada vez mais eu lembro desse momento, do Kiko ali com, sei lá, 19 anos. 18, 19 anos. Porque eu estava ali querendo estar lá. O Angra, nem sei se o Angra ainda estava na demo. Eu queria estar lá. Tinha já o Sepultura como uma referência de estar lá no palco, então eu já tinha essa vontade de estar em um palco grande, no Rock in Rio, em algum show assim. Alguns anos depois a gente foi tocar no Monsters of Rock, por exemplo, em São Paulo, que já foi um festival grande com o Angra. Bom esse é um dos primeiros que eu lembro.”
“Um outro show aqui, justamente por estar aqui no Sesc Belenzinho, foi um show importante, que não foi aqui nesse Sesc, mas foi em um Sesc na Paulista, foi do Egberto Gismonti. Eu sou muito fã do Egberto Gismonti, e eu fui em alguns shows dele. Em Sesc eu fui mais de uma vez. Eu vim aqui uma vez alguns anos atrás, com o Naná Vasconcelos inclusive, “Dança das Cabeças” e tal. Então foi um show importante, não esse show em si, mas a quantidade de shows. Eu queria colocar um que representasse eu, o Kiko indo assistir os músicos brasileiros fantásticos que a gente tem aqui, nos Sescs, nos teatros, né, que eu sempre fui atrás de assistir não só… O Hermeto também no Sesc Pompéia, que eu lembro muito bem de ter visto, ou Heraldo do Monte, sabe, a música brasileira e bem representada, né, que não é muito o que a gente vê hoje em dia por aí. Mas assim, o Sesc sempre trazendo esses artistas grandes, fantásticos da música brasileira. Então esse seria outro show bem representativo.”
“Assim, buscando eu, bem moleque, tipo, começando a tocar guitarra. Tinha uns eventos, que eu não lembro, eu acho que era no Parque da Aclimação. Tinha outros shows também, mas tinha uns eventos que chamava “Praça do Rock”, que eram uns shows gratuitos na, se eu não me engano era no Parque da Aclimação. Aí tinha umas bandas de metal que estavam começando lá na época, e aí eu moleque ia lá. 13, 14 anos lá no parque, de graça, tranquilo, era a tarde, dava para ir e tal. Eu ia lá curtir as bandas de Heavy Metal que tinha, tipo Korzus, Vírus, Salário Mínimo, Centúrias, umas bandas dessa época assim. Fiquei tentando pensar algum show importante, eu acredito que tenha sido muito importante pelo fato de ter criado em mim essa vontade de ser guitarrista, de querer fazer show, de estar em turnê e tudo mais, vendo os caras tocando ali. É um negócio fantástico. Eu não fazia ideia de como tocar, não fazia ideia como plugar uma guitarra direito, mas eu estava ali já curtindo esse mundo.”
“Um show que eu vivi recentemente, que eu fiz a turnê ano passado, em outubro, junto com o Megadeth e o Scorpions, e eu sou fanzasso do Scorpions. Eu assistia Scorpions lá na televisão, no Rock in Rio, queria muito ver o show do Scorpions e a gente tocou, fez a turnê inteira. A gente tocou no Madison Square Garden, e assim, a gente tocou e aí claro que quando acabou o show eu fui lá na plateia para assistir o show do Scorpions né, no Madison Square Garden ali, tinha acabado de estar naquele palco, e assim, foi um negócio muito forte para mim na hora, assim, de estar ouvindo aquelas músicas da época que eu gostava e tal de novo com os caras, e de ter jantando com os caras no backstage um pouco antes e tal, então dá um sentimento diferente. Mas quando eu fui para a plateia, eu fui o mesmo Kiko de sei lá quantos anos atrás. Eu estava ouvindo aquelas músicas e vendo os caras, falava “Puts, que demais”. Eu falava “Não quero nem olhar como toca a música”, porque perde um pouco a magia né, “já sei como faz isso, então só quero ouvir e curtir o show”. Foi um show bem emblemático para mim, pelo fato de ser o Madison Square Garden, pelo fato de estar lá na turnê junto. E houveram outros shows também dessa turnê, mas esse com certeza vai ser emblemático, vai ser um show que eu vou contar numa entrevista daqui a tantos anos, com certeza.”
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