A artista baiana traz à capital paulista um conjunto de obras que abordam ancestralidade e força feminina negra, em cartaz de 23 de outubro de 2025 a 22 de fevereiro de 2026

A partir de 23 de outubro, o Sesc Belenzinho recebe a exposição Ònà Irin: caminho de ferro, mostra individual da artista baiana Nádia Taquary, com curadoria de Amanda Bonan, Ayrson Heráclito e Marcelo Campos. Depois de passar pelo Museu de Arte do Rio (MAR) e pelo Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador, a exposição chega a São Paulo destacando a pesquisa da artista sobre o universo afro-brasileiro e a presença feminina nos mitos de criação das matrizes iorubás.

No Sesc, a mostra ganha uma nova ambientação que amplia sua força sensorial e simbólica, convidando o público a refletir sobre como a ancestralidade e a espiritualidade afro-brasileira se manifestam no mundo de hoje.

Entre esculturas, objetos-esculturas, instalações e uma videoinstalação, a exposição reúne 22 obras criadas em diferentes momentos da carreira de Nádia Taquary. A artista começou em 2010 pesquisando a joalheria afro-brasileira e, em especial, as pencas de balangandãs, conjuntos de pingentes metálicos usados por mulheres negras escravizadas e libertas na Bahia dos séculos XVIII e XIX. Esses adornos carregavam símbolos de fé, proteção e prosperidade, sendo também formas de resistência e afirmação. Com o tempo, Nádia expandiu sua produção para instalações e esculturas de grande porte, onde o sagrado e o feminino aparecem em composições que misturam materiais como búzios, miçangas, palhas e metais.

A versão paulistana mantém o conjunto apresentado anteriormente, reforçando a importância das forças femininas na cosmologia afro-brasileira. A montagem propõe uma travessia simbólica, em que o público é guiado por um caminho que entrelaça criação, tempo e energia, como trilhos que conectam mundos materiais e espirituais.

Ao ocupar o espaço do Sesc, a exposição amplia o diálogo com diferentes públicos.

“Essa mostra não é sobre organizar o conhecimento em arte, é sobre a vida. Sobre o surgimento, os medos e a presença feminina nos mitos da criação”, destaca o curador Marcelo Campos.

Embora não seja uma retrospectiva, Ònà Irin: caminho de ferro percorre diferentes fases da trajetória de Nádia Taquary do trabalho com joalheria afro-brasileira à criação de esculturas e instalações que carregam dimensão ritual. Mais do que apresentar etapas, a mostra transforma essa passagem em experiência: um percurso que faz da arte um território de encontro entre memória, mito e espiritualidade, onde a presença feminina negra surge como força criadora e origem do mundo.

A artista também participa da 36ª Bienal de São Paulo com a obra Ìrókó: Árvore Cósmica, que dialoga diretamente com o conjunto apresentado no Sesc.
Segundo a tradição iorubá, é por meio dessa árvore que os orixás descem à Terra um mito que inspira e sustenta toda a pesquisa da artista.

SERVIÇO:

Exposição: Ònà Irin: caminho de ferro 
Abertura: 23 de outubro, às 19h 
Período expositivo: 24 de outubro de 2025 a 22 de fevereiro de 2026 
Terça a sábado, das 10h às 21h | Domingos e feriados, das 10h às 18h
Sesc Belenzinho – Rua Padre Adelino, 1000 – Belém, São Paulo (SP)
Classificação Livre | Entrada gratuita 
A exposição conta com recursos de acessibilidade. 

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