Pastas do arquivo Walter Benjamin, Akademie Der Künste, Berlim

Em tempos de desinformação, revisionismo histórico e apagamento sistemático da memória, os arquivos não são apenas depósitos de documentos: são espaços de disputa, reconstrução e resistência. É essa a proposta do livro Arquivos da Teoria Crítica, traduzido e publicado pelas Edições Sesc, que reúne reflexões sobre os acervos de pensadores ligados à tradição da Teoria Crítica por meio de estudos, entrevistas e relatos de pesquisadores de vários países.  

Organizado por Isabelle Aubert e Marcos Nobre, o volume celebra o centenário do Instituto de Pesquisa Social (fundado em Frankfurt em 1923) e propõe uma abordagem inédita: pensar os arquivos como práticas vivas, em constante transformação, que revelam não apenas o que foi preservado, mas também o que foi perdido, silenciado ou esquecido.  

Ao longo de suas 368 páginas, o livro percorre os arquivos de Karl Marx e Friedrich Engels, Walter Benjamin, Max Horkheimer, Theodor W. Adorno, Friedrich Pollock, Herbert Marcuse, Leo Löwenthal e Jürgen Habermas, além do próprio Instituto de Pesquisa Social. Os textos não se limitam à análise de documentos, mas discutem os processos de arquivamento, as escolhas editoriais, os desafios da preservação e os impactos políticos e teóricos dessas práticas.  

Mais do que revisitar ideias consagradas, o livro propõe uma arqueologia intelectual: desenterrar o pensamento em seus momentos de dúvida, formulação e embate com o mundo. Os arquivos revelam que a Teoria Crítica não é um corpo fechado de doutrinas, mas um campo em movimento — uma prática de pensamento que se constrói na tensão entre o presente e a possibilidade de transformação.  

Arquivos da Teoria Crítica nos lembra que preservar o pensamento é também preservar a possibilidade de mudança. Os arquivos não são apenas memória: são ação.  

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:: Trecho do livro

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