“Karingana – Presenças Negras no Livro para as Infâncias” celebra ilustradores negros e negras no Sesc Bom Retiro

14/07/2023

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Karingana, palavra de origem moçambicana da língua ronga, é parte de um diálogo entre quem conta a história e quem a escuta. Quem conta, fala “Karingana ua Karingana”. E quem deseja ouvir a história, diz “Karingana”.  

Até 31 de março de 2024, o Sesc Bom Retiro é palco de um representativo recorte da produção de ilustradores negros e negras dedicados à ilustração de títulos da literatura brasileira contemporânea voltada a todas às infâncias. 

Reunindo 92 trabalhos de 47 autores, a exposição Karingana – Presenças Negras no Livro para as Infâncias integra a programação de atividades do Omodé: Festival Sesc de Arte e Cultura Negra para a Molecada, que segue aberto ao público, também no Sesc Bom Retiro.  

Instalada no segundo andar da unidade, a exposição oferece ao público uma imersão no universo lúdico infantil e potencializa os propósitos caros ao festival: a celebração das culturas afro-brasileiras e da diversidade na infância, com a promoção de reflexões sobre negritude, ancestralidade, pertencimento e antirracismo.

Idealizada pelo Sesc, com curadoria de Ananda Luz, mestra em Ensino e Relações Étnico-Raciais e pedagoga, a exposição transborda ancestralidade desde a expressão escolhida para nomeá-la.

“[Karingana] não é pergunta e resposta. É um convite para o ouvir e acolhida para o contar.

Vinheta da Exposição “Karingana – Presenças Negras no Livro para as Infâncias”

É um movimento lúdico e coletivo, no qual as histórias contadas, por serem parte da vida, tornam-se vivas em cada pessoa que faz parte dessa roda. Por isso, as histórias não têm fim. Reverberam na coletividade”, explica Ananda. 

A concepção da exposição Karingana – Presenças Negras no Livro para as Infâncias, explica a curadora, foi alicerçada em princípios como circularidade, ludicidade, ancestralidade e comunitarismo, valores civilizatórios afro-brasileiros defendidos pela pensadora Azoilda Loretto da Trindade (1957-2015). No contexto da sanção da Lei 10.639, que em 2003 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de História da África em todo o currículo escolar do Brasil, Azoilda foi idealizadora do projeto educativo A Cor da Cultura, difundido em todo o país por meio de materiais audiovisuais e ações culturais e educativas que visam práticas positivas e de reconhecimento e preservação das culturas afro-brasileiras. 

Ilustração: Zeka Cintra – “Oranyam e a Grande Pescaria”, escrito por Dayse Cabral de Moura,Editora Mazza, 2014.

A curadora da mostra, nos últimos anos, tem focado suas pesquisas sobre esse segmento da produção literária contemporânea e atesta que essa pluralidade representativa de autores segue em expansão. 

“É fato que o grande ‘bum’ do mercado editorial é na região Sudeste, mas há muita produção acontecendo em diversas regiões do país. Temos na mostra, por exemplo, um livro ilustrado pela Bárbara Quintino, Menina Nicinha, que foi fruto do projeto Lendo Mulheres Negras de Salvador, criado pela autora Evelyn Sacramento. Também temos o Cau Gomez, que ilustrou o livro Atchim!, escrito pelo Miró e publicado pela editora pernambucana CEPE. Então há diversidade e há publicações por todo o país. Mas temos de fazer também algumas perguntas quanto a criação, circulação e mediação de livros para as infâncias de autoria negra e nas ilustrações: as editoras estão atentas aos portfólios? Eles e elas estão nas grandes, pequenas e médias editoras? Para quais temas as editoras convidam ilustradoras e ilustradores negros?”, provoca.  

Confira o Material de Mediação da Exposição

Circularidade e Dupla Recepção 

A montagem do espaço expositivo e a própria disposição das obras de Karingana – Presenças Negras no Livro para as Infâncias compõem um mosaico de diferentes técnicas, linguagens e significados, promovendo uma experiência que parte do ponto de vista da própria criança em uma vivência naturalmente aliada ao público adulto, segundo o conceito de Dupla Recepção, que também sinaliza a produção do livro ilustrado contemporâneo voltado ao público infantil. 

Instalações criadas a partir de 4 ilustrações ampliam a experiência lúdica da exposição. Dando asas à intuição tão característica das crianças, o percurso de circularidade da mostra pode ser feito por qualquer uma das duas entradas do espaço expositivo, que também contempla recursos de acessibilidade como audiodescrição, recursos táteis e libras. 

Fotos: Camila Macedo | Evelson de Freitas

A mostra instalada no 2º andar do Sesc Bom Retiro, se estende para a Biblioteca possibilitando interações com o espaço e convida o público para participar de atividades como oficinas, cursos, bate-papos, mediação de leitura e contação de histórias.  

Ao provocar essa interação lúdica entre crianças e adultos, a exposição busca contribuir para o letramento racial e uma educação antirracista, criando elementos e caminhos para a construção de diálogos sobre as identidades e suas diferenças, por meio do encantamento imagético das ilustrações e da potência imaginativa da literatura. 

A exposição tem projeto expográfico da arquiteta Francine Moura, coordenação educativa de Iliriana Rodrigues, acessibilidade de Karen Montija e design gráfico desenvolvido por Will Nunes e Rodrigo Andrade.


Sesc Bom Retiro

Alameda Nothmann, 185. CEP 01216-000. Campos Elíseos, São Paulo – SP. Telefone: (11) 3332-3600

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