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... e o mundo envelheceu

Há exatos 50 anos, o Sesc voltava sua atenção para os idosos que frequentavam o centro da cidade de São Paulo e − em uma inovadora ação de cunho sociocultural − criou o Grupo de Convivência Carlos Malatesta, cujo modelo tornou-se referência no país e deu início ao Programa Trabalho Social com Idosos, hoje de âmbito nacional. Naquele momento, a realidade a ser confrontada era o isolamento social a que aposentados e velhos estavam relegados, produto de um meio social que não os acolhia e tampouco propunha discutir sobre suas necessidades e/ou particularidades. O Censo Demográfico do período indicava uma população onde pouco mais de 6% dos indivíduos tinha idade superior a 60 anos.

A contemporaneidade nos apresenta um mundo que passa por uma ransformação demográfica sem precedentes. Apoiados em dados estatísticos, especialistas apontam para o ano de 2050, quando − pela primeira vez na história da humanidade − haverá mais idosos do que crianças no mundo. No século XXI, o envelhecimento é uma questão fundamental a ser discutida.

Nesta edição, comemorativa dos 25 anos da Revista A Terceira Idade: estudos sobre envelhecimento, o imaginário social sobre o velho e o envelhecer é enfocado no artigo de Mirian Goldenberg, sobre as dimensões sociais e simbólicas do corpo e de como isso repercute na forma como as mulheres percebem o envelhecimento. A representação dos velhos nas telenovelas é o tema abordado por Beltrina Côrte, para discutir o papel da mídia na formação dos ideários sobre velhice e envelhecimento. Já o ensaio de Joel Birman propõe uma reflexão sobre as transformações da figura do velho, nas últimas décadas do século XX, na cultura ocidental. O papel das políticas públicas – e, particularmente, a Política Nacional do Idoso – é tema de Serafim Fortes Paz, que questiona os avanços e as dificuldades da participação social do idoso no exercício democrático. A relevância da sociabilização no cotidiano do cidadão idoso norteia a reflexão desta Gerência de Estudos e Programas da Terceira Idade do Sesc São Paulo, a partir do Programa Trabalho Social com Idosos com seus espaços para encontros, trocas afetivas e aprendizado.

Nossa sociedade passa por um momento de transição e novos olhares devem ser lançados para o envelhecer. Entendê-lo, em seus múltiplos aspectos, tornou-se essencial para que a pessoa idosa seja valorizada no contexto social, pois, certamente, a experiência do idoso constitui vínculo real e vital para o desenvolvimento da sociedade, em um mundo cada vez mais velho.

Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional