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Editorial

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Masculino e Feminino.

Há quem diga que o pivô de toda a história da inferioridade social da mulher esteja na passagem do regime comunitário ao da propriedade privada. Embora se afirme que historicamente seja difícil comprovar essa tese, argumenta-se que na Idade da Pedra, quando a terra era comum a todos os membros do clã, as forças femininas eram exigidas para as tarefas domésticas, enquanto o homem caçava e pescava. Na divisão primitiva do trabalho os dois sexos já constituíam, até certo ponto, duas classes, mas entre elas havia igualdade.

Mais tarde, a necessidade de desbravar as florestas e tornar os campos produtivos levou o homem a recorrer ao serviço de outros homens, reduzindo-os à escravidão. Aparece, então, a propriedade privada.

Senhor dos escravos e da terra, o homem torna-se também proprietário da mulher que perdia, assim, a autoridade dentro da própria casa. Foi esta a grande derrota histórica do sexo feminino. Era o começo da família patriarcal, caracterizada por uma rígida hierarquia de poder baseada no sexo e na idade. Desde então, a mulher passou a ser oprimida e sufocada em suas aspirações e desejos.

Evidentemente, o processo de criação do mito da superioridade masculina não foi tão simples. Certamente houve interferência de outros fatores. Seja como for, existe hoje em dia um sentimento quase universal de repúdio a essa desigualdade entre os sexos. Mas bastará mudar as leis, as instituições, os costumes, todo o contexto social para que a igualdade se restabaleça? A mulher, é óbvio, não vai aceitar que os homens continuem impondo-lhe normas sociais a seu bel-prazer. Ela já atingiu maturidade suficiente para correr todos os riscos, tentar sua própria sorte, quebrar os tabus biológicos, psicológicos e profissionais que limitam sua ação. São desafios, contudo, que exigem equilíbrio e capacidade de dominar fatos e circunstâncias, sabendo que o melhor está para acontecer.