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postado em 25/04/2016

Escuta interior

Bonnie trabalhando com bebê convidada durante o Intensivo de Verão, 1987. Foto: Robert Tobey
Bonnie trabalhando com bebê convidada durante o Intensivo de Verão, 1987. Foto: Robert Tobey

      


Método de análise e reeducação do movimento criado por Bonnie Bainbridge Cohen, o Body-Mind Centering® é apresentado em ensaios, entrevistas e exercícios ilustrados em Sentir, perceber e agir

Por Diane Elliot*

 

Para mim, o Body-Mind Centering® sempre foi, além de um acúmulo fantástico de experiência, informação e imagem mental que ilumina os estados do ser humano em um corpo, uma revisão radical do processo de aprendizado. A sabedoria jorra de dentro do corpo, literalmente de dentro de cada célula.

Ensinar é uma forma de criar um continente no qual é fomentado o aprendizado; como professores do BMC, colocamos uma estrutura ou acendemos um refletor sobre parte de um processo que está sempre continuando. Em nosso treinamento de professores do BMC, enquanto tentamos colocar uma estrutura ao redor de uma estrutura, enquanto investigamos como conduzir um processo que já é um processo de investigação, somos forçados a combater a nossa fome de estrutura.

A nossa educação passada nos incita a acreditar que o ensino/aprendizagem ocorrem principalmente por estruturas definidas, tangíveis, por aquilo que é falado, visto, avaliado. Contudo, a minha experiência com o Body-Mind Centering® mostrou que o aprendizado mais profundo ocorre, com frequência, no conflito de necessidades, percepções e condições incontroláveis que o nascimento forma. Não há palavras para descrever esse aprendizado. A minha organização interna, agitada e vibrante, proporciona, na plenitude do tempo, a forma ou formas. As palavras, as estruturas designadas de uma situação, são distrações para a minha mente cortical de modo que todo o meu self pode ser atraído a experimentar momentos audaciosos e aterrorizantes de criatividade.

Parte do desafio único de ensinar Body-Mind Centering® surge da sua integração de abordagens cognitivas e holísticas para o conhecimento. Como professores, somos chamados a arar um currículo extraordinariamente denso, definido pelos interesses e pela experiência de Bonnie, e alimentado pelos interesses e experiências de todos os que aprenderam com ela. Somos chamados a corporalizar a nossa própria compreensão desse currículo e, ao mesmo tempo, dar suporte à experiência única, ao estilo, aos ritmos, às forças e à forma de aprender de cada aluno. Precisamos ter os detalhes na ponta dos dedos e, ainda assim, ser amplos e receptivos diante de uma riqueza de conteúdo a ser compartilhado, capazes de guiar as pessoas a um local de escuta interior.

Às vezes, essas necessidades parecem em conflito. Responsáveis por apresentar muita informação, como proteger também os longos espaços silenciosos que os alunos precisam para descobrir os princípios a partir de dentro? Como dar suporte ao grito, ao choro, à dança, ao riso, à imobilidade e brincadeira que todos precisamos para processar e integrar esse aprendizado em um nível profundo? Compartilhar esse trabalho requer concentração, um senso crescente da interconectividade de toda a vida, o que Bonnie chamaria de “ressonância celular”, o que a antiga tradição budista chama de metta ou bondade amorosa. Esses são os desafios e delícias particulares do ensino do BMC.

 


*Diane Elliot é profissional certificada do BMC

 

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