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postado em 02/08/2017

A leitura, outra revolução

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María Teresa Andruetto, premiada escritora argentina, defende que a palavra é uma arma poderosa para provocar e transformar sujeitos e sociedades

 

O livro A leitura, outra revolução reúne uma série de palestras e conferências proferidas pela premiada autora argentina María Teresa Andruetto ao longo dos anos 2000. Por meio de temas ligados ao livro, à leitura, à escrita e à linguagem, a escritora aponta caminhos para refletir sobre o significado da leitura na contemporaneidade, ressaltando a importância dos espaços para leitura, nos quais podemos desenvolver uma consciência sobre nós mesmos e a sociedade por intermédio do contato com “os outros” presentes nos livros.

Única escritora hispano-americana a receber o Prêmio Hans Christian Andersen, conferido pelo IBBY, principal entidade internacional de fomento à literatura e à leitura entre crianças e jovens, Andruetto tem vasta experiência na promoção e mediação da leitura, caminho que escolheu trilhar ao perceber a desigualdade de oportunidades de acesso ao livro e à boa literatura. A escritora fundou centros de estudos e revistas especializadas, tomou parte da consolidação de planos de leitura e é professora convidada em muitos cursos de graduação e pós-graduação, além de participar de congressos, seminários, feiras e encontros em seu país e no exterior.

Em A leitura, outra revolução, ela discorre sobre seu percurso intelectual, permitindo que compreendamos os vínculos entre sua história pessoal e sua prática política, entre sua criação literária e a comunicação com o público, entre desbravar uma obra literária e desenvolver empatia pela alteridade, todos latentes em sua trajetória. Revistos e corrigidos pela autora, os textos permitem que a obra seja encarada como uma autobiografia afetiva, intelectual e literária.

Organizado em doze capítulos, o livro tem como cerne a busca pela qualidade da leitura de crianças e jovens. Para Andruetto, a leitura é um ato revolucionário, um “instrumento de intervenção”, e não apenas um ato passivo. Ela defende que o verdadeiro desafio hoje não é fazer com que os leitores leiam mais livros, mas melhorar a qualidade do que leem, de forma a manter o caráter propulsor do ato de ler. A literatura, assim, deve ser um espaço de desacato, capaz de fazer os leitores contornarem riscos e enfrentarem contradições e todos os tipos de perguntas, gerando o deslocamento do si mesmo rumo à quebra do status quo.

Nessa perspectiva, a escola e o professor são fundamentais para reduzir a distância entre os livros e os alunos menos favorecidos, filhos de famílias não leitoras. A escola deve criar oportunidades de acesso à leitura e ao conhecimento e ser um território horizontal que não realce as marcas de desigualdade, mas, ao contrário, que se engaje para atenuá-las.

Como a escritora mexicana Socorro Venegas bem descreve no prefácio à obra, “neste livro, Andruetto levanta uma série de interrogações sobre a linguagem; a memória; a tarefa de mediadores, escritores e professores; as convenções que rodeiam os atos de ler e de escrever; e também sobre o publicar, pois há livros que chegam às mãos de leitores nos quais o autor ou o editor nunca havia pensado. Lida por adultos e jovens, com obras consideradas universais, Andruetto sabe muito bem que existe uma voz secreta e profunda na literatura, uma voz que procura, sem preconceitos, o seu leitor”.

 

Veja também:

:: Uai MG | Sai no Brasil A leitura, outra revolução, volume de ensaios da argentina María Teresa Andruetto. Por Cecília Emiliana

:: Trecho do livro

 

 


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