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postado em 22/12/2017

O leitor como metáfora: o viajante, a torre e a traça

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Traçando um inventário de significações e desvelando as metamorfoses da leitura ao longo dos séculos, Alberto Manguel define três tipos de leitores e suas características

 

O ato de ler carrega consigo uma infinidade de representações e práticas em diferentes civilizações. Assim, por meio de livros, documentos históricos, gravuras, pinturas, esculturas e monumentos, Alberto Manguel analisa a presença e o papel do leitor desde a origem da escrita até a era digital no livro O leitor como metáfora: o viajante, a torre e a traça. Partindo do princípio de que os seres humanos são a única espécie para a qual o mundo parece composto de histórias, Manguel define três tipos de leitores e suas características: o primeiro deles, o viajante, é aquele que descobre o mundo por meio da leitura; o segundo, a torre, é o introspectivo, recluso, retirado do mundo; por fim, a traça é o tipo de leitor que devora os livros sem compreendê-los.

Segundo o autor, encarar a leitura como uma viagem é uma das metáforas mais antigas e persistentes do homem, podendo ser identificada, por exemplo, no Velho testamento e na Divina comédia, de Dante Alighieri. No tropo da torre de marfim, Manguel usa a figura de Hamlet, personagem do célebre dramaturgo inglês William Shakespeare, para exemplificar a imagem do leitor que se abriga dos conflitos do mundo. Finalmente, ele discorre sobre a figura do leitor voraz que, no afã de devorar os livros, acaba sendo devorado por eles, elegendo como grande exemplo Dom Quixote de la Mancha, personagem de Miguel de Cervantes que perde a noção da realidade e passa a viver num mundo de fantasia.

A partir dessas referências, pode-se imaginar que a materialidade dos livros, das bibliotecas e livrarias criam objetos e códigos reconhecíveis de acordo com cada grupo de leitores. Uma teia de conexões se estabelece entre pessoas que encontram nos textos o ponto de partida e encerramento de sua singular identificação. “Somos criaturas leitoras, ingerimos palavras, somos feitos de palavras, sabemos que palavras são nosso meio de estar no mundo, e é através das palavras que identificamos nossa realidade e por meio de palavras somos, nós mesmos, identificados”, conclui Manguel.

 

Veja também: 

:: Que tipo de leitor você é? | Responda o quiz e descubra se você é um viajante, uma torre ou uma traça

:: Ofício da leitura | Ao analisar sua presença na própria literatura e em documentos de época, Alberto Manguel decifra as várias encarnações do sujeito que lê em O leitor como metáfora: o viajante, a torre e a traça

:: Folha de S. Paulo | Leitura faz com que entremos no mundo, diz diretor da Biblioteca Nacional argentina

:: O Estado de S. Paulo | Leitores são categorizados pelo ensaísta argentino Alberto Manguel

:: O Estado de S. Paulo | Escritor Alberto Manguel mostra como ler importa na vida em O leitor como metáfora

:: O Estado de S. Paulo | Livros de Elias Canetti e Alberto Manguel analisam autores e leitores

:: trecho do livro

 

 

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