A Poesia de Aldir Blanc - Maria João
Maria João e um seleto time de músicos convidados releem a obra de Aldir Blanc para homenagear as composições deste mestre das letras da canção popular brasileira. O lançamento de "A poesia de Aldir Blanc" aconteceu com apresentações no Sesc 24 de Maio - 23 e 24/9 - e no Sesc São Carlos - 21/9. Você pode ouvir o disco todo lá no fim do texto do Trajano - antes, porém, conteúdos que você não vê em nenhum outro lugar sobre este disco - viva, Aldir Blanc! Viva, Maria João!
Aldir, Aldir, Aldir...
O nome dele chacoalhava minha cabeça antes de entregar esse texto.
Aldir, Aldir, Aldir...
Já escreveram tudo sobre ele, o que terei mais a dizer?
“Aldir é compositor carioca, poeta da vida, do amor, da cidade. É aquele que sabe como ninguém retratar o fato e o sonho. Traduz a malícia, a graça e a malandragem. Se sabe de ginga sabe de samba no pé. Estamos falando do ourives do palavreado, estamos falando de poesia verdadeira. Todo mundo é carioca, mas Aldir Blanc é carioca mesmo.” (Dorival Caymmi)
Aldir, Aldir, Aldir...
“As crônicas do Aldir têm o sentido trágico de Nelson Rodrigues, o humor pícaro-carioca de Sérgio Porto e o estilo seguro, o respeito pela palavra certa do grande Rubem Braga.” ( Fausto Wolff)
Aldir, Aldir, Aldir...
Maria João devia pensar a mesma coisa. Tanta gente importante gravou músicas dele, como devo fazer?
“Aldir Blanc é uma glória/das letras cariocas/Bom de se ler e ouvir/bom de esbaldar de rir/bom de se aldir.” (Chico Buarque)
Aldir, Aldir, Aldir...
A louca Maria João achou a maneira. Talvez inspirada num trecho do hino do Vasco, time da paixão do cara, ‘és um traço da união Brasil-Portugal’, juntou duos e trios separadamente, todos portugueses, à exceção do pianista André Mehmari e decidiu comemorar do seu jeito peculiar os 70 anos do Aldir, completados ano passado.
Escolheu quatro músicas da parceria dele com João Bosco, quatro com Guinga e três inéditas, duas com o português Carlos Paredes e uma com André Mehmari. E ousou até não poder mais nos arranjos e interpretações.
Com a ginga de Sabará, a petulância de Almir Pernambuquinho, a potência do chute do Pinga, atacantes supercampeões de 1958, Maria João não se intimidou. E mandou ver. O ‘Coco do Coco’ tem acompanhamento apenas de tuba e percussão. A ‘Dois pra lá, dois pra cá’ ganhou roupagem eletrônica. E por aí vai. Cada faixa é surpresa, porrada, estranheza gostosa.
Aldir, Aldir, Aldir...
O que vou dizer do ‘Bardo da Muda’, como o chama o grande amigo Edu Goldenberg?
Aldir merecia a emocionante homenagem que vem de Portugal, mas merecia coisa parecida por aqui.
Maria João fez sua parte com ‘A poesia de Aldir Blanc, por Maria João e convidados’. Parabéns a ela e a ele.
Não consigo seguir. A emoção não permite. Forte abraço, velho amigo tijucano.
Aldir, Aldir, Aldir.