Um lugar onde trajetórias não são apagadas – Relato de Claudine Kumbi (Congo) 

04/12/2025

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Em 2025, o Sesc São Paulo completa 30 anos de trabalho social com pessoas refugiadas. Para celebrar e trazer diferentes pontos de vista sobre o tema, convidamos 13 pessoas impactadas por estas ações, além de 3 instituições parceiras, para relatar suas relações de cooperação e protagonismo no contexto do Sesc. Leia na sequência o depoimento de Claudine Kumbi   

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O Sesc, com sua ampla atuação em cultura, educação, saúde, esporte e lazer, gera profundos impactos sociais no Brasil, promovendo cidadania e qualidade de vida para milhões de trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e suas famílias. Sua capilaridade, muitas vezes alcançando áreas com pouca infraestrutura pública, é crucial para democratizar o acesso a bens culturais (teatro, música), práticas esportivas e serviços de saúde e bem-estar. 

A Trajetória de Acolhimento e o Sesc 
Para uma imigrante e refugiada, o impacto do Sesc é sentido de uma forma particularmente vital: o acolhimento. A chegada a um novo país é marcada pela busca por inserção social, aprendizado da cultura local e reconstrução de laços comunitários. 

Os programas do Sesc – como cursos de línguas e de qualificação profissional, oficinas de arte e encontros comunitários – atuam como pontes de integração. Eles oferecem não apenas o conhecimento técnico ou cultural, mas um espaço seguro onde a história de vida do recém-chegado não é apagada, mas valorizada. Minha “história” como imigrante e refugiada se cruza com a do Sesc no processo de reconstrução.  

Meu filho passou a parte de sua infância no programa do Curumim no Sesc Pompeia, com educadores muito amigáveis e comprometidos quem ajudaram o meu filho a se integrar e ter diferentes amigos. No início foi pouco difícil, mas depois a integração foi direito. 

Quando a mim a mim, fiz algumas atividades via Sesc, como brincadeiras africanas em Sesc do Carmo na Sé e no Sesc Pompeia. Mas também participei há quase 4 anos com o curso de direitos humanos com professores da rede pública via Sesc, trazendo a minha experiencia como imigrantes, a vivência do meu filho na escola e na integração dele, mas também como uma pessoa que atende imigrantes de todas as nacionalidades, todos dias, vários relatos da vivência dos imigrantes chegam a mim; quero dizer que trabalho na regularização migratória, atendendo imigrantes para documentação, há 7 anos pouco. 

Sabemos de como imigrantes em geral e nossos filhos sofrem bullying seja nas escolas, trabalhos, rua, transporte, mercado e assim vai. Tentamos compartilhar informações e experiencias boas para ajudar na integração dos imigrantes. Ainda temos imigrantes desejáveis e imigrantes não desejáveis por conta da pele. Quem sai da África preta é visto diferente com quem sai do outro continente de pele clara. 

De qualquer coisa o Sesc me ajudou a construir uma nova identidade social sem exigir a renúncia à original, diminui o isolamento. Dali consegui também aprender várias coisas e ter amigos de diferentes cantos. 

Claudine Shindany Kumbi  
Migrante da República Democrática do Congo, jornalista e ativista de direitos humanos. Atua em São Paulo na regularização migratória e refúgio, auxiliando imigrantes com documentação. Responsável por quatro pessoas, concilia trabalho social com a vida familiar. 

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Saiba mais sobre os 30 anos de trabalho social com pessoas refugiadas e leia os outros relatos aqui

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