Uma porta que se abre – relato de Oula Alsaghir (Palestina/Síria)

04/12/2025

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Em 2025, o Sesc São Paulo completa 30 anos de trabalho social com pessoas refugiadas. Para celebrar e trazer diferentes pontos de vista sobre o tema, convidamos 13 pessoas impactadas por estas ações, além de 3 instituições parceiras, para relatar suas relações de cooperação e protagonismo no contexto do Sesc. Leia na sequência o depoimento de Oula Alsaghir

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Quando cheguei aqui no Brasil em 2015 não sabia que outra porta iria se abrir para mim, não sabia que iria realizar o meu sonho de cantar nos palcos mais importantes. Comecei cantar antes de falar português, encontrei os melhores músicos e aprendi muita coisa, e das melhores portas era o Sesc, do qual nunca tinha ouvido falar. 

Quando conheci, achei que era só para passear e passar tempo com meus filhos, um lugar com um monte de atividades. Mas quando tive a oportunidade de cantar lá e receber convites para fazer palestras e falar sobre mim, minha história, trajetória e minha aventura, descobri a importância desse lugar incrível e essa oportunidade maravilhosa que a vida me deu. 

O Sesc abriu outro mundo à minha frente, seja de cantar ou falar ou responder um monte de perguntas nos bate-papos depois meus shows. Sempre saí cheia de esperança e chocada com o tanto de curiosidade cultural que o povo brasileiro tem, o tanto de diversidade que existe em um país só.  

Isso é incrível para mim. Foi isso que não me deixou sentir estrangeira e sim bem recebida e acolhida.  Senti que tem lugar para tudo mundo, me aproximou mais com meus filhos e com as escolas deles quando fui convidada para participar no curso refúgios humanos desde 2018 até hoje, quando falei e compartilhei minhas dificuldades como mãe de outro país que fala outra língua e de outra cultura e seus filhos estudam nas escolas brasileiras. Eu me revivi de novo literalmente e aprendi que não importa se não falo português sempre tem um jeito de comunicar com as professoras.  

Minha vida mudou mesmo, além de vários shows que fiz seja com a Orquestra Mundana Refugi, com minha banda ou com outras participações onde tive a honra de cantar ao lado de músicos e cantores famosos.  

Oula Alsaghir
Refugiada palestino-síria desde 2015. Cantora e ativista cultural, ela usa a música árabe tradicional e sua voz para preservar e divulgar a herança palestina, integrando a Orquestra Mundana Refugi e liderando sua banda, Nahawand. Seu trabalho representa resistência e identidade: através da arte, ela dá visibilidade à causa do refúgio e à cultura árabe no Brasil. 

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Saiba mais sobre os 30 anos de trabalho social com pessoas refugiadas e leia os outros relatos aqui

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