Mulheria: a potência da mulher

01/03/2023

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Artes: Vitor Bravin

Pela sétima vez, o Sesc Sorocaba realiza o projeto Mulheria, em alusão ao 8 de março, quando celebramos o Dia Internacional da Mulher, que historicamente marca a luta por direitos das mulheres e igualdade de gênero. A proposta do especial, que acontece sempre durante todo o mês de março, é colocar as mulheres como protagonistas das atividades, promovendo assim o empoderamento de mulheres e meninas. 

Mulherio foi um importante periódico feminista brasileiro da década de 80 – e aqui o termo foi revisto e reconfigurado para o feminino. Como em todos os anos, o projeto traz em sua programação atividades que não só apresentam mulheres como condutoras, mas que proporcionem reflexões aos temas que são mais caros às atuais lutas, coletivas e individuais. 

Pensado e composto por mulheres de diversas áreas do Sesc Sorocaba, com diferentes olhares e experiências que se somam em um conjunto de ações, neste ano o projeto apresenta a potência das mulheres, jogando luz sobre os importantes marcos históricos, não só do movimento feminista, mas também da produção individual de diversas mulheres. Um pouco dessas histórias poderão ser vistas em instalações espalhadas pelo Sesc Sorocaba, reunidas também no fim deste texto. 

A programação aborda as diferentes linguagens artísticas e formatos, contemplando também os públicos das mais diferentes faixas etárias. 

Programação completa em https://www.sescsp.org.br/projetos/mulheria/ 

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Você sabe o quão recentes são as conquistas femininas ao longo da história?  
 
Ao andar pelo Sesc Sorocaba, você verá alguns marcos importantes realizados pelas mulheres no Brasil e no mundo, além de importantes personagens da nossa história. São elas: 

Dona Zilá Gonzaga – Considerada a rainha do rádio de Sorocaba, por seus mais de 70 anos sendo radialista e cantora, foi uma das primeiras locutoras de rádio da cidade.  

Aida dos Santos – Primeira atleta brasileira a chegar a uma final olímpica nos jogos de Tóquio em 1964; ela realizou esse feito sem ter uniforme, técnico ou equipamentos.   

Nise da Silveira – Médica psiquiatra brasileira, que revolucionou o tratamento dos pacientes com transtornos mentais em meados de 1930, propondo tratamentos alternativos e mais humanizados, principalmente através da arte.   

Chiquinha Gonzaga – Compositora, pianista e regente brasileira, foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil em meados de 1877. Destacou-se por incorporar ao seu piano uma gama musical diversa.  

Salvadora Lopes – Operária, política brasileira e líder sindical, foi a primeira mulher a se eleger vereadora na cidade de Sorocaba. 

Carlota Pereira de Queirós – Foi médica, escritora, pedagoga e política brasileira, além de ser a primeira mulher brasileira eleita deputada federal em 1933.  

Dandara dos Palmares – Foi uma brava lutadora quilombola na época do Brasil colonial. No século XVII teve grande contribuição na resistência de homens e mulheres negras contra a opressão escravagista que assolou o país por cerca de 400 anos.  

Maria Felipa – Uma das grandes heroínas da guerra da independência do Brasil e da Bahia.  

Maria Lenk – Patrona da natação brasileira, foi a única mulher entre os 82 atletas da delegação e a primeira sul-americana a disputar uma competição olímpica, em 1932. Foi a primeira brasileira a bater um recorde mundial.   

Enedina Alves Marques – Primeira engenheira negra do Brasil. Estudou Engenharia Civil na Universidade Federal do Paraná e formou-se em 1945.  

Xica Manicongo – Primeira travesti do Brasil. Trazida sequestrada da região do Congo, pertencente à categoria dos quimbandas de seu povo, sua expressão de gênero era lida pelo colonizador como feminina. Seu sobrenome, Manicongo, era um título utilizado pelos governantes no Reino do Congo para se referir aos seus senhores e às suas divindades. Dessa forma, podemos então traduzir o nome dela como “Rainha ou Realeza do Congo”.   

Helen Keller – Foi uma escritora e ativista social norte-americana. Cega e surda, formou-se em filosofia e lutou em defesa dos direitos sociais, em defesa das mulheres e das pessoas com deficiência. Foi a primeira pessoa cega e surda a entrar para uma instituição de ensino superior.   

• Dia Internacional da Mulher – Celebrado em 8 de março, suas sementes foram plantadas em 1908, quando 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto. A proposta de tornar a data internacional veio de uma mulher chamada Clara Zetkin, ativista comunista e defensora dos direitos das mulheres. Ela deu a ideia em 1910 durante uma Conferência Internacional de Mulheres Socialistas em Copenhague. Porém, o Dia Internacional das Mulheres só foi oficializado em 1975, quando a ONU começou a comemorar a data.  

• Direito ao voto feminino no Brasil – Essa conquista se deu em 1932, resultado de um processo de lutas, avanços e recuos que se iniciou por volta de 1910.   

• Direito ao ensino de mulheres no Brasil – Em nosso país, as mulheres só conquistaram o direito de estudar além do ensino fundamental em 1827, a partir da Lei Geral, promulgada em 15 de outubro. O direito de frequentar uma faculdade veio apenas em 1879.  

 • Lei Maria da Penha – Criada em 2006, essa lei visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.  

 • Lei do feminicídio – Criada em 2015, alterou o Código Penal de 1940; incluiu, portanto, que um homicídio cometido contra uma mulher pode ter como razão a decorrência de discriminação de gênero ou violência doméstica/familiar.  

 • Lei de importunação sexual - Em vigor desde 2018, considera crime a prática de ato libidinoso (de caráter sexual), na presença de alguém, sem sua autorização e com a intenção de satisfazer lascívia (prazer sexual) próprio ou de terceiros.  

• Direito à prática do futebol – A regulamentação do futebol feminino veio em 1983. De 1941 até a data da regulamentação, as mulheres eram proibidas por lei de praticar a modalidade.

• Direito do Trabalho –  Foram assegurados apenas em 1988, com a criação da Constituição, proibindo, por exemplo, a discriminação em relação a sexo (art. 3º, IV; art. 5º, I) e a abolição da “chefia” da sociedade conjugal (art. 226, § 5º: Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher). 

• Direito ao crédito – Em 1974, o Senado aprovou a Lei de Igualdade de Oportunidade de Crédito, fazendo com que os credores não discriminassem seus clientes por seu estado civil ou gênero. Antes disso, as mulheres que quisessem ter acesso a um cartão de crédito precisavam levar um homem para assinar o contrato.   

• Igualdade entre gênero -  A Constituição Federal de 1988 também dispõe em seu artigo 5º, caput, sobre o princípio constitucional da igualdade, perante a lei, nos seguintes termos:   

• Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.   

A luta não acabou por aqui – ainda há muito mais para se conquistar. A história segue sendo escrita por tantas e muitas mulheres, potentes e fortes, em suas batalhas cotidianas, muitas vezes invisíveis. Por aqui, tentamos construir possibilidades de pontes para que elas trilhem, cada vez mais e em maior número, esses caminhos de igualdade, não apenas durante o mês de março, mas ao longo do tempo. Participe e acompanhe a programação em sescsp.org.br/sorocaba 

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