De 28 de junho a 12 de outubro, o Sesc Itaquera apresenta a mostra Constelação Celestina, exposição individual do fotógrafo e documentarista Wagner Celestino. Nascido e criado na Zona Leste da capital paulista, Celestino é um artista autodidata que, há mais de quatro décadas, vem registrando com sensibilidade e profundidade as manifestações culturais negras em São Paulo.
Com entrada gratuita e livre para todos os públicos, a mostra traz ao público 108 obras que narram a trajetória do artista e sua dedicação à valorização da cultura afro-brasileira. A curadoria é assinada pelo professor e artista visual Claudinei Roberto da Silva, que destaca a relevância do trabalho de Celestino para a preservação da memória coletiva e das raízes afrodiaspóricas da cidade.
⏳ Direto ao ponto:
Exposição Constelação Celestina
Visitação:
29/6 a 12/10. De quartas a domingos e feriados, das 9h às 16h30.
Entrada gratuita
Ginásio de Esportes – Sala de Múltiplo Uso 2
A exposição percorre diferentes fases da carreira de Wagner Celestino, com séries que abordam temas como ancestralidade, festa, território e identidade. Entre elas, estão as séries Retratos, Carnaval e Velha Guarda.
Em Retratos, o fotógrafo volta seu olhar para homens, mulheres e crianças negras, muitas vezes retratando membros de sua própria família, como o pai, Camilo Celestino, e o tio, Francisco Arruda. A série estabelece conexões visuais entre gerações, destacando os vínculos afetivos e sanguíneos que fortalecem o senso de pertencimento e ancestralidade.
Claudinei Roberto da Silva (professor, curador, artista visual) nasceu em 1963 em São Paulo onde vive e trabalha. Formado pelo Departamento de Arte da Universidade de São Paulo.
Como curador realizou entre outras, a exposição Sidney Amaral “O Banzo, o amor e a Cozinha” 1º prêmio Funarte para artistas e curadores negros – Museu Afro Brasil, a “13ª Bienal Naïfs do Brasil” no Sesc Piracicaba e a série “Pretatitude. Insurgências, emergências e afirmações. Arte afro-brasileira contemporânea” para várias unidades do Sesc São Paulo e curador convidado para o projeto de “Pesquisa MAC USP Processos Curatoriais – Curadoria Crítica e Estudos Decoloniais em Artes Visuais: Diásporas Africanas nas Américas”.
Coordenou, entre outros, o Núcleo Educativo do Museu Afro Brasil. Coordenador Artístico Pedagógico do projeto multinacional “A Journey trough African diáspora” do American Aliance of Museuns em parceria com o Museu Afro Brasil e Prince George African American Museum. Foi Bolsista Programa “International Visitor Leadership Program” do Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos. Faz parte do conselho curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Tem obras no acervo do Museu Nacional de cultura afro-brasileira MUNCAB em Salvador, Bahia.
Já a série Carnaval reflete o envolvimento do artista com o samba e com as festas populares da Zona Leste, especialmente com as escolas de samba. O foco está na ala das baianas, na comunidade negra e nos integrantes da Velha Guarda, frequentemente marginalizados pela mídia tradicional. Celestino busca, através de suas imagens, resgatar o protagonismo dessas figuras centrais na história do carnaval paulistano.
A série Velha Guarda, por sua vez, é um tributo à memória dos patriarcas e matriarcas do samba. Realizadas entre 2003 e 2008, estas fotografias registram fundadores de escolas, compositores e agentes culturais, como Seu Nenê da Vila Matilde, Seu Carlão da Peruche e Seu Xangô da Vila Maria.
Além das séries temáticas, a exposição também apresenta registros urbanos que marcaram a trajetória de Celestino. É o caso das imagens que integram o livro Cortiços – uma realidade que ninguém vê (Edições Loyola, 1998), que documentam a vida de famílias moradoras de habitações coletivas nos bairros do Cambuci, Mooca e Bixiga.
Mais recentemente, em 2023, o artista voltou ao Bixiga para realizar a série Residência Bixiga, retratando líderes comunitários e integrantes da Pastoral Afro da Igreja Nossa Senhora Achiropita. As imagens, que reforçam a vitalidade cultural do bairro, foram exibidas pela primeira vez no Sesc 14 Bis, em outubro do mesmo ano.
Utilizando majoritariamente a fotografia em preto e branco, técnica que marca sua produção, Wagner Celestino constrói um acervo visual potente sobre identidade, resistência e pertencimento. Sua obra contribui de forma significativa para o fortalecimento da memória de uma população frequentemente invisibilizada pelos espaços oficiais de arte e cultura.
Constelação Celestina é, portanto, mais que uma exposição: é um convite à reflexão sobre as contribuições negras para a formação cultural paulista e sobre a importância de ampliar as vozes que constroem nossa história.
Sesc Itaquera – Avenida Fernando Espírito Santo Alves de Mattos, 1000 – Horário de funcionamento do Sesc Itaquera: quartas a domingos e feriados, das 9h às 17h – Acompanhe também no Instagram
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