Projeto do Sesc Florêncio de Abreu propõe reflexões sobre os impactos e desdobramentos da Inteligência Artificial na sociedade.
As chamadas Inteligências Artificiais vêm sendo apresentadas como tecnologias revolucionárias e disruptivas, despertando o interesse de diversos setores da sociedade por suas múltiplas aplicações. Ao mesmo tempo, têm gerado sentimentos diversos — do temor pela substituição de empregos à expectativa de melhorias em processos, produtos e tratamentos.
Não é de hoje que o ser humano imagina máquinas inteligentes capazes de superar a própria inteligência humana. O tema já foi amplamente explorado na ficção científica, tanto na literatura quanto no cinema — desde autores como Isaac Asimov, Philip K. Dick e James Lovelock, até filmes como a trilogia Matrix (1999–2003), A.I. – Inteligência Artificial (2001), Ela (2014) e Missão: Impossível – Acerto de Contas (2023).
É preciso cautela. Essas tecnologias não são soluções milagrosas nem ferramentas isentas de posicionamentos. Seu desenvolvimento está profundamente ligado a interesses econômicos e corporativos, especialmente das chamadas Big Techs, que lideram esse avanço.
Questões como vigilância, coleta e uso indevido de dados, reprodução de práticas discriminatórias, disseminação de deepfakes e golpes digitais acendem alertas sobre os riscos e usos antiéticos dessas ferramentas. Outra discussão relevante é o impacto ambiental causado pelos data centers, com sua altíssima demanda de água e energia elétrica, dados frequentemente minimizados ou até mesmo ocultados pelas corporações.
Nem vilãs nem heroínas, as tecnologias são, antes de tudo, instrumentos — e como tais, podem ser usadas para diferentes fins. É fundamental desenvolver um olhar crítico e consciente para que não aceitemos, de forma passiva, os termos e condições impostos pelas plataformas digitais, nem a adesão automática aos usos virais dessas ferramentas, sem nos perguntar qual seu custo ambiental e social. O projeto Inteligência Artificial para que(m)? Leituras críticas sobre as novas tecnologias tem como objetivo promover debates que acompanhem o avanço desse campo. Ao longo do ano e reiterando a premissa institucional de difusão de conhecimentos, o Sesc Florêncio de Abreu realiza palestras, bate-papos e oficinas voltadas principalmente para pessoas que atuam nas áreas de tecnologia e demais interessadas nesta temática.
São discussões que dizem respeito a toda a sociedade. Afinal, todas as pessoas podem estar preparadas não apenas para entender os termos e consumir de forma crítica e consciente os recursos da inteligência artificial, mas também para reivindicar participação ativa na construção dos rumos das novas tecnologias.
Bate-papo “Racismo algorítmico: controvérsias e regulação”.
Durante a realização do projeto, já passaram por aqui as ações “Oráculo de Tecnologias Transfeministas Especulando sobre tecnologia, IA e gênero”, com a equipe do Coding Righs; no mês de abril, “Racismo algorítmico: controvérsias e regulação“, com o pesquisador Tarcízio Silva; e em junho, o debate “IA, Data centers e Meio Ambiente: Impactos do uso das novas tecnologias”, com integrantes do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e Renato Guimarães Furtado, mestre e doutorando em Comunicação.
Em junho, a Coding Rights, uma organização feminista que atua e debate tecnologia sob uma perspectiva coletiva, transfeminista, decolonial e antirracista de defesa de direitos humanos, provoca as pessoas participantes da atividade “Mapa dos Territórios da Internet: de nuvem a internet não tem nada“, a refletirem sobre as novas tecnologias a partir do meio ambiente e as temáticas que o grupo trabalha.
No mês de julho, o debate “Cidade inteligente para quem? Vigilância e direitos civis a partir de múltiplas lentes” contará com a participação de Carmen Felippe — advogada criminalista e mestranda em Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Autora do livro “Letalidade Policial e Seletividade Penal: reflexões produzidas por corpos matáveis”. Membro das comissões de Criminologia e da Mulher do Instituto dos Advogados Brasileiros. Membro da Coordenação de Promoção da Equidade Racial da Defensoria Pública do RJ. Membro do Departamento de Amicus do IBCCRIM—; Luã Cruz, do IDEC; e Bianca Tavolari, professora de Direito na Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). A mediação será de Bianca Berti, analista de transparência e integridade na Transparência Brasil.
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