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Trilhas urbanas

Foto: Adauto Perin
Foto: Adauto Perin

Trilhas urbanas

Caminhadas em áreas verdes de São Paulo permitem entrar em contato com trechos da mata atlântica em plena metrópole


Revista E Sesc São Paulo - Trilhas Urbanas setembro/2016
 

Quem vive em um centro urbano como São Paulo muitas vezes nem sabe que há espaços onde ainda é possível entrar em contato com a natureza e observar saguis, tucanos, garças, pica-paus, entre outras espécies. Para isso, basta percorrer uma das trilhas localizadas em áreas verdes da cidade. Com trajetos curtos, de menos de 1 km, ou mais longos, de 5 km, há opções para diferentes públicos que pretendem ver um pouco da mata atlântica em plena metrópole.

Alguns percursos mais conhecidos estão às margens da represa Billings, na Zona Sul. No Sesc Interlagos, semanalmente (mediante agendamento na Central de Atendimento), há saídas para uma trilha de cerca de 1 km pelas margens da represa. Durante o trajeto, feito em pouco mais de uma hora, os educadores propõem ao público um diálogo sobre questões socioambientais, a partir das percepções e interações do grupo durante a caminhada na mata. Segundo a agente de educação ambiental da unidade Mayra Vergotti, o passeio é uma oportunidade não só de entrar em contato com a natureza, mas também de refletir sobre como uma área de conservação de mata atlântica se relaciona com o entorno urbano. “Entre outros temas, tratamos do impacto das espécies exóticas na mata nativa, da importância de plantar espécies integradas ao bioma e da crise de abastecimento da água. É uma abordagem socioambiental, pensando no bairro e suas características sociais, geográficas e biológicas”, detalha.

Conhecer para preservar

No Sesc Itaquera, unidade localizada na Área de Proteção Ambiental do Carmo, maior área verde da Zona Leste, semanalmente (quarta a sexta-feira, das 14h às 16h, mediante agendamento) também é oferecida uma trilha onde se podem observar espécies da mata atlântica. O agente de educação ambiental Gustavo Faria explica que o percurso é feito no interior da própria unidade, onde há um fragmento da mata recuperada. “A intenção é despertar o olhar dos participantes”, explica. “Muitas pessoas que moram no bairro há décadas nunca haviam entrado no parque e ficam surpresas ao perceber que existe uma área de mata atlântica exuberante nesta região.” De acordo com Gustavo, a trilha tem intensidade baixa, levando mais ou menos 40 minutos para ser percorrida junto dos educadores, que informam sobre a fauna e a flora local.

Nas imediações da Zona Leste, há ainda outras opções de trilhas, que variam de 1 a 5 km, em locais como o Parque do Carmo, Parque Ecológico do Tietê, Morro do Cruzeiro e Parque da Consciência Negra.  “Essas já são trilhas que proporcionam uma experiência maior de imersão em uma área natural. A maior parte do público que atendemos não costuma ter esse contato com a natureza no cotidiano”, acrescenta o agente de educação ambiental. “Nosso grande objetivo é conscientizar sobre a necessidade de preservação, e para preservar a pessoa precisa conhecer e ter um envolvimento com aquele espaço.”


Unidade de conservação

Reserva Natural Sesc em Bertioga avança rumo ao reconhecimento como RPPN

Em processo de reconhecimento como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), a Reserva Natural Sesc em Bertioga é uma área de floresta alta de restinga  do tamanho de 60 campos de futebol, com mais de 589 espécies de plantas e animais – algumas delas ameaçadas de extinção. Após a elaboração do Plano de Manejo, realizada entre março de 2014 e março de 2016, o local passa a ser tratado como reserva, antes mesmo do reconhecimento estadual como RPPN.

Durante a elaboração do Plano de Manejo – documento técnico que servirá de base para a gestão da área –, foram feitos o diagnóstico e o planejamento da futura unidade de conservação. No plano, ficaram definidos normas, diretrizes e zoneamento, além dos programas e projetos que serão realizadas na área. Entre os objetivos, estão a proteção da biodiversidade, o fortalecimento da ação socioeducativa, a valorização das identidades culturais locais, o diálogo com as demais unidades de conservação regionais e o incentivo à pesquisa científica. Como a educação ambiental e o turismo social são focos da Reserva, foram  delimitadas duas zonas, onde será realizado o atendimento aos públicos com e sem deficiências em trilhas ecológicas, além da ampliação da infraestrutura de apoio à visitação.

Para a continuidade das ações de implantação da Reserva Natural Sesc, tem-se intensificado o diálogo com a comunidade local sobre as possibilidades de aliar o desenvolvimento social e a conservação ambiental. Um dos projetos criados é o Nós e a Cidade, ciclo de debates sobre sustentabilidade no planejamento urbano com representantes da comunidade e do poder público. Outra ação em andamento é o Coletivo Educador de Bertioga, grupo formado por representantes da sociedade civil, poder público e iniciativa privada, que tem por objetivo criar ações contínuas de formação em educação ambiental a partir do contexto socioambiental da cidade de Bertioga. Outro projeto, a Rádio Reserva, desde 2014 realiza oficinas de educomunicação com jovens  para a produção coletiva de programas de rádio sobre conservação ambiental, sustentabilidade e cultura. O objetivo dessas iniciativas é ampliar o entendimento e a participação dos agentes sociais locais na discussão a respeito de territórios sustentáveis, conservação da natureza e questões socioeconômicas e culturais, imprescindíveis ao desenvolvimento equilibrado das cidades.
 

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