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Quando a acessibilidade se funde com a linguagem artística

Uma das formas de se trabalhar a acessibilidade em peças teatrais é mais evidente pela presença da(o) intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) em algum canto do palco, realizando a interpretação das falas dos atores, por exemplo. 
 

Peça Operetinha do Sapato Falador com Cia D'alma, no Sesc Pinheiros, em 2017, com interprete de Libras à esquerda da imagem – Foto: Lúcio Érico 


Entretanto, nos últimos anos, a acessibilidade na arte tem apresentando novas perspectivas, com o protagonismo da pessoa com deficiência, e a incorporação dos recursos assistivos como uma forma de expressão artística, e não apenas como uma ferramenta de mediação. Segundo Ligia Zamaro, assistente no Sesc São Paulo para acessibilidade, "a criação poética na deficiência comporta novos repertórios expressivos. São corpos que trazem outras lógicas, a partir da variação de códigos, temporalidades e modos de deslocamento. Trata-se de um campo de pesquisa amplo e muito pertinente à inovação nas linguagens artísticas, com novos referenciais estéticos ". 
 

FEIO com Coletivo Grão, no Sesc Jundiaí, que apresenta peças que utilizam diversas formasde acessibilidade como componentes artiticos. Essa peça recebeu, em 2016, o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), na categoria melhor espetáculo de inclusão e acessibilidade  – Foto: Lúcio Érico


Para falar sobre o assunto, entrevistamos Thereza Piffer, atriz e diretora do Grupo Sensus, que, por meio do espetáculo Alice no Escuro, reinterpreta a obra Alice no País das Maravilhas, utilizando recursos sensoriais para propor uma vivência diferente no espetáculo, tornando-o acessível para as mais diversas.
 


Já o protagonismo da pessoa com deficiência é tratado na conversa com Luciano Mallmann, ator e diretor, criador do monólogo  Ícaro, que apresenta, por meio dos relatos, as experiências e percepções das vidas das pessoas em cadeira de rodas. A peça recebeu, em 2017, o Prêmio Açoriano Melhor Dramaturgia (Prefeitura Municipal de Porto Alegre). 
 


Se você se interessou em teatro na Semana Modos de Acessar 2021, poderá acompanhar dois espetáculos: 


SINGULAR PLURAL – MOSTRA DE EXPERIMENTOS 
Mostra que compartilhará através da internet vários experimentos audiovisuais. Produzidos entre agosto e outubro de 2021, com a condução da Cia Arthur Arnaldo (companhia de teatro profissional fundada em 1996 com foca o seu trabalho no público jovem), será possível ver as diversas maneiras de se expressar a poética e arte cênica. 

Quando: de 04 a 10/12 
Onde: YouTube, Facebook e Instagram do Sesc Bom Retiro, contando com recursos de acessibilidade (Legendagem e Tradução em Libras) 

  

SÓ SE FECHAR OS OLHOS com Coletivo Desvio Padrão 
O espetáculo será presencial e conta história de duas rainhas - opostas mas complementares - que descobrem movimentos possíveis para além da norma. Se o espectador fechar os olhos e abrir os ouvidos, ele as vê. E elas dançam. Com concepção e performance de Maria Fernanda Carmo e Mariana Farcetta, ‘Só se fechar os olhos’ é uma experiência sinestésica que resulta da colaboração entre a mente do espectador e o fluxo incontrolável de uma coreografia. O texto que descreve essa dança inusitada, escrito por Edgar Jacques - ator e dramaturgo cego desde a infância - é narrado sobre trilha sonora original executada por Enrique Menezes (composição e viola caipira) e Rafael Ramalhoso (violoncelo). 

Quando: 04/12, sábado, 20h 
Onde: Sesc Jundiaí - Teatro da Unidade, com recursos de acessibilidade (Audiodescrição e audionarração) 


PARA ALÉM DO GESTO com Coletivo Desvio Padrão 
O espetáculo será presencial, e conta história de duas rainhas - opostas mas complementares - descobrem movimentos possíveis para além da norma. Se o espectador transcender o gesto, ele as vê. E elas dançam. Com performance de Nayara Silva e Catharine Moreira, 'Para além do gesto' é a versão em Libras do espetáculo 'Só se fechar os olhos', do Coletivo Desvio Padrão. Se na obra original o espectador é convidado a co-criar deixando emergir sua própria produção imagética a partir de elementos sonoros, na versão em libras do espetáculo o espectador usuário de língua de sinais é igualmente convidado a imaginar e criar, a partir da narração cheia de expressividade de duas atrizes surdas em cena. 

Quando: 05/12, domingo, 20h 
Onde: Sesc Jundiaí - Teatro da Unidade, com recursos de acessibilidade (Libras) 

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A acessibilidade é tema de diversas ações do Sesc São Paulo durante todo o ano, com o objetivo de gerar a reflexão e ação à respeito da inclusão e da participação social das pessoas com deficiência. Isso se relaciona a toda uma cadeia de medidas, tais como a oferta de acessibilidade arquitetônica nas Unidades, disponibilização de comunicação acessível, treinamentos para atendimentos e receptivos, entre outras ações, visando potencializar os esforços na diminuição das barreiras sociais. 

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Esta matéria foi inspirada em diferentes atividades da programação da Semana Modos de Acessar, ação em rede do Sesc São Paulo, que promove diversas propostas artísticas, esportivas e formativas para estimular a participação social das pessoas com e sem deficiência. 

Saiba mais em: www.sescsp.org.br/modosdeacessar