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A nostalgia e a poesia da infância em Por que Nem Todos os Dias São Dias de Sol?

Foto: Jackeline Nigri
Foto: Jackeline Nigri

Quem é que não sente pelo menos um pouco de saudades da infância? Saudades do tempo livre, da ingenuidade, até dos medos meio bobos que a gente tem quando é criança.

A Artesanal Cia. de Teatro propõe um resgate das memórias de infância no espetáculo Por que Nem Todos Os Dias São Dias de Sol?, que estreia nesse fim de semana no Sesc Belenzinho. “O saudosismo presente na peça traz um pouco de uma melancolia gostosa aos adultos”, diz Gustavo Bicalho, dramaturgo responsável pelo texto da peça, que divide a direção com Henrique Gonçalves.

O espetáculo é resultado de uma pesquisa realizada com cerca de 30 crianças. Depois de receberem respostas bem peculiares sobre o que é o amor o que é a liberdade, como os bebês surgem na barriga das mães, entre outras, Gustavo, Henrique e os atores relembraram a própria infância no processo de criação.

“As histórias foram construídas a partir de fragmentos da lembrança, não só dos diretores, mas também dos atores. Não digo que as histórias são reais, porque elas foram construídas como uma colcha de retalhos de várias lembranças afetivas nossas, mas são histórias comuns a todos nós. E as crianças se identificam porque muitas delas estão passando por essa fase.” , explica Gustavo.

Por que Nem Todos Os Dias São Dias de Sol? é dividido em quatro contos independentes, que compartilham o mesmo tema em quatro técnicas teatrais diferentes. A Cia. que já realizou trabalhos com máscaras e o teatro de bonecos, desta vez inova com o uso da técnica da manipulação de objetos e do vídeo-mapping, realizando projeções em vídeo sobre os bastidores de bordado.

A variedade de técnicas torna o espetáculo bastante dinâmico e emocionante, contando as histórias de um menino que descobre o significado de enfrentar o próprio medo, quando resolve conversar com uma senhora que acredita ser uma bruxa. O momento em que uma menina percebe que o que sente pelo vizinho não é só amizade, um pai que se sente culpado por deixar o filho adoentado em casa, porque tem que ir para o trabalho, descobre que ser adulto não é tão chato como seu filho pensa. E uma menina que começa a se sentir curiosa sobre a maternidade e os sentimentos que nascem desse momento.

O nome da montagem também tem um significado especial para a companhia carioca, principalmente para Gustavo Bicalho, que explica que o título surgiu de uma pergunta que ele fazia a si mesmo na infância. “Embora eu adorasse brincar na chuva, eram tempestades curtas, com cheiro de verão. A água simboliza nossas emoções e a chuva, de certa forma, o renascimento e a renovação. Acho que esse é o verdadeiro tema da peça.”

A peça dialoga com crianças e adultos, emociona e diverte, porque todo mundo já foi criança e se perguntou por que nem todos os dias são de sol.