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Curta-metragem: diversidade e representatividade

O Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo (Curta Kinoforum) completa – e comemora – 30 anos ininterruptos de realização. Criado e dirigido por Zita Carvalhosa e organizado pela Associação Cultural Kinoforum, o evento acontece entre os dias 22 de agosto a 28 de agosto no CineSesc.

Da película à realidade virtual, o Festival acompanha há três décadas as transformações no audiovisual e no mundo. “Quando começamos, o visionamento era feito a partir de fitas VHS que chegavam pelos Correios das mais diversas partes do mundo”, lembra Zita Carvalhosa. As mudanças não foram apenas tecnológicas. “A evolução garantiu uma maior representatividade, em frente e atrás das câmeras. Muito mais mulheres assinam a direção dos curtas, no Brasil e no mundo. Negros e indígenas também marcam cada vez mais presença neste universo, como realizadores e realizadoras, atores e atrizes, e em todas as equipes de produção”, afirma a diretora do festival.

Pela primeira vez em seus 30 anos de história, o festival tem uma Mostra Competitiva. Dedicada apenas a filmes brasileiros, ela reúne 14 títulos selecionados entre os inscritos desta edição, em uma pequena mostra da pluralidade de olhares do audiovisual brasileiro contemporâneo. Entre eles, está Swinguerra, de Bárbara Wagner e Benjamim de Burca. Realizado pela Fundação Bienal de São Paulo para a representação do Brasil na 58ª Bienal de Veneza, o filme tem estreia nacional entre os dias 22 e 24 de agosto, no Festival de Curtas e na Bienal de São Paulo. A dupla de artistas, que estará em São Paulo durante o evento, também ganha a primeira retrospectiva de seus filmes.

A seleção contempla títulos premiados nos mais importantes festivais do mundo, como o norte-americano Pele (Guy Nattiv), vencedor do Oscar, que trata de tempos de violência e oposições, o grego A Distância Entre Nós e o Céu (Vasilis Kekatos), ganhador da Palma de Ouro em Cannes, que conta uma história de amor inesperada, e o alemão Umbra (Johannes Krell e Florian Fischer), que conquistou o Urso de Ouro em Berlim com seu experimentalismo formal, demonstrando que o formato curta é antes de tudo um espaço de liberdade artística. 

Outros destaques são o francês Rã de Cristal (Slony Sow), com Gérard Depardieu no elenco, e Blue, novo filme do celebrado diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul, autor de cerca de 50 filmes (mais de 40 são curtas-metragens) e ganhador da Palma de Ouro em Cannes em 2010, com Tio Boonme, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas. A Mostra Brasil tem 41 curtas, que representam a produção cinematográfica de todas as regiões do país e mostram a força narrativa que o formato possibilita. Os filmes abordam o tempo presente e a vida cotidiana a partir de uma reflexão sobre a história, o cinema e as formas de narrar.

Entre as mostras especiais de 2019 está Experimenta - Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, a primeira retrospectiva de filmes da dupla de multiartistas. Entre realidade e ficção, sua obra audiovisual estabelece pontes entre diversas cenas da indústria musical, passando pelo frevo pernambucano, o rap de Toronto e até a música evangélica brasileira. O programa Jorge Furtado homenageia os 30 anos de lançamento de Ilha das Flores, considerado o melhor curta-metragem da cinematografia brasileira pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Outros curtas do diretor gaúcho, datados de 1986 a 2011, completam a mostra.

Acompanhe todas as mostras do 30º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo clicando aqui.