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30 anos de Mundo Livre

Foto: Tatit Brandão
Foto: Tatit Brandão

Os ventos de Recife sempre mostraram ser musicais, dançantes e cheio das cores e batidas únicas que interpretam a cidade. Há cerca de 20 anos surgia em Recife o movimento que transformou os olhos do mundo sobre a música e cultura pernambucana. O manguebeat veio com força e para ficar. Anos antes, das garagens de Jaboatão dos Guararapes surgia a banda Mundo Livre S/A, influenciada pelo punk rock, misturado aos ritmos regionais e aos balanços de Jorge Ben. Da mistura toda, 7 discos vieram e 30 anos de história se concretizaram em 2014. Para marcar esse tempo de estrada, um DVD será gravado no Sesc Belenzinho dia 11 de abril.

Pra entender um pouco mais sobre manguebeat e outros balanços, leia a entrevista que a EOnline fez com Fred Zero Quatro, vocalista da banda e um dos expoentes do movimento.

EOnline: O movimento manguebeat ajudou a mostrar a música pernambucana para o mundo. Quais elementos da cultura pernambucana, naquele momento, que vocês consideraram imprescindíveis para o destaque da música recifense no cenário internacional?
Fred Zero Quatro: Sem dúvida o poder contagiante dos ritmos nativos como o maracatu, a ciranda, o coco...tudo isso envenenado organicamente com a contemporaneidade.

E.O: Para onde o manguebeat caminhou e se desenvolveu nesses mais de 20 anos?
Fred: O manguebeat era marcado pela atenção à diversidade, e por isso naturalmente se desenvolveu por inúmeras tendências e caminhos diversos, o que ajudou a consolidar a música, o cinema e a cultura pernambucana em geral.

E.O:  Quais bandas (não só do Recife) beberam dessa fonte e foram influenciadas pelo movimento, carregando essa influência em seu som?
Fred: Sou suspeito pra comentar, mas ouso arriscar que artistas de variadas vertentes...de Pedro Luis a Sepultura, passando por Karina Buhr, Mombojó, etc...beberam e souberam reprocessar essa energia.

E.O: Como foi/é se manter no cenário alternativo durante 30 anos? Como é a relação da banda com o universo da música alternativa no começo da carreira e hoje?
Fred: 
Acho que o legal da cultura digital, que praticamente desconstruiu a indústria musical, é que torna sem sentido o conceito de cenário alternativo. Hoje praticamente todo mundo está no mesmo barco, cada um tentando inventar seu próprio caminho. Como conseguimos nos virar por 3 décadas, acho que levamos a vantagem da experiência. Somos sobreviventes.

E.O: Um dos shows e álbuns  mais marcantes nesse tempo de carreira.
Fred: 
Tocar e dividir o palco com Strokes e Kings of Leon em 2005, no Tim Festival marcou demais. Assim como gravar o Samba Esquema Noise. O primeiro disco é sempre um batismo, inesquecível.

E.O: Como a sonoridade da banda foi se transformando no decorrer dos anos? Continuam carregando as mesmas influências nos novos trabalhos?
Fred: 
Amadurecemos e procuramos evoluir a cada disco. Quando não se tenta essa opção, corre-se um sério risco da cair num processo burocrático, de apenas administrar a relação com o mercado e o público...

E.O: Como é a relação da banda com a cidade e o público de São Paulo? Onde foi o primeiro show na cidade?
Fred: 
São Paulo sempre nos acolheu com muito entusiasmo e carinho desde o primeiro show. Dividimos o palco do saudoso Aeroanta, em Pinheiros, com Chico Science e Nação Zumbi em 93 e nunca mais nos desligamos deste circuito intenso, absorvente e maravilhosamente caótico que é a maior metrópole sulamericana...

E.O: Como surgiu a ideia de um DVD ao vivo e a viabilização do trabalho através de financiamento coletivo?
Fred:
 Em 2010 iniciamos uma parceria com a produtora Zeroneutro na administração e agenciamento de nossas turnes. É um pessoal extremamente motivado e com larga experiência e know how no mercado de dvds. Eles nunca entenderam essa estória da gente nunca ter lançado um registro ao vivo. Então a pressão positiva neste sentido cresceu naturalmente na estrada nos últimos anos. O lance da campanha do site Catarse surgiu por indicação de amigos, a achamos a experiência bem bacana. Mas com certeza esse projeto não seria possível sem o apoio decisivo do Sesc. Os cachês desta temporada no Belenzinho vão bancar a maior parte dos custos do produto...

E.O: O que o público pode esperar dos dois dias de show no Sesc Belenzinho?
Fred: 
Os shows terão músicas de praticamente todos os discos e mais alguns arranjos ineditos com metais preparados por Nilsinho Trombone, nosso amigo e parceiro que toca com o Maesto Spok. A música nova, que eu compus ano passado (Lo Lo Luiza), tem aquele emblemático exagero de diminutas na segunda parte. É isso que eu gosto de exercitar deste adolescente...há quem goste, hehe.

 

o que: Mundo Livre S/A
quando:

Dias 10 e 11 de abril, às 21h30

onde:

Sesc Belenzinho | Rua Padre Adelino, 1000 | 11 2076-9700

ingressos:

De R$ 9,00 a R$ 30,00 - Disponíveis na Rede IngressoSesc